sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

MUNDO: Trump admite pela 1ª vez chance de Rússia ter feito ciberataque

UOL

Lucas Jackson/Reuters

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, admitiu nesta sexta-feira (6) a possibilidade de a Rússia ter hackeado alvos americanos, incluindo o Comitê Nacional do Partido Democrata, depois de um encontro de mais de duas horas com a cúpula da Inteligência americana. Entretanto, Trump assegurou que a ação de hackers não influenciou no resultado da eleição.
"Ainda que Rússia, China, outros países, grupos e pessoas tentem, continuamente, invadir a estrutura cibernética das nossas instituições governamentais, empresas e organizações, incluindo o Comitê Nacional Democrata, não houve - absolutamente - qualquer efeito no resultado da eleição", afirmou o republicano, em um comunicado.
O magnata anunciou ainda um esforço urgente para conter os ataques cibernéticos ao país.
A reunião aconteceu em um momento de alta tensão entre a comunidade de Inteligência e o futuro presidente, que questionou os relatórios de que Moscou inclinou as eleições a seu favor.
A poucas horas da reunião, em declarações ao jornal "The New York Times", Trump havia deixado claro que a tarefa de convencê-lo não seria fácil.
De acordo com o magnata, a polêmica sobre a interferência russa nas eleições americanas não passa de uma "caça às bruxas", porque ignora a capacidade de outros atores - como a China - e tem motivações políticas.
"Há relativamente pouco tempo, a China pirateou os nomes de 20 milhões de funcionários do governo", invadindo servidores do Escritório de Administração de Pessoal em 2014 e 2015, lembrou o presidente eleito.
"Como é que agora ninguém sequer fala disso? É uma caça às bruxas política", comentou.
Em uma aparente referência aos derrotados nas urnas em novembro, Trump disse ao jornal que "estão muito envergonhados".
"De certa forma, é uma caça às bruxas. Se concentram apenas nisso", alfinetou.
O republicano ressaltou, porém, que não quer "que haja países pirateando o nosso país. Piratearam a Casa Branca. Piratearam o Congresso. Somos a capital mundial da ciberpirataria".
Participaram do encontro o diretor de Inteligência Nacional, James Clapper; o chefe da Agência de Segurança Nacional (NSA), Mike Rogers; o diretor do FBI (a Polícia Federal), James Comey; e o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), John Brennan.
'Muita confiança'
Na quinta-feira (5), perante o Comitê de Serviços Armados do Senado, Clapper disse ter "muita" confiança nas provas coletadas.
"Os russos têm uma longa história de interferência nas eleições, nas suas e nas de outros povos", afirmou.
"Mas nunca havíamos encontrado uma campanha tão direta para interferir com o processo eleitoral como vimos neste caso", acrescentou.
"Tratou-se de uma campanha multifacetada", na qual os ciberataques foram "apenas uma parte, já que também incluía propaganda clássica, desinformação e notícias falsas", completou Clapper.
Em testemunho apresentado por escrito, Clapper e Rogers, assim como o subsecretário de Defesa para Assuntos de Inteligência, Marcel Lettre, afirmaram que "apenas os mais altos dirigentes russos poderiam ter autorizado" essa operação, durante a qual os hackers roubaram arquivos e e-mails do Partido Democrata.
Estes arquivos foram publicados pelo WikiLeaks, prejudicando a imagem do partido e minando os esforços de campanha da candidata democrata Hillary Clinton.
"A Rússia assumiu claramente uma postura mais agressiva, ao aumentar as operações de ciberespionagem, vazaram os dados roubados nessas operações e atacaram sistemas críticos de infraestrutura", completou Clapper.
Dúvidas de Trump
Trump, que prometeu uma aproximação com o governo do presidente Vladimir Putin deois de sua posse, rejeitou repetidamente essas afirmações.
No Twitter, o magnata republicano zombou dos erros anteriores de Inteligência da CIA, do FBI e de outras agências, e desafiou seus chefes a provar que os ciberataques e os vazamentos são provenientes do governo de Putin.
Na noite de ontem, Trump voltou a perguntar "como e por que eles estão tão certos sobre o ciberataque", afirmando que o Comitê Nacional Democrata impediu o FBI de ter acesso aos seus servidores.
O site BuzzFeed News afirmou que, de fato, o FBI nunca pediu para examiná-los.
Um funcionário familiarizado com o relatório confirmou à rede CNN que os intermediários que entregaram os e-mails roubados pela Rússia ao WikiLeaks foram identificados.
Além disso, as agências de Inteligência americanas interceptaram comunicações de funcionários russos de alto escalão que diziam ter celebrado a vitória de Trump como uma vitória para Moscou, segundo o jornal The Washington Post.
Uma versão "desclassificada" do relatório apresentado ao presidente - com detalhes sensíveis apagados - será publicada na próxima semana.
"Acredito que o público deva saber tudo o que for possível", defendeu Clapper.
A esperada audiência de quinta-feira no Senado não ofereceu novas evidências, porém, para apoiar as acusações contra a Rússia.
Quando os senadores pediram que fornecesse mais provas, Clapper repetidamente indicou que não podia fazer isso em público, porque poderia prejudicar as fontes e operações da comunidade de Inteligência.

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