terça-feira, 2 de maio de 2017

POLÍTICA: Em retaliação a deputados rebeldes, governo exonera quem nunca tomou posse

OGLOBO.COM.BR
POR ANDRÉ DE SOUZA

Indicado por deputado que votou contra reforma trabalhista, Luiz Fernando Martins jamais ocupou seu cargo federal

Plenário da Câmara dos Deputados - Ailton de Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA - O governo começou nesta terça-feira retaliações aos deputados que votaram contra a reforma trabalhista. Entre as exonerações publicadas no Diário Oficial da União desta terça-feira, há até mesmo o caso de uma pessoa que nunca chegou a assumir o posto. Luiz Fernando Martins foi indicado em setembro do ano passado pelo deputado Expedito Netto (PSD-RO) para chefiar a Delegacia Federal de Desenvolvimento Agrário em Rondônia. Mas, segundo informado pelo gabinete do parlamentar, ele jamais tomou posse e, em janeiro, assumiu outro cargo, o de secretário de Fazenda de Porto Velho. Expedito foi um dos 177 deputados a votar contra a reforma trabalhista na semana passada.

Segundo dados disponíveis no site do TSE, Luiz Fernando Martins é do Solidariedade, partido ao qual Expedito já foi filiado. Após a nomeação no ano passado, o gabinete de Expedito diz que ele mandou toda a documentação necessária para tomar posse, mas isso acabou não ocorrendo. Em 1º de janeiro, o novo prefeito de Porto Velho, Hildo de Lima Chaves (PSDB), eleito em outubro do ano passado, nomeou Luiz Fernando Martins secretário de Fazenda do município. Com isso, ele desistiu do cargo no governo federal.
Também nesta terça-feira foi publicada no Diário Oficial a exoneração de José Ricardo Marques do cargo de diretor-geral do Arquivo Nacional, vinculado ao Ministério da Justiça, onde ganhava um salário de R$ 12.445,57 brutos. Ele é ligado ao deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), que votou contra a reforma trabalhista, e tinha sido nomeado em 6 de julho do ano passado.
Ao GLOBO, o parlamentar disse que José Ricardo não era um indicação dele, mas do partido. Dos cinco deputados do PROS que votaram na semana passada, quatro foram contra a reforma, e apenas um foi favorável. Ronaldo Fonseca disse ainda que o partido não está preocupado com cargos, mas em votar os projetos de acordo com os interesses da população. Questionado se a exoneração foi uma retaliação, Fonseca respondeu:
— Deve ser, porque nós estamos voltando tudo contra. O partido está votando contra. Acho que Temer está correto, está certo ele, não está errado não. Só acho lamentável que ele está passando um recado para a população de que o governo dele é um governo fisiologista. Só vota com ele quem tem cargo.
A estratégia do Planalto é exonerar indicados por parlamentares infiéis que votaram contra o governo em projetos importantes, como a reforma trabalhista. Os cargos serão preenchidos, temporariamente, pelos respectivos interinos desses dirigentes, e novas nomeações serão discutidas e avaliadas nos próximos dias com os governistas.
A retaliação começou na última sexta-feira. Um indicado do deputado Uldurico Junior (PV-BA), que votou contra a reforma trabalhista, foi exonerado do Ibama na Bahia. Segundo fontes do Planalto, o corte de hoje será "transversal", ou seja, atingirá diversos partidos da base, mas a expectativa é que o PSB, que se posicionou partidariamente contra a reforma, sofra o maior número de perdas.

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