quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

LAVA-JATO: Defesa de Cunha apresenta exame que comprova doença

OGLOBO.COM.BR
POR GUSTAVO SCHMITT

Pelo menos quatro médicos, entre eles Paulo Niemeyer, assinam atestados confirmando aneurisma intracraniano

O deputado cassado Eduardo Cunha - Geraldo Bubniak / Agência O Globo

SÃO PAULO - Após se recusar a fazer exames para identificar a existência de aneurisma cerebral, o ex-deputado cassado Eduardo Cunha apresentou exames que compravam a doença. Um atestado médico feito, nesta quarta-feira, pelo neurocirurgião Paulo Niemeyer aponta quadro de aneurisma intracraniano, localizado na artéria cerebral média esquerda. Niemeyer recomendou tratamento cirúrgico. Os laudos foram juntados ao processo que Cunha responde na Justiça Federal de Curitiba.
De acordo com a documentação, a doença de Cunha foi identificada num exame realizado em julho de 2015. No relatório, o médico João Pantoja disse que as lesões não indicavam um tratamento preventivo imediato. Pantoja complementa afirmando que um segundo exame, feito em 21 de fevereiro do ano passado, não demonstrou alterações significativas, o que o levou a portar pela observação períódica do caso, a cada seis meses.
Um outro exame apresentado pelos advogados, desta vez feito no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo e assinado por dois médicos, em julho de 2015, também detectou quadro de aneurisma cerebral na “bifurcação da artéria cerebral média esquerda”.
Na terça-feira, Cunha surpreendeu a defesa ao afirmar em audiência ao juiz Sérgio Moro que sofre do mesmo problema da ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva, que levou a um Acidente Vascular Cerebral e à morte.
Embora a defesa informe que foi surpreendida com a notícia do aneurisma de Cunha, o Departamento Penitenciário garante que já havia comunicado aos advogados e familiares a doença. Segundo o departamento, o ex-deputado relatou o caso no dia 21 de dezembro e desde então foram solicitados exames à defesa, sem sucesso.
Procurado, Niemeyer não retornou os recados deixados pela reportagem.
Para o chefe do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), Luiz Alberto Cartaxo, o fato de o ex-deputado ser portador de aneurisma "não exclui sua custódia". Segundo Cartaxo, em 21 de dezembro do ano passado, dois dias depois de chegar ao Complexo Médico Penal (CMP), em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, Cunha foi submetido a uma entrevista com um médico. Na ocasião, ele teria relatado ter diversas enfermidades decorrentes de pressão alta e origem cardiovascular, entre elas um aneurisma cerebral.
— A médica que o atendeu disse que ele deveria pedir a advogados e à família que encaminhassem exames e orientações sobre o tratamento que lhe cabe (...). Ele toma medicamentos para pressão alta e problemas vasculares, o que não o impede de ter uma vida normal. Ser portador da doença não exclui sua custódia. Ele teria a mesma condição de ruptura dirigindo um carro, andando de ônibus, estando em casa ou passeando de helicóptero. O que tem que ser controlado em relação à saúde dele é sua pressão arterial — afirmou Cartaxo, para quem o ex-deputado foi “oportunista” ao “usar o momento psicológico da morte da esposa do Lula” para falar sobre seu aneurisma.
Por negar-se a ser submetido a um exame para contatar o aneurisma, Cunha recebeu um registro de infração disciplinar leve na ficha criminal.
— Ele pode exigir um médico particular para determinado problema. Mas eu, como chefe de sua custódia, posso determinar que ele faça um exame — disse Cartaxo, antes do ex-deputado apresentar o atestado.

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