sexta-feira, 7 de abril de 2017

MUNDO: Putin: Ataque dos EUA à Síria é agressão a um Estado soberano

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Bombardeio contra base militar deixou 9 civis mortos. Presidente russo afirma que ação foi baseada em 'pretextos inventados'. Moscou reforçará defesa aérea do Exército sírio

O presidente russo Vladimir Putin em encontro com o Conselho de Segurança em Moscou - Alexei Nikolsky / AP

MOSCOU — O presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou o bombardeio dos Estados Unidos contra uma base militar na Síria uma "agressão contra um Estado soberano", baseada "em pretextos inventados", informou o Kremlin nesta sexta-feira. Em uma mudança de postura em relação ao regime de Bashar al-Assad, o presidente americano, Donald Trump, ordenou o bombardeio na noite de quinta-feira em retaliação ao ataque químico que matou mais de 70 pessoas em uma cidade controlada pelos rebeldes no Noroeste da Síria. De acordo com o Exército russo, apenas 23 dos 59 mísseis lançados pelos EUA atingiram a base aérea síria, deixando nove mortos — incluindo quatro crianças. Esta é a primeira agressão direta dos EUA contra o governo de Assad em seis anos de guerra civil.
"O presidente Putin considera que os bombardeios americanos contra a Síria são uma agressão a um Estado soberano, que violam as normas do direito internacional", declarou o porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov, afirmando que a ação foi baseada em "pretextos inventados". "Esta ação de Washington causa um dano considerável nas relações russo-americanas, que já se encontram em um estado lamentável".
A base de al-Shayrate, na província de Homs (centro da Síria), foi atacada às 0h40 (21h40 de Brasília, na quinta-feira) por 59 mísseis "Tomahawk" disparados pelos navios americanos "USS Porter" e "USS Ross". Os mísseis estavam no Mediterrâneo e foram lançados em resposta ao ataque químico de terça-feira na localidade de Khan Sheikhun, atribuído por Washington ao regime sírio.

Imagem de transmissão na televisão estatal síria mostra base militar que foi atingida por ataque ordenado pelo presidente Donald TrumpFoto: REUTERS TV / REUTERS
Imagem divulgada pela Marinha dos EUA mostra destruidor de mísseis guiados passando pelo MediterrâneoFoto: FORD WILLIAMS / AFP
Imagem de satélite divulgada pelo Departamento de Defesa dos EUA mostra base aérea de Shayrat, na Síria; dezenas de projéteis foram lançados em resposta a ataque químico de terça-feira, atribuído ao regime sírio pela Casa BrancaFoto: AP
Destruidor de mísseis guiados dos EUA lança ataque com mísseis no Mediterrâneo; ataque de Trump foi o primeiro diretamente contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, desde o início da guerra civil Foto: Ford Williams / AP
Míssil tomahawk ilumina navio americano parado no Mar Mediterrâneo em ataque contra a SíriaFoto: Ford Williams / AP
Míssil disparado pelos EUA passa por trás de bandeira americana em navio no Mediterrâneo - Foto: AFP

Segundo Peskov, a ação ordenada por Trump cria sérios obstáculos para a constituição de uma coalizão internacional para lutar contra o terrorismo. O porta-voz negou que o Exército sírio possua reservas de armas químicas, recordando que a destruição do arsenal químico de Damasco foi verificada por organizações internacionais.
Para o presidente russo, "os ataques americanos na Síria são uma tentativa de desviar a atenção da comunidade internacional das numerosas vítimas civis no Iraque" em razão dos ataques aéreos contra o grupo Estado Islâmico em Mossul, onde dezenas de civis foram mortos no final de março.
Depois do bombardeio, o porta-voz militar russo disse que Moscou reforçará as defesas aéreas do Exército sírio. Em outra reação ao ataque, a Rússia decidiu suspender o acordo assinado com os EUA para evitar incidentes com aeronaves dos dois países na Síria — ambos combatem o Estado Islâmico no território sírio.
"A fim de proteger a infraestrutura síria mais sensível, uma série de medidas será tomada o mais rápido possível para fortalecer e melhorar a eficácia do sistema de defesa aéreo das Forças Armadas Sírias", disse o porta-voz Igor Konachenkov.
A agência de notícias estatal da Síria informou que o ataque à base área matou ao menos nove civis, incluindo quatro crianças, e atingiu nove aviões sírios. Segundo a Sana, os civis foram mortos em vilarejos perto da base. Mais sete pessoas ficaram feridas e casas na região foram severamente danificadas.
O local atacado pelos mísseis dos EUA - Editoria de arte

Os militares sírios chamaram o ataque de “agressão descarada” e disseram que a ação tornou os Estados Unidos um “aliado” de “grupos terroristas”, incluindo o Estado Islâmico.
O ataque levou os Estados Unidos a confrontarem diretamente a Rússia, que tem forças militares no terreno em apoio a Assad, e foi respaldado por países ocidentais.
Nesta sexta-feira, o presidente da França, François Hollande, disse que a "resposta" dos Estados Unidos na Síria após o ataque químico deve "agora prosseguir em nível internacional".
— Considero que esta operação foi uma resposta — disse Hollande. — Agora, deve prosseguir em nível internacional, se for possível no âmbito das Nações Unidas, para que possamos sancionar Bashar al-Assad e evitar que voltem a ser utilizadas armas químicas.
Trump anunciou o ataque de sua residência de Mar-a-Lago, na Flórida, onde recebia o presidente da China, Xi Jinping
— Anos de tentativas anteriores de mudarem o comportamento de Assad fracassaram e fracassaram drasticamente — disse Trump. — Até bebês foram cruelmente assassinados por esse ataque selvagem.
Países ocidentais culpam o regime de Assad pelo ataque químico, o que Damasco nega. Na versão da Rússia, aviões sírios teriam bombardeado um depósito dos rebeldes que continha substâncias tóxicas.
— Nenhum filho de Deus deveria passar por tanto horror — assinalou o presidente americano.

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