quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

ECONOMIA: Dólar fecha abaixo de R$ 3,20 pela primeira vez em quase dois meses

OGLOBO.COM.BR
POR JULIANA GARÇON / LUCAS MORETZSOHN

Petróleo e minério de ferro têm alta e dão força a ações de Petrobras e Vale

- Xaume Olleros / Bloomberg

RIO - Com Petrobras e Vale em alta, a valorização da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nesta quinta-feira ganhou força no fim do pregão. Às 15h30m, o Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, operava com ganho de 1,01%, a 62.214 pontos, bem acima do avanço de 0,2%, a 61.714 pontos, em torno de 12h. Os investidores ainda digerem a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgada na quarta-feira, em um dia de agenda forte, que começou com dados que mostraram aceleração do setor de serviços chinês.
O dólar comercial, que abriu em queda, chegou a subir levemente, mas fechou o pregão em baixa de 0,65%, cotado a R$ R$ 3,198. A moeda americana não ficava abaixo de R$ 3,20 desde 8 de novembro de 2015, quando fechou em R$ 3,16. A divisa seguiu o mercado internacional: o “dollar index”, calculado pela Bloomberg e que mostra a variação do dólar frente a uma cesta de dez moedas, registrava recuo de 1,20%, às 17h40.
— Temos alguns pontos que acabam favorecendo a entrada de recursos no país e o desempenho do dólar. Temos algumas incerteza sobre como será a política no mercado de alguns países com eleições importantes, como Alemanha, França e quanto à postura de Donald Trump. Esse tipo de movimento, junto à taxa de juros que temos, acaba trazendo recursos para o Brasil que, por enquanto está fazendo o dever de casa, com as medidas do ajuste fiscal, que são importantes na visão de investidores — avalia Alison Correia, analista da XP Investimentos.
Correia também aponta o movimento de aquisições estrangeiras no país, diante do recorde de concordatas de empresas no ano passado devido à crise. Segundo ele, isso "gera oportunidade para os estrangeiros, que veem a possibilidade de comprar", mesmo que sejam participações.
A divulgação de dados favoráveis à economia americana também também se refletiram no pregão, já que os investidores ainda reagem à ata do Fed. O Departamento do Trabalho dos EUA informou que os pedidos de auxílio-desemprego caíram no fim de dezembro para nível abaixo do esperado. As solicitações somaram 235 mil, recuo de 28 mil, na semana encerrada em 31 de dezembro. As informações sobre o mercado de trabalho são levadas em conta pelo integrantes do BC americano quando decidem a política monetária americana.
A autarquia sinalizou a possibilidade de um ritmo mais acelerado para a elevação dos juros nos Estados Unidos este ano. Parte dos analistas, considerou que o tom do texto foi considerado mais animador. Outros, porém, avaliam que o texto expressou mais incertezas com relação a nova política fiscal a ser implantada por Donald Trump.
— A ata do Fed de ontem deixou claro que a autoridade monetária está pronta para agir em qualquer cenário econômico nos EUA — diz Adeodato Netto, estrategista-chefe da Eleven Research. — O mercado vai seguir esperando as verdadeiras medidas do novo presidente. Até lá, o real deve seguir forte frente ao dolar e investidores com apetite para o risco.
Correia estima que o dólar pode chegar ao nível mínimo de 2015, em torno de R$ 3,10, em até dois meses. No longo prazo, ele afirma que, se nada atrapalhar a aprovação de medidas do ajuste fiscal e as reformas estruturais na economia, a divisa americana pode chegar abaixo de R$ 3.
— Nossa questão no momento é política. São incertezas políticas. É preciso esperar o retorno do recesso parlamentar para ver de que forma darão continuidade à aprovação de medidas — sustenta.
COMMODITIES EM ALTA
Os agentes de mercado também estão atentos a outros resultados do setor de serviços nos EUA, mas, principalmente, no relatório sobre os estoques de petróleo. O Departamento de Energia dos EUA anunciou nesta quinta-feira queda nas reservas americanas. Na semana encerrada em 30 de dezembro, os estoques de petróleo caíram 7,21 milhões de barris para 479 milhões.
A commodity vem sendo afetada pelas expectativas em torno do corte de produção, após entendimento entre os principais produtores do mundo.
Com o petróleo em alta, as ações da Petrobras têm alta: as ON (ordinárias, com direito a voto) subiam 5,28%, a R$ 17,94, e as PN (preferenciais, sem voto) ganhavam 1,66%, a R$ 15,93, às 15h30. O barril do tipo Brent ganhava 0,23%, a US$ 56,59 no mesmo horário.
A mineradora Vale chegou a ter alta de 0,73% nos papéis ON, mas estes caíam 3,27%, a R$ 26,02. As PN, no entanto, avançavam 0,08%, R$ 24,33, favorecida pela alta do minério de ferro no porto de Qingdao, na China, de 2,17%.
O setor bancário, que tem forte peso no Ibovespa, apresentavam desempenho misto nesta quinta-feira. As ações do Banco do Brasil recuavam 0,14%, a R$ 28,61. Itaú PN subia 1,59%, a R$ 35,70, enquanto os papéis ON caíam 0,1%, a R$ 30,97. Já o Bradesco tinha valorização de 1,17% na ação PN, a R$ 30,16, e 0,27% na ON, a R$ 30,04.
MERCADOS INTERNACIONAIS
Na Europa, os índices abriram em queda, com investidores cautelosos após a ata do Fed, mas atenuaram as perdas ao longo dos pregões, chegando a registrar ligeiras altas. Em Londres, o FTSE 100 ganhou 0,08%; em Frankfurt, o Dax subiu 0,01%; em Paris, o CAC 40 oscilou 0,03% no campo positivo.
Os principais índices acionários da China tiveram pouca variação nesta quinta-feira, depois de três sessões altas, com a atenção dos investidores sendo desviada para uma recuperação forte do iuan no mercado externo. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,02%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,21%. O índice Nikkei, na Bolsa de Tóquio, fechou com queda de 0,37%.

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