Do UOL
Carlos Madeiro
Uma semana após informar sobre fraudes
em operações de crédito no valor de R$ 115 milhões e afastar o
chefe de gabinete da presidência, Robério Gress do Vale, o Banco do Nordeste de
Brasil (BNB) informou, na terça-feira (19), que outra irregularidade foi
detectada. Desta vez, a fraude foi em financiamentos rurais na agência de
Limoeiro do Norte (CE). A instituição financeira é voltada ao desenvolvimento
regional e tem 90% de seu capital sob o controle do Governo Federal.
O alvo das fraudes desta vez foi o Pronaf (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar). A denúncia foi feita por um gerente do
BNB à Polícia Federal, que alegou que o dinheiro estava sendo repassado a
pessoas que não eram agricultores de baixa renda, como determina o programa.
Entre os beneficiários dos financiamentos estavam professores e taxistas. O
caso passou a ser investigado pelo banco, que percebeu a irregularidade.
Em nota encaminhada ao UOL na noite desta terça-feira, o BNB
confirmou a existência das fraudes. “[As irregularidades] já vinham sendo alvo
de sindicância promovida pela auditoria interna. Foram constatadas
irregularidades em 199 operações, que totalizaram cerca de R$ 3,8 milhões”,
informou o banco.
Ainda segundo a instituição, o BNB prestou informações aos órgãos de controle
e fiscalização –CGU (Controladoria Geral da União) e Banco Central–, além da
adoção das medidas internas, como a abertura de sindicância, que deve se
estender até julho.
“Durante a sindicância, com a confirmação das irregularidades, foram
aprovados pela Diretoria, e imediatamente implementados, diversos
aperfeiçoamentos nos processos de crédito, com vistas a mitigar os riscos da
ocorrência de novos eventos da espécie. Além disso, a concessão de crédito de
Pronaf foi suspensa na agência”, disse o banco. O BNB informou que, após a
sindicância, será aberto um Procedimento Administrativo Disciplinar, que vai
avaliar a participação dos envolvidos e propor a aplicação das penalidades
devidas.
“Enquanto isso, eles permanecem atuando no Banco, mas afastados de suas
funções originais. Eventual punição a funcionário somente poderá ser realizada
após a conclusão do Procedimento Administrativo Disciplinar que venha a
confirmar a realização de uma perda para a instituição, garantido a todos amplo
direito de defesa”, disse o banco, sem informar quantas pessoas estão
envolvidas.
O BNB ainda garantiu que todas as decisões relacionadas à concessão de
crédito “são tomadas, exclusivamente, por meio de critérios técnicos e de forma
colegiada, existindo, para tanto, diversos comitês na estrutura de governança
corporativa do Banco.”
O Banco do Nordeste
Com 60 anos, o Banco do Nordeste do Brasil é uma instituição financeira
múltipla criada pela Lei Federal nº 1649, de 19.07.1952 , e organizada sob a
forma de sociedade de economia mista, de capital aberto, tendo mais de 90% de
seu capital sob o controle do governo federal.
O banco atua em cerca de 2.000 municípios, abrangendo os nove Estados da
Região Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), o norte de Minas Gerais (incluindo os
Vales do Mucuri e do Jequitinhonha) e o norte do Espírito Santo.
Maior instituição da América Latina voltada para o desenvolvimento regional,
o banco opera como órgão executor de políticas públicas, cabendo-lhe a
operacionalização de programas como o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf) e a administração do Fundo Constitucional de
Financiamento do Nordeste (FNE).
Além dos recursos federais, o banco tem acesso a outras fontes de
financiamento nos mercados interno e externo, por meio de parcerias e alianças
com instituições nacionais e internacionais, incluindo instituições
multilaterais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).
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