quarta-feira, 30 de setembro de 2009

SAÚDE: Superbactéria hospitalar infecta médico baleado e mulher ferida em assaltos no Rio

colaboração para a Folha Online, no Rio
DIANA BRITO

Exames constataram que duas vítimas de violência no Rio foram infectadas por uma superbactéria hospitalar. O médico Paulo Athayde Salaverry Lopes, 53, baleado na noite do dia 26 de agosto durante um assalto na zona sul, e a professora de educação física Ciléa Dornelles Cordeiro, 27, atingida por um bloco de concreto no rosto no último dia 5 em uma tentativa de roubo na Linha Amarela, passaram por hospitais públicos do município e, atualmente, permanecem internados com a bactéria em unidades particulares.
A assessoria da Clínica São Vicente (zona sul), onde Lopes está em coma induzido desde o dia 27 de agosto, informou que um exame realizado no dia em que o médico deu entrada na unidade confirmou que ele estava infectado pela bactéria chamada de Acinetobacter.
Porém, os médicos da clínica, afirmaram que não é possível identificar onde o paciente adquiriu a superbactéria. Segundo a equipe médica, Lopes está sendo tratado para combater a bactéria, mas continua infectado.
O mesmo acontece com a professora Ciléa que, apesar de ter saído do coma induzido, continua infectada pela bactéria. A contaminação foi constatada em exames logo que a vítima chegou ao hospital Barra D' Or, na Barra da Tijuca (zona oeste), segundo médicos.
Antes de ser transferida para o hospital particular na Barra, a professora ficou internada no hospital municipal Salgado Filho, no Méier (zona norte), de 6 a 11 de setembro. Já o cirurgião geral Lopes ficou apenas duas horas no hospital Miguel Couto, também do município, na Gávea (zona sul), sendo transferido no início da madrugada do dia 27 de agosto para a Clínica São Vicente.
A Secretaria Municipal de Saúde nega incidência de bactéria nos hospitais municipais. A assessoria do órgão afirmou que antes da professora ser transferida para a unidade particular, ela realizou exames no hospital Salgado Filho que não identificaram a bactéria em seu organismo. Já o médico baleado, segundo a secretaria, não chegou a fazer exames para detectar a infecção.
Resistente
O infectologista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Edimilson Migowski, afirmou que a superbactéria é chamada dessa forma por ser resistente a vários medicamentos. Segundo o especialista, ela também pode causar uma infecção generalizada em pacientes com imunidade baixa e até causar a morte.
Migowski ainda disse que esse tipo de bactéria é frequente em hospitais que fazem uso de antibióticos. Porém, a incidência da chamada Acinetobacter é maior em locais com pouca higiene e sobrecarga de trabalho.
"Um paciente com um estado crítico, que foi agredido com uma bala ou com um bloco de concreto, que está muitas vezes inconsciente, é um 'prato cheio' para essas infecções oportunistas", afirmou. "Quando você já tem um quadro de tamanha gravidade e acrescenta uma infecção bacteriana por um patógeno, que tem o perfil de resistência muito amplo aos antibióticos, potencializa a gravidade e torna o prognóstico desse paciente mais sombrio", disse o especialista.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |