OGLOBO.COM.BR
POR EDUARDO BARRETO
Conselheiro indicado por Temer retirou pedido de vista, após atitute ter sido mal vista pelo Planalto
Geddel Vieira Lima - Ailton Freitas / Agência O Globo / 27-4-2016
BRASÍLIA - Após um telefonema do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, o conselheiro José Saraiva recuou e retirou o pedido de vista do processo sobre o ministro da Comissão de Ética da Presidência (CEP). Agora, o processo foi aberto por unanimidade, e o ministro terá dez dias para se pronunciar. Na manhã desta segunda-feira, José Saraiva, o único conselheiro indicado pela gestão Michel Temer, havia pedido vistas quando a maioria da comissão havia pedido a abertura do processo contra o auxiliar de Temer.
- O ministro telefonou à comissão e pediu para conversar conosco. Durante a reunião, mantive com ele uma conversa telefônica, e ele se mostrou disposto a prestar esclarecimentos que julga pertinentes. Eu expressei ao ministro que ele terá todas as condições de se manifestar - declarou o presidente da CEP, Mauro Menezes, que considerou "absolutamente normal" o pedido de Geddel, e não especificou se a conversa telefônica aconteceu antes ou após o recuo do conselheiro José Saraiva.
Saraiva, por sua vez, argumentou que "não gostaria de atrasar o andamento do processo", segundo Menezes.
- A ligação foi em meio à discussão - limitou-se a dizer.
De acordo com o presidente da comissão, Geddel Vieira Lima mostrou "boa vontade" em responder aos questionamentos da CEP. Menezes declarou ainda que não viu interferência na comissão com a ligação de Geddel, que é investigado.
A partir desta terça-feira, Geddel terá dez dias para fazer sua defesa à comissão, período que pode ser prorrogado. Também nesta terça-feira será sorteado um relator para o caso. O colegiado, que é de caráter consultivo, pode dar uma advertência ou até recomendar a exoneração da autoridade, na punição mais severa. A próxima reunião acontecerá em 14 de dezembro, mas não há prazo para conclusão das apurações.
Geddel Vieira Lima foi acusado pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de pressioná-lo a liberar uma licença para um empreendimento em Salvador no qual Geddel tem um apartamento. A suposta liberação seria por meio do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural), subordinado à Cultura. Calero saiu do governo na última sexta-feira citando divergências com Geddel como justificativa para a demissão.
Na tarde desta segunda-feira, quando o processo de Geddel na CEP estava adiado por causa do pedido de vistas, Michel Temer garantiu publicamente, por meio do porta-voz, a permanência do ministro no governo.
Outros ministros de Temer estão com processo no colegiado. Entre eles, Alexandre de Moraes (Justiça) e Ricardo Barros (Saúde). Mais de 20 ministros estão envolvidos no mesmo processo, que está em fase inicial e apura supostas irregularidades com voos da FAB. Márcio Freitas, secretário de imprensa que não tem status de ministro, é mais um que está sendo julgado pela CEP.
ÚLTIMAS DE BRASIL
Comentários:
Postar um comentário