quinta-feira, 15 de setembro de 2011

SAÚDE: Anvisa diz que 30% dos cruzeiros precisam melhorar controles sanitários; alimentos são os que mais causam doenças

Do UOL Notícias

Julio Reis


Cerca de 30% dos navios de cruzeiro que estiveram na costa brasileira durante a temporada 2010-11 devem melhorar seus controles sanitários. É o que aponta o estudo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgado nesta quarta-feira (14) no Rio de Janeiro durante o “Encontro Anual de Avaliação da Temporada de Navios e Cruzeiros”.
José Agenor, diretor da Anvisa, diz que os problemas encontrados não significam que os navios não estejam aptos a funcionamento, mas devem ser corrigidos. “O que se busca é um padrão de qualidade excelente, que já foi atingido pelos outros 70% dos navios. É preciso ter cuidado com tudo porque coisas pequenas podem se desenvolver para algo maior”, disse.
Os dados revelam, no entanto, uma queda de 82% nos doentes registrados nos cruzeiros. O número caiu de 4.442 pessoas, na temporada 2009-2010, para 792 na temporada 2010-2011.
As doenças com maior registro foram influenza (gripe) e diarréia aguda causada por norovírus -vírus geralmente transmitido por ingestão de alimentos contaminados cuja infecção geralmente não é grave.
Das 45 embarcações, 22 notificaram existência de doentes a bordo, três com casos de surtos.
Alimentos contaminados
Entre as irregularidades mais presentes estão aquelas ligadas ao recebimento e à manutenção das condições ideais dos alimentos e ao fornecimento de água. Nesse caso, o principal problema é o armazenamento dos produtos ligados a desinfecção e tratamento de água potável.
O gerente de Portos, Aeroportos e Fronteiras da Anvisa, Paulo Cury, afirmou que uma das metas é fazer com que o Brasil alcance até 2014 a implementação completa - em 14 aeroportos e 16 portos - das capacidades básicas para atender o regulamento sanitário internacional firmado por 198 países no âmbito da Organização Mundial de Saúde.
“Diria que já andamos 50% do caminho para termos um controle sanitário eficiente em todas essas entradas em qualquer caso de epidemias como foi a da gripe suína, que na ocasião teve que contar com uma mobilização extra. A ideia é que isso se torne definitivo e o país esteja preparado para sempre estar de portas abertas”, disse.
No limite
Segundo relatório da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), em parceira com a Fundação Getúlio Vargas, o aumento no número de viajantes de cruzeiro no Brasil foi de mais de 350% nos últimos cinco anos.
O negócio movimentou na última temporada (20102011) mais de R$ 1,3 bilhão na economia brasileira, sendo que aproximadamente 40% correspondem aos gastos feitos por passageiros, e 60%, aos custos de operação das embarcações.
Segundo o vice-presidente da Abremar, André Pousada, que esteve nesta quarta-feira (14) no “Encontro Anual de Avaliação da Temporada de Navios e Cruzeiros”, no Rio de Janeiro, os portos brasileiros parecem ter atingido o limite “físico” para a operação dos cruzeiros.
“Não queremos culpar o governo, os Estados nem as prefeituras, eles têm contribuído, mas o crescimento da economia, o aumento do poder aquisitivo e a facilidade do pagamento das viagens foi rápido e não veio acompanhado pela infraestrutura na mesma velocidade”, disse.
Ainda segundo Pousada, o número de cruzeiros de cabotagem (que fazem trajetos dentro do país) diminuirá de 20 para 17 na próxima temporada (20112012). “A estabilização do mercado não aconteceu por conta de demanda reprimida. São necessários novos portos, até para diversificar os destinos; e mais logística para que eles suportem um tráfego maior.”
Números
Na temporada 201011 foram aproximadamente 800 mil passageiros, sendo quase 100 mil turistas estrangeiros (não incluídos os passageiros de navios de procedência internacional).
Destes, 62% disseram se tratar da primeira viagem de cruzeiro. Dos valores movidos pelos passageiros e tripulantes lideram as compras no comércio varejista e os gastos com bebidas e alimentos nas cidades portuárias.
Quase 50% dos passageiros têm entre 25 e 44 anos de idade, e mais de 80% viajam acompanhados, como casais ou em família. O Estado de São Paulo é de onde parte a maioria dos viajantes, respondendo por 61% dos passageiros. Santos é o principal porto de embarque e desembarque dos passageiros.

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