quarta-feira, 5 de abril de 2017

POLÍTICA: Jantar na casa de Kátia Abreu não consegue evitar ‘fritura’ do governo Temer liderada por Renan

OGLOBO.COM.BR
POR MARIA LIMA

Confraternização, que contou com caciques do PMDB no Nordeste, foi dominada pelo tom crítico adotado pelo ex-presidente do Senado nos últimos dias

A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) e o então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - Senado/Divulgação

BRASÍLIA - A anfitriã bem que tentou convencer os senadores governistas do PMDB de que o jantar em sua casa não seria uma reunião dos rebelados liderados por Renan Calheiros (AL) contra o governo Michel Temer. O regabofe desta vez, na casa da ex-ministra dilmista Kátia Abreu (PMDB-TO), entrou pela madrugada desta quarta-feira e foi dominado por críticas à política econômica e às reformas do propostas pela equipe do atual presidente.
Renan, que à tarde atacou duramente o governo e admitiu afinidade com o ex-presidente Lula, não perdeu a oportunidade de continuar com o discurso provocativo nas mesas por onde passou.
— Diziam que a Dilma não sabia onde ia, e o Temer não tem para onde ir — disse Renan, segundo um dos senadores presentes.
Fazendo o contraponto da queda de braço de Renan com Temer e os ministros palacianos, o presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), não compareceu ao jantar. Os senadores Valdemir Moka (PMDB-MS) e Simone Tebet (PMDB-MS) também não foram. Dos 22 senadores da bancada, mais da metade (12) marcou presença no jantar festivo de Kátia e Renan.
Mas o time de Renan foi reforçado pelo ex-presidente José Sarney e a filha Roseana Sarney. Jader Barbalho (PMDB-PA) foi acompanhado do filho ministro Hélder Barbalho, da Integração Regional. Para tentar acalmar Renan, também foi ao jantar o ministro do Planejamento Dyogo Oliveira.
— Eu tive que cortar um dobrado para convencer os senadores que essa festa não era para discutir rompimento — disse a senadora Kátia Abreu durante o evento.
A confraternização, segundo ela, foi motivada pela vontade de reunir os colegas e lhes oferecer um prato típico do Tocantins, a fritada de aratu, um caranguejinho da região.
— Na fritada de aratu, Temer também foi fritado — brincou um dos senadores presentes.
MOREIRA E PADILHA COM ORELHAS QUENTES
Nas conversas, além de Temer, sobrou ataques também para os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Moreira Franco. Acusaram os três de não terem sido eleitos nas últimas eleições que disputaram no voto, e que que por não serem candidatos em 2018, estão impondo o “suicídio” político a quem precisa de voto para garantir um mandato ano que vem.
— Nenhum deles é candidato a nada e nas últimas eleições perderam. Agora querem cobrar dos parlamentares o apoio às reformas. Querem impor isso ao Congresso. O povo não quer e os congressistas vivem do voto. Estão nos propondo um suicídio — reclamou um dos aliados de Renan.
O senador Hélio José (PMDB-DF) disse que Sarney reforçou o discurso de Renan, de que o governo tem que dialogar mais.
— O governo não discutiu nada conosco, sancionou a lei da terceirização a contragosto do Senado. O Renan é muito inteligente, está preocupado com o país, as coisas não estão andando bem. Está cada vez mais convencido que o povo pobre do Nordeste é quem vai pagar o pato. O Sarney também está preocupado com a situação, diz que o presidente Temer tem que dialogar mais — contou o senador Hélio José.
A discussão sobre a lei de abuso de autoridade também foi discutida, pelo relator da matéria, senador Roberto Requião (PMDB-PR).
— Amanhã (hoje) eu vou fazer um discurso sobre essa lei. Que lei é essa que vai punir abuso de autoridade no Ministério Público e Judiciário, e quem vai julgar é juiz e promotor? — protestou Jader, segundo um dos senadores presentes.
Estiveram no jantar, além da anfitriã e Renan, os senadores Dario Berger (PMDB-SC), o líder do governo e presidente do partido Romero Jucá (RR), Garibaldi Alves (RN), Marta Suplicy (SP), Rose de Freitas (ES), Roberto Requião (PR), Hélio José (DF), Elmano Ferrer (PI) e Raimundo Lira (PB).

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