quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

LAVA-JATO: 'El País': Odebrecht, a favorita do kirchnerismo na Argentina

JB.COM.BR
Macri investiga contratos por obras públicas entre 2003 e 2015

A Odebrecht chegou à Argentina há 27 anos, quando colocou a primeira pedra da central hidrelétrica Pichi Picún Leufú, na província patagônica de Neuquén. Assim começa a matéria publicada no espanhol El País nesta quarta-feira (4). Em um catálogo de 200 páginas colorido e com ilustrações impresso em 2012, a empresa considerou essa a primeira obra local prova “dos fundamentos éticos, morais e conceituais que regem a Organização Odebrecht em todo o mundo”. 
A reportagem aponta que atualmente sabemos que esses fundamentos nem sempre foram cumpridos. Em um acordo judicial assinado nos Estados Unidos, a empresa admitiu a montagem de uma rede de pagamento de propinas em países da América Latina, entre eles a Argentina. Em 2012, a Odebrecht era uma das principais empreiteiras de obras públicas do Governo de Cristina Kirchner. Nessa época deu a “intermediários” em Buenos Aires 35 milhões de dólares (114 milhões de reais) que permitiram à empresa ter acesso a contratos de “aproximadamente 278 milhões de dólares (909 milhões de reais)”, de acordo com o documento assinado em uma corte Federal no Brooklin, Nova York. 
El País informaque o governo do presidente Mauricio Macri, através do Escritório Anticorrupção (OA, na sigla em espanhol), pediu aos Estados Unidos os detalhes desse acordo para investigar possíveis responsabilidades locais.
Reportagem diz que em um acordo judicial assinado nos Estados Unidos, a empresa admitiu a montagem de uma rede de pagamento de propinas em países da América Latina, entre eles a Argentina

O diário lembra que até 2005, a Odebrecht só havia construído na Argentina a represa em Neuquén e a rodovia do Oeste, uma das principais conexões de Buenos Aires com sua periferia. O grande salto ocorreu com a chegada do kirchnerismo. Tanto Néstor Kirchner (2003-2007) como sua esposa e sucessora, Cristina Kirchner (2007-2015) deram um impulso sem precedentes às obras públicas, base de sua política de promoção do emprego e consumo interno. 
A Odebrecht estava aí, beneficiada pelo tratamento preferencial à empresa do Mercosul e à boa sintonia dos Kirchner com seus iguais brasileiros Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) e Dilma Rousseff (2011-2016), destaca El País. Em sociedade temporária com outras empresas, a Odebrecht obteve contratos do Estado argentino por 10,73 bilhões de pesos, equivalentes a 2,55 bilhões de dólares ao câmbio de 2011, ano da última licitação ganha pela empresa, e a 671 milhões de dólares (2,2 bilhões de reais) pela cotação atual.
El País analisa que a relação entre membros do Governo e executivos da empresa era fluida. O controle de audiências preenchido pelos funcionários de alto escalão registrou 22 encontros oficiais, com dois momentos cruciais que ocorreram em um curto período de tempo. Em 31 de julho daquele ano, a ex-presidenta Cristina Kirchner recebeu Marcelo Odebrecht na Casa Rosada. O encontro se repetiu um mês depois por pedido do ministro do Planejamento, Julio de Vido. De Vido foi uma peça fundamental na relação com a Odebrecht. No comando de todas as feituras de obras públicas, foi o único ministro que assumiu no primeiro dia de Néstor Kirchner no poder e se manteve em seu cargo até o último dia de Cristina Kirchner, em 10 de dezembro de 2015. 
O dinheiro que o Governo argentino deu à Odebrecht entre 2003 e 2015 significou somente 3,19% do total destinado às obras de infraestrutura, ressalta El País. O número colocou a empresa no sétimo lugar de uma lista de outras 36 beneficiadas por contratos do Estado. A porcentagem pode parecer baixa, mas esconde que a Odebrecht foi a primeira entre as empresas estrangeiras. É preciso avançar até a 18° colocação para encontrar a próxima: a General Eletric, de origem norte-americana. Para a deputada Graciela Ocaña, do partido Confiança Pública, o sucesso da Odebrecht respondeu “à sua política de pagamento de propinas e custos mais elevados”. “As empresas norte-americanas têm outras restrições”, disse ao EL PAÍS. 
Ocaña levou adiante em 2009 uma denúncia contra o ex-secretário de Transportes, Ricardo Jaime, hoje na prisão, por entender que ele havia pedido uma propina de 80.000 dólares (262.000 reais) à Odebrecht. O texto encerra com a afirmação de que ela se baseou nas provas coletadas no Brasil, uma série de e-mails onde um suposto testa-de-ferro de Jaime, Manuel Vázquez, pedia um pagamento a Mauricio Couri Ribeiro, diretor do grupo Odebrecht.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |