quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

COMENTÁRIO: Em crise, PMDB deve chegar a 2014 ‘rachado’

De OGLOBO.COM.BR
Do blog do JOSIAS
A dez dias da convenção que o reconduzirá ao comando do PMDB, o vice-presidente da República Michel Temer administra uma crise. Foi informado de que arde nos porões da legenda um surto de insatisfação. Algo com potencial para arruinar a já frágil unidade partidária. Num instante em que Temer se esforça para cimentar sua presença na chapa reeleitoral de Dilma Rousseff, vários diretórios estaduais do PMDB discutem em segredo alternativas à aliança com o PT.
A encrenca do PMDB pode ser resumida em dois vocábulos: poder e influência. A maioria das bancadas estaduais no Congresso acha que o partido manda pouco e influi quase nada no governo de Dilma Rousseff. As queixas avolumam-se num instante em que a legenda ocupa as três cadeiras da linha sucessória – já dispunha do vice. Agora, tem as presidências da Câmara e do Senado.
Os ruídos que soam nas coxias do PMDB são antigos. O que mudou foi o cenário. O pavio dos descontentes diminui na proporção direta da aproximação do fim do mandato de Dilma. Reduziu-se também a capacidade de Temer de conter as exacerbações. Hoje, o vice enfrenta questionamentos até no PMDB da Câmara, o pedaço da legenda que sempre controlou.
O pano de fundo da crise é a reforma ministerial. Os descontentes do PMDB, acham que seria uma oportunidade para Dilma repactuar a relação, potencializando a presença do partido na Esplanada. O problema é que ninguém enxerga na presidente disposição para negociar a ampliação daquilo que se denominou chamar de “espaço” do PMDB.
Tampouco vislumbra-se no vice-presidente ânimo para comprar brigas. Falta-lhe a combustão. Lhano e acomodatício, Temer é criticado por suas virtudes. O talento para manusear panos quentes é tomado como tibieza. A turma do PMDB compara: sob Lula, sem ocupar a vice, a legenda controlava algumas das pastas de maior potencial político-econômico da Esplanada. Entre elas: Comunicações e Saúde, hoje com o PT; e Integração Nacional, agora com o PSB.
Sob Dilma, com Temer de vice, o PMDB julga-se relegado à periferia da administração. Num jantar brasiliense, um deputado pintou o quadro: “O partido está muito bem servido. Se você precisa de um saquinho de sementes, passa na sala do ministro Mendes Ribeiro (Agricultura). Se deseja um roteiro turístico, procura o Gastão Vieira (Turismo). Se planeja impressionar o eleitorado, vai discutir a situação dos velhinhos com Garibaldi Alves (Previdência). Mas se a ideia é provar que o PMDB está mesmo forte, o melhor é procurar o Moreira Franco (Assuntos Estratégicos). Ele logo organiza um seminário.”
Dilma não facilita para Temer. Ao contrário, dificulta-lhe a vida. Por exemplo: o deputado Gabriel Chalita (SP), afilhado político do vice-presidente, frequentou o noticiário durante semanas na condição de um quase-provável-futuro-ministro da Ciência e Tecnologia. Quando deu chabu, Dilma conversou com Temer. Não disse que desistira de nomear Chalita. Afirmou que jamais comprometera-se em nomeá-lo. Dá na mesma. Mas os meios pioram os fins. Os inssurretos olham ao redor e se perguntam: se ela faz isso com o vice, o que não fará com o resto?
A situação atual é a seguinte: Temer será reeleito presidente do PMDB em 2 de março. Um grupo cogitou lançar um candidato para desafiá-lo. Recuou. Preferiu avisá-lo de que sua batata foi ao forno e aconselhá-lo a reagir. No inventário dos Estados, pelo menos seis buscam alternativas. A lista inclui Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco. Cresce o interesse pela abertura de palanques para Eduardo Campos, o neopresidenciável do PSB.
Na melhor das hipóteses, mais provável, a erosão avança devagar e Temer chega a 2014 com votos ainda suficientes para aprovar na convenção do PMDB a reedição da aliança com Dilma, No pior cenário, o descontentamento se espraia e a parceria com o PT vai para as cucuias. Nos dois casos, o PMDB chega a 2014 mais parecido com a legenda atomizada de 2002 do que com a agremiação unificada de 2006 e 2010. Lula conhece bem a diferença. O primeiro arranjo, por precário, rendeu-lhe o escândalo do mensalão.

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