terça-feira, 10 de janeiro de 2017

ECONOMIA: Vale salta 6%, e Bolsa encerra com alta de 0,7%; dólar fecha em R$ 3,199

OGLOBO.COM.BR
POR RENNAN SETTI / JULIANA GARÇON

Alta do minério e expectativa sobre corte de juros dão tom ao pregão

- Akos Stiller / Bloomberg

RIO — O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 0,70% nesta terça-feira, aos 62.131 pontos, puxado pela valorização de mais de 6% da Vale com a alta do minério de ferro na China e pela expectativa de corte de juros pelo BC na quarta-feira. No câmbio, o dólar comercial fechou estável, cotado a R$ 3,199 para venda, alta de apenas 0,03%.
Além do bom humor garantido pela melhora das commodities, o sucesso da emissão feita ontem pela Petrobras, de US$ 4 bilhões, também tem impacto na Bolsa, com estrangeiros mais animados em relação ao mercado brasileiro, diz Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, lembrando que os fluxos de investimento pressionam o dólar para baixo.
— A emissão, com demanda de US$ 20 bilhões, é relevante não só para companhia, mas também para a imagem das empresas brasileiras no exterior, mostrando uma mudança significativa do padrão corporativo — diz Figueredo.
Ontem, a moeda americana fechou com depreciação de 0,77% no Brasil, a R$ 3,198, menor valor desde 8 de novembro, pressionada por um fluxo moderado de investimentos estrangeiros e pelo anúncio de uma emissão de bônus da Petrobras.
Os investidores observam a reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central, que começa hoje e termina amanhã, com anúncio da meta para a taxa Selic, referência para juros no Brasil. Os analistas preveem corte de 0,5 ponto percentual, mas alguns esperam um corte maior, de 0,75 ponto percentual, após resultados fracos da atividade econômica.
Para Alfredo Sequeira Filho, presidente da assessoria de investimento DNA Invest, a possibilidade de haver um corte de 0,75 ponto percentual nos juros é o principal motivador da Bolsa hoje:
— Apesar da tendência favorável proporcionada pelo minério de ferro, acredito que a Bolsa esteja operando com base na expectativa do Copom. O Itaú, por exemplo, está apostando em uma redução de 0,75 ponto percentual — afirmou. — Caso isso de fato aconteça, há uma possibilidade de haver ainda mais queda do dólar. Embora a queda de juros leve, geralmente, ao enfraquecimento da moeda de um país, nesse caso o corte seria um sinal positivo sobre o futuro da atividade econômica no Brasil. Isso poderia levar a mais investimento externo no setor produtivo.
NOTICIÁRIO CHINÊS IMPULSIONA MINÉRIO
A Petrobras se recuperou após o declínio de ontem e avançou 1,67% nas ON e 0,98% nas PN. Isso apesar de o petróleo cair 2,33% (Brent), a US$ 53,66, com especulações de que o estoque americano do produto está subindo.
— A demanda pela captação feita ontem pela companhia, que teria chegado a US$ 20 bilhões, representou um importante sinal de confiança dos investidores na Petrobras — disse Chow Juei, gestor de recursos da Spinelli Corretora.
Com a alta de 2,19% do minério de ferro no porto de Qingdao, a US$ 77,73, a mineradora Vale teve alta de 7,70% nas ações ON (ordinárias, com direito a voto) e 6,30% nas PN (preferenciais, sem voto). Bradespar, acionista da mineradora, ganhou 5,51%. A Metalúrgica Gerdau avança 1,15%, enquanto a CSN teve alta de 2,18%. A Usiminas subiu 0,44%.
— A alta da Vale foi tão expressiva porque a China responde por cerca da metade das vendas da mineradora — acrescentou Juei.
A alta do minério refletiu uma série de notícias sobre a economia chinesa. Um delas é sobre o índice de preços ao produtor da China, que teve a maior alta em mais de cinco anos em dezembro. O indicador avançou 5,5% na comparação com o mesmo mês de 2015. A expectativa dos investidores era de que houvesse um avanço de 4,6%.
Outra notícia que influencia o preço da commodity é sobre a China ter paralisado oito projetos siderúrgicos na província de Hebei, um importante polo do setor, por violação da regulamentação do governo sobre o corte de capacidade, informou a agência de notícias Bloomberg, atribuindo a informação a fontes anônimas. Já a agência oficial chinesa Xinhua noticiou que o governador de Hebei, Zhang Qingwei, afirmou no domingo que a região continuará cortando sua capacidade de produção de aço e ferro este ano.
O país também vai eliminar a produção de produtos de baixa qualidade feitos a partir da reciclagem de aço no dia 30 de junho, informou a “Shanghai Securities News”, citando reunião da Associação de Ferro e Aço da China. De acordo com Ma Guoqiang, chefe da associação, a eliminação desse tipo de produto é uma das prioridades de Pequim em seu plano de cortar a capacidade de produção.
A ação da BRF subiu 0,48%, depois de a companhia de alimentos ter formado com a Qatar Investment Authority, fundo soberano do Qatar, joint venture para comprar a Banvit, maior produtora de frango da Turquia. A BRF terá 60% da joint venture. O negócio total será de de US$ 470 milhões.
EXPECTATIVA POR ENTREVISTA DE TRUMP
Na Europa, aos principais índices operam em alta. Em Londres, o FTSE 100, com valorização de 0,52%, chegou à máxima histórica, com a libra esterlina se recuperando, após tombar ao menor patamar desde o plebiscito do Brexit. O DAX, de Frankfurt, ganhou 0,17%. Em Paris, o CAC 40 fechou estável.
Em Wall Street, as ações flutuam com pouca variação. O índice Dow Jones registra queda de 0,16%, enquanto a Nasdaq sobe 0,36%. O S&P 500 opera praticamente estável, com alta de apenas 0,08%.
O compasso de espera é justificado pela expectativa com relação ao pronunciamento de Donald Trump, que fará na quarta-feira sua primeira coletiva de imprensa desde julho. A dez dias da posse, os investidores esperam que o presidente eleito dê indicações sobre sua política econômica, após ter prometido durante a campanha eleitoral empregar uma política de estímulo fiscal.
Na Turquia, a lira caiu 1,5% chegou a mínima histórica contra o dólar, enquanto o Parlamento debate emendas constitucionais que dariam ao presidente Recep Tayyip Erdogan amplos poderes e poderiam limitar os equilíbrios de poder. Nesta manhã, a cotação foi a 3,7779 por dólar, contra 3,63 da véspera. Desde o início do ano, a moeda acumula depreciação de 7%.
Na China, o dia foi de realização de lucros, após uma recente alta forte alimentada por expectativas de reformas. Em Xangai, o SSEC perdeu 0,29%. Em Hong Kong, o índice Hang Seng subiu 0,83%. Em Tóquio, o Nikkei recuou 0,79%.

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