sexta-feira, 21 de junho de 2013

ECONOMIA: Dólar interrompe sequência de cinco altas e fecha em queda de 0,62% cotado a R$ 2,24

De OGLOBO.COM.BR
João Sorima Neto

Moeda americana atingiu máxima de R$ 2,27 e Banco Central voltou a intervir no câmbio
Ibovespa mantém movimento de queda e perde quase 2%
SÃO PAULO - Depois de uma sequência de cinco altas consecutivas, o dólar comercial fechou a sexta-feira em queda de 0,62% sendo negociado a R$ 2,242 na compra e R$ 2,244 na venda. Pela manhã, a moeda americana bateu na máxima do dia, cotada a R$ 2,276 na venda, levando o Banco Central a intervir mais uma vez no câmbio. Na semana, a divisa americana se valorizou 4,5% e no ano a valorização chega a 9,59%. Na Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, principal índice, mantém a desvalorização e às 17h perdia 1,85% aos 47.324 pontos. O volume negociado é de R$ 7,9 bilhões.
Analistas de câmbio ouvidos pelo GLOBO avaliam que a queda do dólar frente ao real seguiu um movimento verificado no exterior. Divisas de países exportadores de commodities tiveram uma recuperação frente ao dólar durante a tarde. Com a atuação do BC pela manhã, o real acabou sendo uma das que mais subiu.
- Esse foi o único fato para essa mudança repentina na trajetória de alta do dólar verificada durante a manhã - diz o operador de uma corretora de câmbio de São Paulo.
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Após o dólar bater em R$ 2,276 pela depois da abertura, novamente o BC vendeu dólares no mercado futuro, realizando pouco antes das 12h, um leilão de swap cambial tradicional. O Banco Central informou que vendeu 37.300 contratos dos 40 mil ofertados, o que corresponde a um volume financeiro de US$ 1,828 bilhão.
A divisa recuou levemente após a intervenção, mas retomou a tendência de alta frente ao real até o início da tarde. Só por volta de 15 horas, o dólar inverteu o sinal e se manteve em queda até o fechamento. Foi a décima primeira intervenção do BC desde o dia 31 de maio, com uma injeção total de US$ 20 bilhões no mercado futuro.
- Mesmo assim, a tendência do dólar é de valorização frente ao real. Deve ocorrer um relativo arrefecimento na intensidade e velocidade de alta, tornando-se mais gradual, porém consistente. A sinalização do Federal Reserve, o banco central americano, de reduzir o programa de estímulo à economia frustrou a expectativa do Brasil de que ainda pudesse atrair investimentos estrangeiros, mesmo que de natureza especulativa para melhorar o fluxo cambial para o país - avalia Sidnei Nehme, sócio da corretora de câmbio NGO.
Na semana passada, o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de aplicações no mercado futuro na expectativa de atrair mais dólares ao país.
- Mas a melhora da economia americana está levando investidores a retirar recursos de países emergentes no sentido de fazer caixa para investir em títulos americanos quando os juros começarem a subir - diz Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimento.
No pregão da Bovespa, a maior alta é apresentada pelas ações ON da BR Properties, com valorização de 4,67% a R$ 18,15. O Conselho de Administração da empresa aprovou a venda de empreendimentos imobiliários no valor de R$ 690 milhões e a empresa informou que já tem uma proposta firme de compra.

A maior queda é dos papéis PNB da Copel, que perdem 16,57% a R$ 26,24. Os papéis da Copel caem porque, apesar da autorização da Aneel, a agência reguladora do setor de energia, para um reajuste de tarifa de 14,6%, na média, o governador do Paraná, Beto Richa, pediu à companhia a suspensão do aumento. Uma reunião na segunda-feira para discutir o assunto já foi marcada.

Entre as ações mais negociadas do pregão, Vale PNA cai 0,55% a R$ 28,48; Petrobras PN perde 2,64% a R$ 16,57; OGX Petróleo ON recua 5,74% a R$ 0,82; Itaú Unibanco PN se desvaloriza 1,43% a R$ 28,92 e Bradesco PN tem perda de 0,82% a R$ 28,86. Segundo analistas, as ações da Petrobras caem e influenciam o Ibovespa porque não existe espaço para um aumento de combustíveis este ano, depois das manifestações pela redução de preço dos transportes públicos.

- Certamente qualquer reajuste de tarifas, não só para Petrobras, como também para concessionárias de estradas (pedágios) e de energia elétrica ficou muito mais difícil diante dessas manifestações - avalia Bittencourt, da Apogeo Investimentos.

Pesa também sobre o mercado de renda variável doméstico, a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), uma prévia da inflação oficial, que desacelerou para 0,38% em junho frente aos 0,46% de maio. Mas, em 12 meses, a taxa é de 6,67%, acima dos 6,5% estabelecidos como teto pela meta de inflação do governo.

- Muita gente no mercado já prevê uma alta de até 0,75 ponto percentual na Selic, em julho, com a taxa chegando a dois dígitos no fim do ano. Isso afeta negativamente a Bolsa - diz um operador de uma corretora paulista.

Para os juros futuros, o recuo do IPCA-15 deu um certo alívio, já que veio dentro das expectativas em junho. O DI para janeiro de 2014 recuava para 9,08% de 9,10% da véspera, enquanto os contratos para janeiro de 2015 tinham taxa de 10,27% de 10,46% na quinta. Nesta sexta, o Tesouro Nacional volta fazer leilões de recompra e de venda de títulos para estancar a volatilidade nas taxas dos títulos.

O movimento global de alta do dólar e de venda de ações nas Bolsas mundiais se amplificou nas últimas semanas com a perspectiva de que o programa de estímulo do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, seja reduzido. Na quarta-feira, o presidente da instituição, Ben Bernanke, confirmou a expectativa do mercado, afirmando que existe consenso no Fed que o programa pode ser reduzido no fim deste ano e encerrado até o segundo semestre de 2014. Isso porque a economia americana retomou o fôlego, embora ainda cresça moderadamente. O programa do Fed despeja, todos os meses, US$ 85 bilhões na economia americana.

Desde então, os mercados financeiros mundiais passam por um forte ajuste de posições, com os investidores de adequando a este novo cenário. No Brasil, o dólar ganha impulso extra porque os investidores estão desconfiados dos fundamentos da economia, como a deterioração das contas públicas, o baixo crescimento do PIB e a inflação em alta.

Na Europa, os principais pregões voltaram a fechar em queda. O índice Ibex, da Bolsa de Madri, perdeu 1,56%; o Dax, do pregão de Frankfurt, recuou 1,76%; o índice Cac, da Bolsa de Paris, tem perda de 1,11% e o FTSE, do pregão de Londres, recuou 0,70%. Nos Estados Unidos, o S&P 500 ganha 0,39%; o Dow Jones se valoriza 0,43% e o Nasdaq tem perda de 0,29%.

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