sexta-feira, 10 de maio de 2013

POLÍTICA: Pastor Marcos ganha corrente de apoio na Alerj

De OGLOBO.COM.BR
FABÍOLA GERBASE  / ANA CLÁUDIA COSTA
 
Religioso já recebeu a Medalha Tiradentes, maior comenda da Casa
Marco Feliciano defendeu-o no Twitter
O pastor Marcos Pereira com o uniforme da Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) Divulgação/Seap
RIO — “Sua profissão durante muito tempo foi a de maître de restaurante na Zona Sul do Rio. Tempos depois foi proprietário de um restaurante na Baixada Fluminense. Neste período, vivia totalmente envolvido nas noitadas, bebedeiras e prostituição. Fazendo também parte assiduamente da torcida organizada do Flamengo, em seu vocabulário, de cada dez palavras, nove eram palavrões”. Com essa descrição sobre os anos passados longe de Deus pelo pastor Marcos Pereira, hoje acusado de estupro e investigado por homicídio, o ex-deputado estadual José Nader Júnior (PTB) abriu o texto do projeto apresentado em 2009 à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) propondo a entrega da Medalha Tiradentes a Marcos, cuja conversão a religioso é contada no mesmo texto. A homenagem não foi aprovada na época, mas voltou ao plenário pelas mãos do hoje deputado federal Walney Rocha (PTB), que deu ao pastor a maior comenda da Casa em abril de 2011, motivado pelo trabalho de Marcos com ex-detentos.
Cerca de um ano depois, o pastor subiu à tribuna da Alerj para receber o título de benemérito do estado, dessa vez, por iniciativa do deputado estadual Paulo Ramos (PDT). É ele quem lidera agora uma corrente de apoio ao religioso na Alerj, argumentando que a investigação da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), que prendeu Marcos, é falha. Ramos questionará o trabalho da unidade junto ao procurador geral de Justiça, Marfan Vieira, ao lado de outros deputados. Um deles é Edino Fonseca (PEN). Assim como Ramos, ele diz que as mulheres que acusam o pastor de estupro são ligadas ao AfroReggae, ONG liderada por José Júnior, autor das primeiras denúncias contra Marcos.
— A mulher do pastor, que dizem ter sido estuprada por ele, falou (anteontem) em depoimento na Comissão de Direitos Humanos da Alerj que é mentira. Isso não passa de um linchamento público — diz Ramos.
Colega da Alerj, o deputado Geraldo Pudim (PR) deu apoio ao pastor comparecendo à Dcod na noite da prisão. Já o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados, defendeu-o no Twitter: “Imprensa tem provas contra Marcos Pereira? Talvez: um delegado sem crimes para investigar”.
Empresas de fiéis ajudariam a lavar dinheiro do tráfico
Além de ser acusado de estupros, o pastor Marcos Pereira é suspeito de lavar dinheiro do tráfico, por meio de empresas abertas em nome de fiéis da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias e da compra de imóveis. A Polícia Civil está levantando os nomes de empresas que estariam sendo usadas no esquema montado pelo pastor. Uma delas, citada no depoimento de uma testemunha, seria de uma das mulheres que sofreram abuso sexual por parte do pastor, mas que hoje seria uma espécie de tesoureira da igreja. A empresa, que negociaria máquinas, tem sua sede numa casa simples num bairro residencial de Nilópolis. No inquérito, segundo o “RJ-TV”, da TV Globo, já são citados 17 imóveis em nome da igreja de Marcos Pereira, sendo dez deles na Barra e dois fora do estado.
Em depoimento na Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), uma testemunha disse que o pastor tem autorização do traficante Márcio Nepomuceno dos Santos, o Marcinho VP, para lavar todo o lucro do tráfico. Essa testemunha disse ainda à polícia que, para justificar os bens em nome da empresa, o pastor alega que tudo é proveniente de doações de fiéis. O apartamento na Avenida Atlântica, em Copacabana, onde Marcos mora, por exemplo, está em nome da Assembleia de Deus dos Últimos Dias e teria sido doação de um empresário à igreja.
TJ nega pedidos de liberdade
Preso em Bangu 2, o pastor foi denunciado na quinta-feira pelo Ministério Público por dois estupros. O Tribunal de Justiça indeferiu dois pedidos de liminar em habeas corpus impetrados em favor de Marcos Pereira. O religioso responde ainda a quatro inquéritos por estupro e outro por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e homicídios. Há ainda informações sobre o envolvimento do pastor em roubo de carga. Um dos casos de homicídio é o de uma mulher que denunciou irregularidades cometidas na igreja e as orgias promovidas pelo pastor.
De acordo com o promotor da 8ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) do Ministério Público, Rogério Lima Sá Ferreira, se condenado o pastor poderá cumprir pena que varia de seis a dez anos de reclusão por cada vítima de estupro. A pena pode ser acrescida de um quarto em cada caso porque o autor dos crimes tinha poder de autoridade perante as vítimas. Em sua denúncia, o promotor chega a dizer que o pastor seria um “estuprador em série”.

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