quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

MUNDO: Trump diz acreditar que Rússia está por trás do hackeamento nas eleições

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Republicano acusa Inteligência de vazar dossiê em 'grande conspiração' contra sua eleição

U.S. President-elect Donald Trump speaks during a news conference in the lobby of Trump Tower in Manhattan, New York City, U.S., January 11, 2017. REUTERS/Lucas Jackson - LUCAS JACKSON / REUTERS

NOVA YORK — Em sua primeira entrevista coletiva como presidente eleito dos EUA, Donald Trump disse acreditar que a Rússia está por trás dos ciberataques contra o Comitê Nacional Democrata durante a corrida eleitoral. O republicano também criticou o vazamento de um dossiê com supostas revelações constrangedoras sobre seu envolvimento com prostitutas e autoridades russas, afirmando que foi vazado por agências de Inteligência em uma grande conspiração para minar a sua vitória eleitoral. O republicano afirmou ainda que seus negócios serão transferidos para um trust a ser gerenciado por dois de seus filhos e prometeu doar lucros no exterior para o Tesouro. Foi a primeira vez após a eleição em que ficou frente a frente com repórteres para responder sobre assuntos um tanto quanto polêmicos em torno do seu futuro mandato, que deverá começar em nove dias. Na entrevista, não faltou discussão com repórter e até mesmo seu bordão usado na TV, no que pode dar a tônica de sua Presidência.
A entrevista vem num momento especialmente sensível para o republicano, depois de uma longa e intensa campanha presidencial recheada de controvérsias. Na terça-feira, o site "Buzzfeed" vazou o dossiê: uma coleção de memorandos escritos ao longo de vários meses, com alegações sobre contatos entre assessores de Trump e funcionários russos, além de informações sobre supostos encontros do bilionário com prostitutas em hotéis de Moscou. (Entenda o que diz o dossiê.)
O relatório não teve sua veracidade comprovada oficialmente, mas gerou uma forte polêmica após ser divulgado por toda a imprensa americana. Uma das alegações é que a equipe de Trump apoiou os ciberataques de Moscou para prejudicar a chapa democrata durante a corrida eleitoral. Quando perguntado sobre a suspeita do governo americano sobre os hackers russos, Trump respondeu:
— Eu acho que foi a Rússia — disse, acrescentando, no entanto, que acreditava que os EUA haviam sido hackeados por outros países, incluindo, provavelmente, a China.
No fim da entrevista, uma repórter que perguntou se sua campanha havia tido contato com a Rússia. Trump se esquivou, limitando-se a responder:
— A Rússia terá muito mais respeito pelo nosso país quando eu estiver liderando. Você vai ver isso.
Antes, o magnata negara, como já havia dito pelas redes sociais, ter ligações com a Rússia. Rejeitou que mantenha acordos, empréstimos ou pendências com o Kremilin. Afirmou, no entanto, que poderia fazer negócios com a Rússia facilmente, mas optou por não fazê-los por saber que seria questionado sobre isso. Ele também afirmou que no fim de semana recebeu uma oferta de US$ 2 bilhões para fazer um negócio em Dubai, e que a recusou para evitar conflitos de interesses.
Além disso, Trump voltou a garantir que o México pagará pelo muro que ele promete construir na fronteira com os EUA. Disse que o país deverá reembolsar o dinheiro gasto com as obras pelos EUA, para acelerar a construção da barreira, cujo objetivo é frear a imigração ilegal. Repetidamente acusado de xenofobia e discriminação contra latinos, Trump disse que adora os mexicanos que trabalham para ele e elogiou o governo do país — que, segundo ele, no entanto, tira vantagens dos EUA.
NEGÓCIOS VÃO PARA TRUST ADMINISTRADO PELOS FILHOS
O magnata nova-iorquino disse que dois dos seus filhos, Donald Jr. e Eric, assumirão a liderança dos seus empreendimentos imobiliários enquanto for presidente dos EUA. Já esperava-se que ele comentasse o seu plano para se desvincular dos negócios na entrevista de hoje. A medida, no entanto, foi criticada pelo site "Politico", afirmando que, dessa forma, o presidente não estará completamente desvinculado dos negócios, ao contrário do que aconteceria se optasse por um blind trust garantiria a isenção.
Segundo o presidente, caso os filhos não administrem corretamente ele poderá demiti-los, encerrando a entrevista com seu bordão na TV:
- Está demitido.
Numa longa explanação, Sheri Dillon, advogada de Trump, deu detalhes sobre o afastamento do presidente eleito. Ela afirmou que vários dos seus bens já foram liquidados. Os que restarem serão transferidos até 20 de janeiro, data da posse, para o trust, administrado pelos dois filhos. A filha Ivanka, no entanto, já deixou os negócios. Um conselheiro de ética deverá aprovar qualquer novo negócio do conglomerado no país, enquanto novos negócios no exterior não serão realizados.
'PESSOAS DOENTIAS'
O documento vazado na terça-feira cita a existência de um vídeo de caráter sexual filmado clandestinamente pelos serviços russos durante uma visita do magnata a Moscou em 2013. A gravação, cuja existência não foi confirmada oficialmente, mostraria Trump com prostitutas em hotéis da capital russa. Na entrevista desta quarta-feira, Trump disse câmeras são frequentes em hotel e que sempre esteve ciente disso.
— Eu sou muito cuidadoso. E disse para meus guarda-costas: sejam cuidadosos, porque colocam câmeras nos lugares mais estranhos.
O relatório teria sido escrito por um ex-agente britânico, considerado confiável pelos serviços de Inteligência dos Estados Unidos. As informações aludem também a supostas trocas de informações durante vários anos entre Trump e o Kremlin. Logo após a divulgação do material, a Rússia negou ter informações comprometedoras sobre Trump e classificou as alegações como “falsas” e um “absurdo total”.
— Acho uma desgraça que essa informação vazasse. É tudo notícia falsa. Não aconteceu. Foi um grupo de opositores que se uniu, gente doentia, que vazou.
A rede CNN divulgou a informação primeiro, citando fontes oficiais com conhecimento direto do documento. Já o "Buzzfeed" afirmou que o relatório tem circulado entre funcionários do governo, agentes de inteligência e jornalistas há semanas e que as informações não são verificadas. Durante a entrevista coletiva, Trump fez duras críticas à CNN. Um jornalista que representava o canal de televisão pediu o microfone para se pronunciar sobre o assunto.
Na mesma hora, Trump interrompeu o repórter e não permitiu que ele terminasse a frase. Rapidamente, o presidente eleito e o jornalista elevaram o tom de voz enquanto falavam agitadamente ao mesmo tempo.
— Não seja rude — disse, enquanto o repórter continuava tentando falar. — Não seja rude. Eu não vou te deixar fazer uma pergunta porque você publica notícias falsas.

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