quarta-feira, 27 de julho de 2016

MUNDO: Hillary Clinton conquista oficialmente a candidatura pelo Partido Democrata

OGLOBO.COM.BR
POR HENRIQUE GOMES BATISTA, CORRESPONDENTE /

Pela primeira vez, uma mulher concorre à Presidência em uma grande legenda dos EUA

Hillary Clinton foi oficialmente escolhida como candidata democrata na corrida à Casa Branca - Andrew Harnik / AP

FILADÉLFIA — Independentemente do resultado das eleições de 8 de novembro, Hillary Clinton já garantiu nesta terça-feira seu lugar na História ao se tornar a primeira mulher a disputar a Casa Branca por um dos dois grandes partidos dos Estados Unidos. Mas a festa democrata na convenção de Filadélfia, que na quarta-feira terá o discurso do presidente Barack Obama, continuou marcada por protestos dos apoiadores de Bernie Sanders, que não aceitam a derrota de seu candidato. Lideranças continuam pedindo a união da legenda, mas isso ainda parece distante.
Hillary Clinton, no final, acabou sendo declarada candidata por aclamação, mas antes teve que passar pelo constrangimento de ver todos os 50 estados e os territórios votarem. Em muitos destes votos, ela era vaiada, ou o público ainda gritava, mais forte, o nome de Sanders. No fim da chamada dos estados que declaravam seus votos, o senador por Vermont apareceu e pediu para que Hillary fosse nomeada por aclamação, sem a contagem oficial dos votos, embora a ex-secretária de Estado já tivesse obtido numericamente o mínimo necessário.
— Eu proponho que Hillary Clinton seja escolhida como candidata a presidente dos Estados Unidos — disse ele, que foi longamente ovacionado.
MEDO DE NOVOS VAZAMENTOS DE E-MAILS
Assim, Hillary teve a retribuição do que fez com Barack Obama há oito anos, quando também pediu que o atual presidente americano fosse aclamado candidato. O objetivo claro era passar a unidade do partido, mas as manifestações continuaram.
O clima de união que surgiu no fim da noite de segunda-feira, após os discursos de Michelle Obama e do próprio Bernie Sanders, não impediu um segundo dia de protestos dos apoiadores do senador, dentro e fora do Wells Fargo Center, onde ocorre a convenção. Caberia a Bill Clinton, ex-presidente e marido de Hillary, fazer mais uma pregação por união. Considerado um excelente orador, seu discurso — que até o fechamento desta edição não havia ocorrido — seria o décimo em convenções do partido.
O grande desafio de seu discurso, contudo, seria separar os feitos de Hillary dos seus, enquanto presidente. Embora tenha sido um governante extremamente bem avaliado, seu mandato ficou marcado por um escândalo sexual. Além disso, neste ano, o ex-presidente já gerou dor de cabeça para a mulher, ao conversar com a procuradora-geral dos EUA, Loretta Lynch, dias antes de ela decidir se abriria ou não um processo contra a ex-secretária de Estado. Este episódio gerou constrangimentos e fez Loretta afirmar que aceitaria, sem questionar, a orientação do FBI (a polícia federal) sobre o caso dos e-mails da democrata, que acabou arquivado.
O fato de ter saído da Casa Branca em janeiro do ano 2000 também limita sua influência entre os eleitores mais jovens, que em grandes maioria apoiaram Sanders nas primárias. Muitos não viveram o período de bonança do governo Clinton, que é visto por parte deste grupo apenas como um político tradicional.

Além de Bill Clinton, a segunda noite da convenção democrata — que termina quinta-feira com o discurso de Hillary, mas que na quarta-feira terá, além de Obama, a participação do senador Tim Kaine (Virgínia), anunciado na sexta-feira como vice na chapa democrata — foi marcada por debates raciais. Mães que integram o movimento Black Lives Matter (Vidas negras importam) discursaram na convenção. Isso ocorreu justo numa fase de acirramento dos problemas raciais, depois que dois negros foram mortos pela polícia no início do mês, gerando manifestações por todo o país. Em um destes protestos houve uma emboscada de um negro que matou cinco policiais brancos em Dallas (Texas) e, dias depois, outro episódio de um negro matando três policiais em Baton Rouge (Louisiana). Desde então, o Black Lives Matter é acusado de ter incitado o ódio contra policiais, argumento defendido pelo candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump.
O dia ainda continuou marcado pelo polêmico vazamento de e-mails de dirigentes democratas pelo WikiLeaks. A primeira leva de 19 mil e-mails aponta para um favorecimento de Hillary, o que ampliou a revolta dos apoiadores de Sanders. Na terça-feira, de acordo com o site “The Hill”, aumentou a desconfiança de que hackers russos estavam por trás do episódio. O site ainda indicou que lideranças do partido estavam preocupadas com o vazamento de mais e-mails comprometedores.
ARTISTAS SE UNEM EM CAMPANHA CONTRA TRUMP
Além disso, Hillary recebeu apoio da classe artística. Julianne Moore, Bryan Cranston, Kerry Washington, Mark Ruffalo, Neil Patrick Harris, Lena Dunham, Shonda Rhimes e Macklemore estão entre mais de cem celebridades que participam da campanha #UnitedAgainstHate (“Unidos contra o ódio”) contra a campanha de Trump.
“Nós acreditamos em nossa responsabilidade em usar nossas plataformas para chamar a atenção ao perigo de uma Presidência de Trump e às ameaças presentes e reais de sua candidatura”, diz uma carta aberta assinada pelos participantes.
“Donald Trump deseja fazer nosso país recuar a uma época em que o medo era desculpa para a violência, em que a ganância alimentava a discriminação e o Estado transformava o preconceito contra comunidades marginalizadas em lei. Alguns de nós vêm de grupos atacados por Trump. Outros, não. Mas como a História mostra, é questão de tempo ‘os outros’ se tornarem ‘nós”‘ Convidamos todos os americanos a ficarem do lado certo da História”, diz a campanha.

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