sexta-feira, 12 de agosto de 2011

ECONOMIA: Analistas defendem corte de juros diante das turbulências nos mercados

De O GLOBO.COM.BR

Fabiana Ribeiro (fabianar@oglobo.com.br)

Com Vinicius Neder (economia@oglobo.com.br)

RIO - Com a crise nos mercados globais - intensificada após o rebaixamento dos papeis americanos, que faz piorar as perspectivas de recessão nos EUA - o Brasil deveria mudar a direção dos juros, defendem analistas. Para alguns especialistas, o governo deve optar por uma saída monetária, e não fiscal, para conter os efeitos das turbulências internacionais na economia brasileira. Ou seja: estimular a economia com o corte de juros, e não com o gasto público. A sinalização aos mercados, acreditam os economistas, já poderia vir na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em fins de agosto.
- O BC pode até não baixar a Selic já na próxima reunião, mas teria que sinalizar uma mudança de trajetória da taxa. Com essa indicação, evitaria mais pânico - afirmou Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC e atual chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), acrescentando que taxas de juros mais baixas no mundo e investimentos em desaceleração no Brasil são motivos para cortar os juros em breve.
A Selic hoje está em 12,5% ao ano. Na avaliação de Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o agravamento das turbulências internacionais deveria fazer o país buscar uma saída monetária e não fiscal. Isso porque, diz ele, a conjuntura atual não abre espaço para aumento de gastos públicos - apesar de acreditar que o governo ajudará o BNDES novamente.
- Este governo me parece mais propício a baixar a taxa de juros do que o governo anterior durante a crise. Isso tudo depende do comportamento da inflação - comentou Vale, que considera perigosa para a economia brasileira a adoção em excesso de estímulos fiscais e monetários agora.
Para Luis Otávio Leal, economista do banco ABC Brasil, a política monetária tende a ser mais reversível do que políticas fiscais expansionistas. Além disso, uma piora nas contas fiscais não seria, em sua opinião, a alternativa mais apropriada: os países centrais estão buscando soluções para suas dívidas:
- Em algum momento, a conta das políticas fiscais chega. É bom lembrar que cortar imposto é fácil. O difícil é, passado o período da crise, voltar com esse imposto. Ou seja: é muito mais difícil reverter as bondades fiscais. Segundo Antônio Côrrea de Lacerda, professor de economia da PUC de São Paulo, a redução de juros é necessária para que o Brasil não repita os erros da crise de 2008. Ele lembra que, num movimento contrário ao dos demais países, o BC manteve em patamar elevado a Selic em 2008:
- Além de reduzir os juros, o BC deveria reduzir os depósitos compulsórios. Assim, o país teria ampliação de crédito e também menos gastos públicos.
No mercado, investidores já estão começando a levar em conta a possibilidade de cortes na Selic, com os contratos de juros futuros em queda. Segundo o sócio da Oren Investimentos, Jacob Weintraub, diante da perspectiva de um crescimento global menor, as cotações das commodities já estão caindo, o que dá espaço para a redução. - A inflação vai cair, e o Brasil tem gordura a queimar nos juros - diz Weintraub.
Com a piora do cenário internacional, a Oren Investimentos reviu suas previsões e já aposta em cortes na Selic ainda neste ano. Para Weintraub, a perspectiva de uma Selic menor no Brasil já está colocada nos contratos de juros futuros.

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