terça-feira, 23 de agosto de 2011

ECONOMIA: Com rombo de R$ 1,8 bi, governo decreta intervenção no fundo de pensão Portus

De O GLOBO
Geralda Doca (geralda@bsb.oglobo.com.br)


BRASÍLIA - O governo decreta nesta terça-feira intervenção no fundo de pensão Portus (dos funcionários das Companhias Docas), que tem 11 mil participantes entre ativos e inativos, concentrados no Rio e em Santos. Com um rombo de R$ 1,8 bilhão, a entidade tem fôlego para continuar honrando seus compromissos por no máximo dois anos, segundo fontes. Em 2008, a União aprovou uma ajuda de R$ 400 milhões, sendo que R$ 250 milhões já foram liberados. Mas a gestão atual, que será afastada com o ato, não conseguiu melhorar as contas do fundo.
No prazo definido para a duração da intervenção, o interventor José Crespo terá que apresentar um plano de recuperação do Portus.
Os motivos da intervenção serão explicados pelo ministro da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino. Em fevereiro deste ano, a diretoria da Superintendência de Previdência Complementar (Previc) - que regula os fundos de pensão - já tinha recomendado a medida. Mas o processo atrasou devido às mudanças na Casa Civil, com a saída do ex-ministro Antonio Palocci.
Ao assumir o posto e tratar do assunto, a ministra Gleisi Hoffmann bateu o martelo de que o Portus somente terá suas contas saneadas com a intervenção do governo federal, pois a entidade há dez anos apresenta déficits. Os R$ 150 milhões restantes a serem repassados pela União foram bloqueados até que o ato fosse posto em prática.
Crespo é do mercado e tem experiência em sanear entidades com dificuldades financeiras. Já atuou no Aerus (dos funcionários da Varig e que está em processo de liquidação); no Cibrius (da Conab) e no Previ-Banerj.
O presidente da Federação Nacional dos Portuários, Eduardo Guterra, disse que ficou surpreso com a decisão do governo. Segundo ele, trata-se de uma medida extrema e que poderia ser evitada com um acordo entre as partes (participantes, patrocinadoras e o próprio governo) para sanear o fundo no prazo de 15, 16 anos.
- Isso vai trazer insatisfação no Brasil todo - afirmou Guterra.
Segundo ele, o déficit histórico da entidade se deve ao não pagamento dos compromissos por parte das patrocinadoras Companhias Docas. O sindicalista destacou que mesmo com a extinção da Portobrás, o Portus vem honrando o pagamento dos benefícios dos trabalhadores sem receber por isso - um gasto que chegou a R$ 800 milhões.
- O nosso temor é que o interventor obrigue os participantes a arcar com esse buraco - disse Guterra.
Ele admite, no entanto, que os resultados do fundo ficam comprometidos devido ao tamanho do déficit. A entidade, disse, não tem condições de melhorar seus investimentos.
A diretoria da Portus foi procurada, mas não retornou às ligações do GLOBO.

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