terça-feira, 3 de janeiro de 2017

ECONOMIA & FINANÇAS: Bolsa salta 3,2% com petróleo e dados econômicos positivos de China e EUA

OGLOBO.COM.BR
POR JULIANA GARÇON / RENNAN SETTI

Fluxo faz dólar recuar 1% contra o real, valendo R$ 3,250

- Dado Galdieri / Bloomberg

RIO - A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em alta de 3,18% nesta terça-feira, aos 61.486 pontos, puxada pelos saltos das ações da Petrobras, de bancos, Vale e siderúrgicas. A Bolsa brasileira registra o melhor desempenho entre os principais pregões do mundo hoje em um dia de otimismo global. O barril do petróleo chegou atingir a maior cotação em 18 meses, depois de cortes de produção pelo Kuwait e por Oman sinalizarem que a Opep e seus parceiros estão comprometidos com o acordo celebrado no ano passado. O barril perdeu força à tarde, por causa da valorização em escala global do dólar, mas isso foi motivado por dados favoráveis vindos da economia americana. Além do petróleo, as ações também estão sendo sustentadas pelo otimismo com a economia chinesa, cuja atividade industrial expandiu mais do que o esperado em dezembro.
No câmbio local, o dólar recua 1%, na contramão do mercado externo, a R$ 3,250, pressionado pelo fluxo de dólares para o país.
O barril do tipo West Texas Intermediate com vencimento em fevereiro chegou a encostar em US$ 55,24, o maior valor desde julho de 2015, enquanto o Brent para março avançou até US$ 58,37, também o maior valor desde julho de 2015. Ambos os tipos de barril agora operam em leve queda, tendo perdido força com o fortalecimento do dólar.
A dívisa americana avança 0,61% frente às dez principais divisas do mundo. O dólar chegou a valer 1,034 por euro, seu maior valor diante da moeda europeia em 14 anos. O movimento de alta veio após dados terem mostrado que a indústria americana avançou no maior patamar em dois anos, o que indica maior espaço para o Fed subir juros.
Apesar disso, as ações da Petrobras continuam em forte alta, avançando 5,39% (PN) e 5,69% (ON).
Além do petróleo, as ações também estão sendo sustentadas pelo otimismo com a economia chinesa. A atividade industrial da China expandiu mais do que o esperado em dezembro uma vez que a demanda acelerou, com a produção alcançando a máxima em quase seis anos, mostrou nesta terça-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit. O indicador subiu a 51,9 de 50,9 em novembro, superando facilmente a expectativa de analistas de 50,7. A produção cresceu no ritmo mais rápido desde janeiro de 2011, com uma leitura de 53,7, e as novas encomendas também aumentaram de forma significativa, embora as empresas tenham continuado a cortar funcionários e a uma taxa mais rápida do que em novembro.
Isso favorece ações de siderúrgicas, como Gerdau, Usiminas e CSN e também a Vale - embora o minério de ferro tenha registrado queda de 1,22% na China hoje, a US$ 77,91.
— O comportamento do Ibovespa hoje está todo atrelado ao mercado internacional com petróleo e commodities metálicas, pois o índice tem grande correlação com esses setores — diz Raphael Figueredo, analista da Clear Investimentos. — O bom humor deve permanecer ao longo de todo o dia, já que as commodities se mantêm firmes.
Nos EUA, o S&P ganha 1% e o Dow Jones, 0,67%, com o índice que mede a produção industrial no maior ritmo em dois anos, apoiada na alta de novos pedidos e do nível de emprego: o índice de ordens de gerentes de compras (ISM, na sigla em inglês) subiu de 52,2 para 54,7 pontos em dezembro. A indústria representa 12% da economia dos EUA. Outro relatório, do Departamento do Comércio, informou que os gastos com construção aumentaram 0,9% em novembro, nível mais alto desde abril de 2006. Os relatórios sugerem que Donald Trump está herdando uma economia forte, marcada por um mercado de trabalho perto do pleno emprego.
Na Europa, os investidores se animaram com a produção industrial do Reino Unido - o índice PMI saiu de 53,4 pontos em novembro para 56,1 pontos em dezembro, maior nível em dois anos, mesmo com o espectro do Brexit rondando. Além disso, na Alemanhã, o índice de inflação dobrou em dezembro e atingiu 1,7%, na taxa anualizado, a taxa em três anos, bem acima do 0,8% do mês anterior. Em Londres, o FTSE 100 tem valorização de 0,83%. Em Frankfurt, o Dax ganha 0,22% e, em Paris, o CAC 40 sobe 0,94%.
Investidores apostam em melhora dos ganhos da Vale, e a mineradora ganha 3% nas PN e 2,3% nas ON, apesar do recuo de 1,22% do minério de ferro na China. No Brasil, as siderúrgicas refletem o otimismo: Usiminas sobe 3,92%; Gerdau Metalúrgica, 4,85%; e CSN, 4,05%.
— Na Vale, há ainda a expectativa de resultado acima do esperado, após saírem dados mostrando exportações de minério de ferro no quarto trimestre do ano passado, de 97 milhões de toneladas, com alta de 24% na receita na comparação com o mesmo período do ano anterior, beneficiada pela alta do minério — diz Paulo Gomes, economista da Azimut Wealth Management.
O metal teve ganho de 41,19% no quatro trimestre, saltando de US$ 55,86 para US$ 78,87.
Para Adeodato Neto, chefe de mercados da Eleven Research, a nomeação de Robert Lighthizer, historicamente protecionista, como representante do Comércio dos EUA, está ajudando as ações ligadas ao setor de aço.
— A chegada dele fortalece a tese de uma virada contra os incentivos chineses, principalmente na indústria do aço, impulsionando as ações ligadas ao setor — avalia.
No setor imobiliário, Gafisa dispara 9%, com investidores animadas pela perspectiva de queda dos juros maior que o esperado, conforme indicou a pesquisa Focus, do Banco Central, divulgada ontem.
— A perspectiva favorece o setor como um todo, mas para a Gafisa a projeção é especialmente auspiciosa, pois a companhia tem uma das piores relações de endividamento com valor de mercado — diz Gomes, lembrando que a companhia registra débitos na casa de US$ 1 bilhão e valor de mercado.
Neto, da Research, avalia que os fluxos de capital estão retornando ao mercado brasileiro, após os recessos de fim de ano.
— A alta de hoje reflete a volta dos investidores que nas últimas semanas mais cuidaram de suas performances de fechamento do que efetivamente alocando recursos.
A atividade industrial da China expandiu mais do que o esperado em dezembro uma vez que a demanda acelerou, com a produção alcançando a máxima em quase seis anos, mostrou nesta terça-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit. O indicador subiu a 51,9 de 50,9 em novembro, superando facilmente a expectativa de analistas de 50,7.
No setor bancário, o mais importante do Ibovespa, o dia também é de ganhos. Banco do Brasil avança 4,17%; Bradesco, 4,1%; Bradespar, que é controladora da Vale, sobe 3,9%; Itaú tem valorização de 4,3%.
A apreciação do real também está associada ao fortalecimento das commodities, destaca Raphael Figueredo, analista da Clear Investimentos. Na mínima, a moeda americana foi a R$ 3,248.
— Não tivemos valorização do real em dezembro, mas podemos ter o "efeito janeiro", com o mercado colocando no preço as expectativas positivas de reformas e ajuste para o crescimento econômico - diz Figueredo. - Além disso, também vejo uma antecipação da decisão do Banco Central numa redução de no mínimo de 0,5 ponto percentual na redunião do dia 11, que já configura um ambiente melhor para bolsa brasileira.
Contra as principais moedas do mundo, o dólar tem valorização no primeiro dia de funcionamento pleno dos mercados europeus. O Dollar Index Spot, que compara a divisa com uma cesta de dez moedas globais, acelera a valorização para 0,64% e se encaminha para o maior nível de fechamento desde dezembro de 2002. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano também estão em alta, com investidores atencipando a elevação das taxas de juros nos EUA, quando aos bancos centrais da zona do euro e do Japão mantém seus índices negativos.
Na contramão dos emergentes, a lira turca caiu a um nível recorde hoje, com a inflação acima do esperado se juntando às preocupações com segurança, após o atentado em Instambul. A moeda caiu 1,4%, a cerca de 3,6 liras por dólar, após a aceleração nos preços de bebidas e alimentos — com o fechamento dos dados de dezembro, a inflação anualizada foi a 8,53%.
Hoje, apenas o Japão permanece com os mercados fechados.

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