quinta-feira, 11 de junho de 2015

CASO PETROBRAS: Lava-Jato: Camargo Corrêa não explica quais serviços Dirceu prestou

OGLOBO.COM.BR
POR RENATO ONOFRE

Em quase um ano de contrato, apenas dois emails de felicitações de aniversário e ano novo foram trocados entre a JD Assessoria e Consultoria e a empreiteira
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu - ANDRE COELHO / Arquivo O Globo - 04/11/2014

SÃO PAULO — A construtora Camargo Corrêa não soube explicar quais serviços de consultoria foram prestados pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A empreiteira pagou R$ 886,5 mil a empresa do petista, JD Assessoria e Consultoria, entre maio de 2010 e fevereiro de 2011.
Em março, o Ministério Público Federal (MPF) questionou a empresa sobre o papel da JD Assessoria e Consultoria junto a empreiteiras. Desde que apareceu o nome da JD nas investigações da Lava-Jato, os advogados de Dirceu afirmam que a empresa fazia análises de “aspectos sociológicos e políticos do Brasil” e prestava assessoria “na integração dos países da América do Sul”, além de divulgar empresas na comunidade internacional. Os pagamentos foram de R$ 75 mil por mês. A Camargo Correa informou que não localizou relatórios de consultoria.
Os investigadores pediram que a empresa esclarecesse “exatamente” o objeto do contrato, fornecendo todas as informações disponíveis sobre como ele foi executado (atas de reuniões, registros de e-mails trocados, registros de reuniões marcadas em agendas funcionais e identificação de números de telefones celulares funcionais utilizados entre as pessoas que negociaram o contrato).
A Camargo Corrêa informou que a indicação para a contratação foi feita pelo conselheiro de Administração, Vitor Sarquis Hallack, que manteve contato com José Dirceu e seu irmão Luiz Eduardo. Quem assinou o contrato foi o executivo Dalton dos Santos Avancini, que assinou acordo de delação premiada, e Celso Ferreira de Oliveira.
Em quase um ano de consultoria, ocorreram apenas duas trocas de emails entre a Camargo Corrêa e a Jd Consultoria. A primeira foi no dia 1 de janeiro de 2011 entre Vitor Sarquis Hallack e José Dirceu. Hallack mandava um feliz ano novo ao ex-ministro. O segundo de 16 de março de 2011 continha felicitações pelo aniversário de Dirceu no email pessoal do petista.
Na agenda funcional de Hallack, foram encontrados três registros de reuniões marcadas com JD. A primeira em 29 de janeiro de 2010, às 18h, na sede da consultora. Quatro meses depois, outro em encontro no mesmo lugar. Eles se reuniram uma terceira vez em maio de 2011, mas o local do encontro não foi revelado.
No mesmo mês em que contratou a assessoria de José Dirceu, a Camargo Corrêa fechou dois contratos com a Petrobras na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O valor era de R$ 4,7 bilhões. Os contratos foram usados pela construtora para desviar dinheiro para o pagamento de propina no esquema de corrupção da Petrobras.
No final do ano passado, a JD Assessoria confirmou que prestou consultoria à Camargo Corrêa, mas repudiou “com veemência” qualquer associação de seus serviços prestados com os contratos entre a Camargo Corrêa e a Petrobras. Através de seus advogados, a empresa declarou que a consultoria tinha como objetivo auxiliar em análises políticas sobre o Brasil e a América Latina.
A defesa da Camargo Corrêa informou que apesar de não produzir um relatório “ não significa que os serviços contratados não tenham sido prestados, tendo em conta que nem sempre são feitos relatórios de consultorias contratadas”.
Em nota, a Camargo Corrêa mão quis comentar o contrato com Dirceu. A empresa informou que “se reserva o direito de não comentar contrato privado regularmente registrado”. A construtora diz ainda que já prestou informações no referido processo.

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