sexta-feira, 29 de julho de 2016

ECONOMIA: Impasse no impeachment prejudica país e atrasa retomada econômica, diz Temer

OGLOBO.COM.BR
POR REUTERS

Interino afirma que Senado fará avaliação política sobre quem estava na Presidência antes e quem está agora

O presidente interino Michel Temer em entrevista a correspondentes internacionais - ANDRESSA ANHOLETE / AFP

BRASÍLIA - Em entrevista a correspondentes internacionais no Palácio do Planalto, o presidente interino Michel Temer afirmou nesta sexta-feira que a aprovação do processo impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff depende de uma avaliação política, e não jurídica. Apesar de afirmar que o governo não pode e não deve interferir no cronograma, Temer ressaltou que os senadores farão uma avaliação das “condições políticas” do governo.
– Essa questão do impeachment no Senado não depende da nossa atuação. Depende da avaliação política, não uma avaliação jurídica – que o Senado está fazendo. Nós não temos e não poderíamos ter influência nesse processo – afirmou, acrescentando:
– Eu penso que o Senado vai avaliar as condições políticas de quem está hoje no exercício e de quem esteve no exercício da Presidência até um certo período – disse o peemedebista.
O presidente também ressaltou que a demora em torno do impeachment é prejudicial para o país e atrasa a retomada do crescimento econômico.
– Dizem que quando terminar o processo do impeachment o investidor saberá com quem vai falar e isso vai incentivar o investimento. Dizem que há muita gente aguardando exatamente o processo de agosto – afirmou.
Temer disse que, para defender sua permanência, teria que fazer o auto-elogio de seu governo, mas que a discrição não aconselharia – apesar de ressaltar várias vezes durante a entrevista de cerca de uma hora, a boa relação que tem com o Congresso, algo que faltava à presidente afastada.
– O que fizemos em 70 dias foi um avanço muito grande. Você não pode avançar num sistema democrático, se não tiver uma conexão muito grande entre o Executivo e o Legislativo – afirmou.
77 DIAS DE GOVERNO
O governo interino completa nesta sexta-feira 77 dias e Temer repete que, apesar da interinidade, precisa continuar trabalhando em “benefício do país”, já que a Presidência da República independe de quem ocupa o cargo, mas mostra alguma impaciência com a solução do processo. Durante a entrevista, demonstrou alguma preocupação com o prazo de votação do impeachment pelo Senado, prevista para o fim de agosto, e chegou a afirmar que terá dificuldades de representar o Brasil no encontro do G20, na China, nos dias 4 e 5 de setembro, se o impedimento não for votado até lá.
O G20 vem sendo programado para ser a primeira grande viagem internacional de Temer, em uma estratégia para melhorar a imagem do Brasil no exterior depois do afastamento de Dilma, mas Temer admitiu que pode desistir da viagem se a votação passar para o início de setembro.
– O Brasil precisa sair desse impasse. O mundo precisa sair desse impasse. Eu vou ter alguma dificuldade, vou ter que examinar (se impeachment não for votado). A situação de interinidade não dá a mesma potência para o Estado brasileiro - afirmou, ressaltando que espera uma solução, seja para sua permanência ou para a volta de Dilma.
Questionado sobre a relação com Dilma e com a nova oposição, Temer disse que, desde o afastamento, não teve qualquer contato com a presidente e não deverá ter.
– Eu vejo gestos muito agressivos dos que querem o retorno dela. Em vez de argumentar no Senado, o fazem nas ruas – afirmou, dizendo que continuará a falar “docemente”.
– Se eu tivesse alguma coisa a dizer aos movimentos a favor (do impeachment) eu recomendaria que nada fizessem, porque agora não adianta.
'NÃO É O TRADICIONAL EU NÃO SABIA'
Questionado sobre os problemas de corrupção que abalaram o governo Dilma, do qual vazia parte como vice-presidente, Temer voltou a dizer que não tinha participação ativa nas decisões. Já sobre as acusações de que seu partido, o PMDB, também recebeu doações ilegais, afirmou nunca ter sabido de nada e que o partido recebeu “uma série de doações oficiais”.
– Nunca houve uma coisa que eu pudesse dizer ‘isso veio por fora’. Não é o tradicional ‘eu não sabia’. Não é exatamente isso. É que as doações que vinham entravam oficialmente no partido e saiam oficialmente. Eu não tinha a menor notícia de qualquer gesto de corrupção – garantiu.
Temer ressaltou que muitas vezes têm se falado que as doações legais poderiam ter origem em dinheiro de propinas.
– Isso precisa provar, que foi realmente a propina que levou a doações oficiais – disse.
A chapa Dilma-Temer, eleita em 2014, é alvo de ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que podem levara à cassação dos mandatos. Para Temer, é preciso ressaltar é que as instituições estão funcionando regularmente.
– Se não estivessem, a Lava-Jato não iria até onde foi. Havia corrupção, havia. Vai melhorar, porque a Lava-Jato vai produz esse efeito.
O presidente interino garantiu, ainda, que não vai trabalhar pelo seu partido nas eleições municipais, apesar de desejar sucesso ao PMDB, conforme acordado em recente jantar com aliados.
– Tenho uma base muito ampla. Eu não vou entrar nas questões municipais porque desagrado a base. Estou mais interessado em tirar o país da recessão e ficar popular.

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