sexta-feira, 17 de abril de 2015

POLÍTICA: Campanha de Dilma recebeu R$ 31 milhões do caixa do PT administrado por Vaccari

OGLOBO.COM.BR
POR BRUNO GÓES

Valor repassado pelo PT veio da doação de 21 empresas, entre elas, três sob investigação na Lava-Jato
A chegada de João Vaccari Neto à Polícia Federal, em Curitiba - Rafael Forte/15-4-2015 / Agência O Globo
RIO - A campanha de 2014 da presidente Dilma Rousseff recebeu R$ 31,6 milhões da Direção Nacional do PT, cujo caixa era administrado pelo tesoureiro afastado João Vaccari Neto. O valor repassado pela legenda à candidata à reeleição foi oriundo da doação de 21 empresas, entre elas empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato. Do partido, saiu pouco mais de R$ 1 milhão doado pela Andrade Gutierrez; R$ 1,9 milhão, da Odebrecht; e R$ 2,8 milhões, da Braskem, num total de R$ 5,7 milhões.
Em 2010, foram repassados R$ 171 mil do caixa da Direção Nacional do partido à campanha de Dilma. As empresas, no entanto, não são especificadas, porque a legislação não obrigava os partidos a identificar a origem das doações nos repasses da Direção Nacional às campanhas.
O ex-gerente de serviços da estatal Pedro Barusco afirmou em sua delação premiada que Vaccari recebeu cerca de US$ 200 milhões em nome do PT no esquema investigado pela Lava-Jato. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal, Vaccari participava de reuniões com o ex-gerente de Serviços da estatal Renato Duque para tratar de pagamentos de propina, que eram repassados por meio de doações oficiais ao PT. Dessa maneira, os valores chegavam como doação lícita, mas eram oriundas de propina. O Ministério Público Federal aponta que foram 24 doações em 18 meses, no valor de R$ 4,2 milhões.
O tesoureiro do PT indicava em que contas deveriam ser depositados os recursos de propina, segundo o Ministério Público Federal. “Vaccari tinha consciência de que os pagamentos eram feitos a título de propina”, afirma o procurador Deltan Dallagnol, na denúncia que foi aceita pela Justiça Federal do Paraná.
À PROCURA DE UM SUBSTITUTO
Para evitar que a prisão de Vaccari afete ainda mais a imagem já desgastada do governo federal, a equipe da presidente passou a usar o discurso de que o tesoureiro afastado, após ser preso anteontem pela Polícia Federal, não era diretamente responsável pela arrecadação das campanhas de Dilma. Nas eleições do ano passado, essa tarefa foi de Edinho Silva, atual ministro da Secretaria de Comunicação Social. Em 2010, o responsável pelas finanças da campanha foi o ex-deputado José Fillipi Júnior.
O substituto de João Vaccari Neto na tesouraria do PT deverá ser anunciado hoje, após reunião do Diretório Nacional do partido. Os dirigentes procuram um nome sem problemas jurídicos, comprometido com o núcleo central da sigla e que seja apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se disponha a enfrentar uma crise nunca antes vivida pelo partido e tempos de vacas magras.
Segundo dirigentes, seria importante que o novo tesoureiro tivesse um mandato parlamentar, para se proteger do que os petistas consideram uma ofensiva do Judiciário contra o partido. Um dos nomes cogitados para o cargo é o do deputado estadual José Américo (SP), hoje secretário de Comunicação.

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