segunda-feira, 27 de novembro de 2017

LAVA-JATO: Moro diz que sofreu 'ataques sujos' durante processos da Lava-Jato

OGLOBO.COM.BR
POR SÉRGIO ROXO

Em evento, juiz afirma que diálogo entre Dilma e Lula tinha trechos 'não republicanos'

Juiz Sergio Moro participa de evento organizado pela revista Veja, em São Paulo - Marcos Alves / Agência O Globo

SÃO PAULO — O juiz Sergio Moro afirmou nesta segunda-feira que sofreu "ataques sujos" durante a condução dos processos da Lava-Jato. O magistrado não citou nomes nem exemplos desses ataques, que mencionou ao falar de suas frustrações ao longo do processo.
— Um lado negativo que eu realmente não esperava foram alguns ataques sujos, por conta desses casos envolverem pessoas da política — disse Moro, durante uma entrevista pública promovida pela revista "Veja", em que acusou os políticos de se omitirem no combate à corrupção no país.
Ao longo da entrevista, Moro defendeu a divulgação da conversa telefônica entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, em março do ano passado, e disse que o diálogo tem trechos "não republicanos". Na conversa gravada com autorização do magistrado, Dilma diz a Lula que mandará um assessor entregar-lhe o seu termo de posse como ministro da Casa Civil, que só deveria ser usado "em caso de necessidade". A nomeação garantiria ao ex-presidente o foro privilegiado e o tiraria do alcance de Moro.
— Na minha opinião, eu fiz exatamente o que a lei exigia e o que era necessário. Acho que o conteúdo daquele diálogo deveria vir a público porque não era exatamente conversas republicanas. O problema não foi tanto a divulgação, mas o conteúdo do diálogo — afirmou.
A divulgação da conversa entre os petistas foi um dos fatos mais polêmicos da Lava-Jato. Alguns juristas defendiam que Moro, por ser um juiz de primeira instância, não teria poder para divulgar conversas de um presidente da República. O grampo autorizado pelo magistrado não era sobre o telefone de Dilma, e sim do utilizado por Lula.
— Essas coisas têm que vir a público. Os governantes têm responsabilidade sobre os governados e devem agir com absoluta transparência — argumentou Moro, que novamente se recusou a responder se determinará a prisão de Lula.
PRISÃO DE LULA
Em outro trecho, o magistrado disse que a sua "maior frustração" em quase quatro anos à frente da Lava-Jato foi ver que os políticos não tomaram nenhuma medida para ajudar no combate à corrupção.
— Eu tinha uma expectativa de que, diante da magnitude desse problema, o tratamento não ficasse restrito às cortes de Justiça. Para superação desse nível de corrupção, seriam necessárias reformas por parte das nossas lideranças políticas. Deveriam vir da nossa liderança política iniciativas para eliminação do foro privilegiado e do loteamento de cargos públicos. Mas o que se verifica é quase uma completa omissão em promover mudanças dessa espécie.
Em entrevista coletiva depois do evento, Moro disse novamente que o país precisa de um plano de combate à corrupção, no molde do Real.
— O Plano Real é, hoje visto por todos os espectros políticos, como um plano bem-sucedido de enfrentamento da hiperinflação. A meu ver, o que nós precisamos é de uma espécie de Plano Real contra a corrupção.
De acordo com o juiz, as mudanças com relação ao foro privilegiado deveriam ser mais amplas dos que as discutidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
— Talvez eliminar por completo o foro privilegiado, inclusive para magistrados. Eu abro mão do meu foro.

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