sexta-feira, 1 de junho de 2012

MUNDO: Agricultores argentinos fazem panelaço contra alta de imposto


De OGLOBO.COM.BR

*Correspondente

Há quatro anos, produtores rurais lideraram rebelião nacional que praticamente paralisou a economia do país


Agricultores argentinos fizeram panelaço em frente ao Palácio Legislativo, em Buenos Aires
Foto: ENRIQUE MARCARIAN / REUTERS
Agricultores argentinos fizeram panelaço em frente ao Palácio Legislativo, em Buenos Aires ENRIQUE MARCARIAN / REUTERS
BUENOS AIRES — Como em 2008, os produtores rurais argentinos decidiram nesta quinta-feira paralisar as atividades do setor em repúdio a uma medida tributária oficial. Desta vez, o inimigo dos homens de campo da Argentina é o governo da província de Buenos Aires, a mais importante do país, que conseguiu aprovar no parlamento provincial uma reforma impositiva que eleva o imposto imobiliário rural. Após esta decisão, que vinha sendo discutida há várias semanas, os produtores convocaram uma greve de nove dias nas província governada pelo peronista Daniel Scioli, ex-vice presidente de Néstor Kirchner (2003-2007) e aliado de Cristina Kirchner.
A situação dos produtores, que há quatro anos lideraram uma rebelião nacional que praticamente paralisou a economia argentina, provocou uma reação social na capital do país, onde foram realizados panelaços vários bairros, como Recoleta e Belgrano. Os últimos panelaços argentinos ocorreram justamente em 2008, em meio à crise entre a Casa Rosada e o campo, na época desencadeada pela implementação de um decreto presidencial que, na prática, provocou o aumento dos impostos às exportações de grãos. Segundo meios de comunicação locais, os panelaços portenhos também foram uma reação aos escândalos de corrupção envolvendo funcionários do governo, principalmente o vice-presidente, Amado Boudou, que está sendo investigado, entre outras coisas, por suposto enriquecimento ilícito.
“O tarifaço é uma confiscação e está sendo implementado num momento em que os produtores estão enfrentando sérias dificuldades, primeiro pela seca e depois pelas inundações”, indicou um comunicado da Federação Agrária Argentina (FAA).
— Vamos retornar às estradas do país — disse o presidente da federação, Eduardo Buzzi, um dos líderes da rebelião de 2008.
Há quatro anos, os produtores bloquearam as estradas mais importantes da Argentina e provocaram uma crise nacional que levou a presidente a cogitar a possibilidade de renunciar ao cargo. Na época, segundo confirmaram fontes da Casa Rosada, Cristina foi aconselhada por vários presidentes da região, entre eles Luiz Inácio Lula da Silva, a permanecer na Presidência apesar de ter sofrido uma derrota no Congresso, onde seu projeto sobre a modificação de impostos do setor rural foi derrotado. Segundo analistas locais, o forte controle no mercado cambial também está aprofundando o clima de mal estar entre a população.

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