quinta-feira, 21 de junho de 2012

GESTÂO: Brecha em PEC permite fim do teto salarial de servidores


De OGLOBO.COM.BR

Isabel Braga

Proposta aprovada em comissão acaba com corte de vencimentos somados


Deputado Nelson Marquezelli participa da votação da PEC de sua autoria que equipara salários dos três poderes
Foto: Agência Câmara / Leonardo Prado
Deputado Nelson Marquezelli participa da votação da PEC de sua autoria que equipara salários dos três poderes Agência Câmara / Leonardo Prado
BRASÍLIA - Sem um deputado sequer para fazer sessões plenárias da Câmara, uma comissão especial da Casa se reuniu nesta quarta-feira e aprovou Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que abre brecha para o fim do teto salarial de servidores públicos federais, estaduais e municipais e deverá implicar em aumento nas contas públicas em todo país, se for aprovada. A emenda acaba com o corte dos vencimentos que ultrapassam os R$ 26,7 mil, quando a pessoa tem duas ou mais fontes de remuneração e retira subtetos salariais e ainda retira da presidente da República a palavra final sobre o limite de vencimentos do funcionalismo, ao estabelecer que cabe ao Congresso votar e promulgar o aumento concedido aos chefes dos três poderes da República.
Pela manhã, quando a proposta foi aprovada, ela foi apresentada como algo positivo, pois tornaria permanente a equiparação dos salários de deputados, senadores, do presidente da República, seu vice e ministros aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso tiraria do Congresso o ônus de apresentar propostas para aumentar seus próprios vencimentos. A emenda ainda tinha o mérito de evitar o efeito cascata dos aumentos de salários, acabando com o vínculo entre os subsídios dos deputados federais e os de deputados estaduais e vereadores, não mantido no texto aprovado nesta quarta.
Na comissão especial, no entanto, a PEC ganhou um texto novo consolidado pelo relator da PEC, deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), e aprovado simbolicamente e sem qualquer manifestação contrária na sessão. Estavam em Brasília e foram à sessão 13 dos 26 titulares da comissão e quatro dos 11 suplentes. O texto aprovado ainda terá que ser votado, em dois turnos, no plenário da Câmara e depois seguir à análise do Senado.
O texto alterado mantém o salário dos ministros do STF, hoje equivalente a R$ 26,7 mil, como teto mensal do funcionalismo. Mas ela muda o texto do artigo, acabando com o problema de acumular dois ou mais vencimentos. Com isso, se um servidor ou mesmo um deputado, além do salário, receber aposentadorias e pensões, elas não serão somadas para efeito do teto.
O relatório de Mauro Lopes também revoga trechos da Constituição, acabando com os limites dos salários de servidores públicos estaduais, municipais e mesmo do Judiciário. Com isso, em tese, todos poderão ganhar salários até o teto do Supremo, mesmo que prefeitos e governadores, por exemplo, recebam menos. Lopes acatou emenda do deputado João Dado (PDT-SP), que defendeu as alterações.
- A cumulatividade para o teto é uma forma de subtração de direito. A pessoa contribuiu a vida toda, tem direito a sua aposentadoria. Tem direito ao salário e a aposentadoria. E criamos, com a emenda, um teto único nacional para todos os poderes. Por que submeter o salário do servidor do estado ou do município ao subsídio do agente transitório (governador e prefeito)? Isso só existe no Brasil - disse Dado, acrescentando:
- É injusto cortar salário e é isso que procuramos corrigir com a PEC, criando um teto único nacional. Muitos prefeitos cortam seus salários, mas moram em palácios, têm todas as despesas pagas. O servidor depende de seu salário e paga tudo de seu bolso.
Dado afirma que a votação do mérito da emenda foi rápida porque o propósito é justo. Criada no início do ano sem alarde, a comissão especial se reuniu há um mês para dar início ao prazo de emendas e votou o parecer na segunda reunião. Na CCJ, onde foi aprovada em junho do ano passado, a emenda recebeu alterações que incluirão o procurador-geral da República no rol das autoridades que terão salário igual ao dos ministros do STF. Ontem, foi aprovada a inclusão do defensor público geral federal entre os beneficiados.
A PEC de Marquezelli tinha como objetivo acabar com o eterno desgaste do Congresso Nacional de aumentar seus próprios salários por decreto legislativo. Da forma como saiu da comissão especial, no entanto, os parlamentares é que darão a palavra final sobre o aumento dos salários dos chefes dos três poderes. Na Câmara já tramita projeto de aumento dos subsídios dos ministros do STF, de R$ 26,7 mil para 32,1 mil. O projeto já passou na Comissão do Trabalho este ano, mas ainda precisa passar pela Comissão de Finanças e Tributação e pela CCJ, antes de ser apreciado pelo plenário e depois, pelo Senado. Mas se a PEC já tiver sido aprovada nas duas Casas, a aprovação do projeto no Congresso garantirá aumento também a deputados, senadores e todas as autoridades incluídas na PEC de Marquezelli.

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