sexta-feira, 21 de outubro de 2016

LAVA-JATO: "Eu quero falar, eu vou falar", diz Eduardo Cunha a advogados

JB.COM.BR

O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB) afirmou, na quinta-feira (20), a seus advogados que está disposto a prestar informações para colaborar com as investigações da Operação Lava-Jato. "Eu quero falar, eu vou falar", teria afirmado o ex-presidente da Câmara, de acordo com informações do Valor.
A reportagem destaca que a intenção inicial de Cunha seria de depor sem fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Os defensores de Cunha, no entanto, o alertaram para as implicações decorrentes da confissão fora de uma colaboração. Processado por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-deputado está sujeito à uma sentença que, em tese, pode ultrapassar 20 anos, caso o juiz federal Sergio Moro opte por condená-lo às penas máximas previstas pelos delitos a que responde.
Ainda de acordo com o Valor, Cunha já foi informado por seus advogados de uma exigência da qual o MPF não abre mão para começar a conversar sobre um eventual acordo, caso haja interesse por parte dos procuradores: ele terá de concordar com o cumprimento de um período mínimo de três anos, em regime fechado, se de fato passar à condição de delator da Lava-Jato - e o acordo for homologado.
A reportagem destaca que desde que foi encarcerado na custódia da Polícia Federal (PF) em Curitiba, na quarta-feira, Cunha teve conversas longas e tensas com integrantes de sua equipe de advogados. Em um dos diálogos, um dos defensores deixou clara a situação do ex-deputado.


"A questão agora é preservar a sua família, salvar a sua mulher. Por enquanto, é preciso esquecer a vida pública", disse um deles, segundo o relato de uma fonte próxima de familiares de Cunha.
O Valor destaca que desde que foi preso, Cunha teve rompantes de raiva durante as conversas com os advogados. Ele disse repetidas vezes que quer entregar o que sabe sobre supostos ilícitos que envolveriam Moreira Franco, secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos e figura importante do governo do presidente Michel Temer. Moreira Franco tem negado qualquer envolvimento em irregularidades.
Ainda segundo a reportagem, em outro momento de explosão Cunha teria dito aos advogados que dispõe de informações para "arrebentar" com parte do setor privado, e mencionou a ocorrência de irregularidades que envolveriam as áreas de telefonia, portos além de problemas na edição de medidas provisórias - suspeitas de irregularidades em MPs editadas nos governos Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva já são investigadas pela Operação Zelotes e pela própria Lava-Jato.
Lava Jato: patrimônio de Cunha pode ser 53 vezes maior que o declarado
A força tarefa da Operação Lava Jato indica que o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB) pode ter um patrimônio até 53 vezes maior do que o declarado. Há ainda a suspeita de que Cunha possa ter contas ainda não identificadas nos Estados Unidos. As suspeitas dos procuradores da República se baseiam nas informações obtidas por meio da cooperação internacional com o Ministério Público da Suíça. Foram identificadas quatro contas, sendo três vinculadas ao peemedebista e uma a sua mulher Cláudia Cruz, que já renderam denúncias na Lava Jato.
No documento de abertura de uma destas contas, a Triumph, no Banco Suíço Julius Baer, em 2007, o peemedebista declarou possuir um patrimônio de US$ 20 milhões. Naquele mesmo ano, Cunha declarou ao Imposto de Renda ter um patrimônio de R$ 1,2 milhão.
Em 2008, Cunha abriu outra conta, a Orion SP, no Banco Merril Lynch na Suíça (atual Julius Baer) e a própria instituição financeira avaliou seu patrimônio em US$ 16 milhões "proveniente de investimento no mercado imobiliário e na bolsa de valores". No mesmo ano, Cunha declarou que o patrimônio seria de US$ 11 milhões.
"Ademais, há informação da gerente da conta de que o conhece (Eduardo Cunha) há 6 anos, de que é cliente do Merril Lynch por 20 anos, bem como também proprietário das contas Orion, Triunph, Netherton e Kopek (todas estas já identificadas na Lava Jato)", assinalam os procuradores da República, que acrescentam: "As demais contas suíças foram fechadas pelo ex-deputado federal, sendo que permanece oculto um patrimônio de aproximadamente USD 13 milhões. Também não se tem conhecimento da localização das possíveis contas existentes em nome de Eduardo Cunha nos Estados Unidos, constando dos documentos suíços que a conta no Merril Lynch em Nova Iorque teria sido fechada no ano de 2008."

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