sexta-feira, 17 de abril de 2015

CASO PETROBRAS: Cunhada de Vaccari se entrega à PF em Curitiba

OGLOBO.COM.BR
POR THAÍS SKODOWSKI, ESPECIAL PARA O GLOBO

Marice participava de congresso no Panamá, paraíso fiscal bastante utilizado por alvos da Lava-Jato; PF não comenta fato de desconhecer a viagem
Marice Correia de Lima, cunhada do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, se entregou nesta sexta-feira na Superintendência da Policia Federal em Curitiba (PR) - Rafael Fortes / Agência O Globo
CURITIBA — Marice Corrêa de Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, se apresentou no início da tarde desta sexta-feira, por volta das 14h, à Superintendência da PF em Curitiba. Ela estava no Panamá quando sua prisão preventiva foi decretada na quarta-feira, na 12ª etapa da Operação Lava-Jato. As informações foram confirmadas ao GLOBO pelo advogado dela, Cláudio Pimentel.
Marice chegou à PF acompanhada do advogado e não quis conversar com a imprensa. Ela pegou um táxi do aeroporto até a Superintendência. De acordo com a PF, a cunhada de Vaccari deve ser levada ao IML para fazer exame de delito e, caso haja tempo, pode prestar depoimento ainda nesta sexta-feira.
Na última quarta-feira, após ser preso, Vaccari disse que Marice poderia estar no Panamá ou na Costa Rica. No entanto, o delegado da Polícia Federal de Curitiba, Igor Romário de Paula, informou que não havia registro nem de entrada e nem de saída de Marice do país - o que levou a Polícia Federal a descartar que ela estava fora do Brasil. Até o início de quinta-feira, a PF considerava Marice foragida da Justiça.
Nesta sexta-feira, a assessoria da Polícia Federal no Paraná disse que não comentaria o fato de Marice ter viajado sem a instituição saber.
Assim que soube da prisão, Marice, que estava viajando há cerca de duas semanas, teria providenciado seu retorno ao Brasil, comentou o advogado. Pimentel disse não saber ao certo o que sua cliente fazia no Panamá, declarando apenas que ela participava de um congresso.
— Não tenho ideia de que Congresso era — disse o advogado.
O Panamá é reconhecidamente um paraíso fiscal e já apareceu em outras investigações da Lava-Jato, como a relacionada ao ex-ministro José Dirceu — que abriu uma filial da JD Assessoria e Consultoria Ltda no país e desde 2008 viajou frequentemente, antes de ser preso. Muitos dos alvos da operação, como os delatores Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da Diretoria de Serviços da Petrobrás), o doleiro Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás), tinham offshores no Panamá para movimentar contas fora do Brasil.
Segundo o advogado da cunhada de Vaccari, Marice chegou na madrugada desta sexta-feira em São Paulo e já segue — ainda não se sabe se de carro ou avião —para Curitiba.
Contra Marice, pesam suspeitas que, para o juiz Sergio Moro, justificam sua detenção temporária. De acordo com as investigações do Ministério Público Federal (MPF), ela é suspeita de ser destinatária do dinheiro do esquema de corrupção. Ela teria adquirido um apartamento por R$ 200 mil e o vendido para a empresa OAS, também suspeita de participar o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras, por R$ 400 mil, conforme as investigações. Este mesmo imóvel, teria sido vendido pela empreiteira por um valor menor.
— Aparentemente é uma operação típica de lavagem de dinheiro — disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
Em 2011, Marice declarou ter recebido R$ 100 mil como assalariada da Confederação Sindical de Trabalhadores das Américas e R$ 240 mil de indenização por acidente de trabalho e FGTS. A Justiça diz que ela nunca sacou o fundo.
Além disso, ela já havia sido citada por delatores como receptora de dinheiro desviado da Petrobras. Durante a operação de quarta-feira, a PF também cumpriu um mandado na casa de Marice e apreendeu vários documentos.

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