quinta-feira, 28 de julho de 2016

DIREITO: Justiça Federal bloqueia R$ 38 milhões do Facebook

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO

Ação foi determinada após empresa não divulgar mensagens para investigações

De acordo com Facebook, criptografia de ponta-a-ponta impede divulgação de mensagens do WhatsApp - Chris Ratcliffe/Bloomberg

RIO - A Justiça Federal no Amazonas autorizou, a pedido do Ministério Público Federal, o bloqueio de R$ 38 milhões do Facebook no Brasil, por descumprir decisão judicial que a obrigava a fornecer dados de cadastros e quebrar o sigilo de mensagens trocadas pelo WhatsApp para embasar uma investigação. A informação foi antecipada esta quarta-feira no blog do colunista Lauro Jardim.
Segundo o Ministério Público Federal, autor da ação, o valor bloqueado corresponde ao montante das multas individuais de R$ 1 milhão estipuladas para cada dia de descumprimento da decisão judicial. O Facebook argumentou, sem sucesso, que os dados estão guardados em servidores de computador no exterior, e só podem ser solicitados por acordos de cooperação internacional.
O procurador Alexandre Jabur, responsável pela investigação, avalia que o Facebook demonstra “enorme desprezo pelas instituições brasileiras” ao se negar a cumprir as ordens judiciais que determinam a quebra de sigilo de mensagens trocadas entre criminosos.
“Ao conferir proteção absoluta à intimidade, a empresa ultrapassa o limite do razoável, criando um ambiente propício para a comunicação entre criminosos, favorecendo aqueles que cometem crimes graves, como terrorismo, sequestro, tráfico de drogas etc”, argumentou o procurador.
O Facebook alegou que não pode cumprir as decisões judiciais porque, desde abril, as mensagens do WhatsApp são criptografadas de ponta-a-ponta, o que as torna inacessíveis. Os detalhes da investigação não foram divulgados em razão do segredo de Justiça.
BLOQUEIOS DO SERVIÇO
Em 19 de julho, o serviço de mensagens foi bloqueado no país pela terceira vez pela Justiça. Em todos os casos, a suspensão foi uma represália judicial por a empresa ter se recusado a cumprir determinação de quebrar o sigilo de dados trocados entre investigados criminais.
O primeiro bloqueio foi em dezembro do ano passado e ocorreu a pedido da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo, que determinou a suspensão do serviço por 48 horas. A decisão foi derrubada 12 horas depois, quando o próprio WhatsApp impetrou um mandado de segurança pedindo o restabelecimento do serviço.
Houve ainda uma outra tentativa da Justiça de derrubar o serviço, em fevereiro. Da mesma forma, o objetivo era forçar a empresa a colaborar com investigações sobre casos de pedofilia na internet, desta vez da polícia do Piauí. A decisão, porém, foi suspensa pelos desembargadores Raimundo Nonato da Costa Alencar e José Ribamar Oliveira, do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), que concederam liminares sustando os efeitos da decisão do juiz Luiz de Moura Correia, da Central de Inquéritos do Poder Judiciário em Teresina, que suspendia o uso do aplicativo WhatsApp em todo o Brasil.
A segunda paralisação do aplicativo ocorreu em maio deste ano, por determinação da Justiça de Lagarto, no Sergipe. Na época, a decisão era de que o bate-papo ficasse bloqueado por 72 horas. A medida — proferida em 26 de abril, mas que só chegou às operadoras em 2 de maio — foi ordenada pelo juiz Marcel Montalvão.
PRIVACIDADE DE DADOS
A discussão de acesso a dados pessoais de usuários tem ganhado força nos últimos meses. Desde fevereiro, a Apple enfrenta uma batalha judicial contra o FBI, que tenta desbloquear o sistema operacional de um iPhone recuperado de um dos atiradores da chacina em San Bernardino, na Califórnia, no final do ano passado. A empresa se opôs ao objetivo da polícia  com os argumento de ameaça à segurança dos usuários.

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