quarta-feira, 23 de novembro de 2016

LAVA-JATO: Para Planalto, delação pode atingir ministros, mas acaba com 'imobilismo'

FOLHA.COM
VALDO CRUZ
GUSTAVO URIBE
DE BRASÍLIA

Eduardo Knapp/Folhapress

A equipe do presidente Michel Temer avalia que a provável assinatura do acordo de delação da Odebrecht tem o risco de atingir a cúpula do governo federal, mas também pode acabar de "vez com o fantasma" que estava gerando imobilismo em alguns setores de Brasília.
Segundo assessores presidenciais, agora é preciso tomar conhecimento dos detalhes dos prováveis acordos dos executivos da empreiteira para saber a "exata dimensão" dos efeitos das revelações sobre a equipe ministerial e a base aliada no Congresso Nacional.
A expectativa é que a delação gere turbulências no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios, podendo inclusive atingir de forma irreversível assessores diretos do presidente. Em relação ao peemedebista, assessores avaliam que ele deve ser citado pelos executivos da empresa, mas nada que seja considerado fatal.
O Palácio do Planalto não acredita que o conteúdo possa atingir diretamente o presidente, com a hipótese apenas de citações laterais. Há o receio, contudo, de que envolva pelo menos quatro ministros e aliados do governo em siglas como PSDB, PMDB e DEM.
Em relação ao que é considerado o "lado bom" da delação, um assessor de Temer disse à Folha que a assinatura do acordo vai pôr fim ao clima de "incerteza e insegurança" no mundo da política. Segundo o auxiliar, será como separar de vez o joio do trigo para que o país comece uma nova etapa de sua história.
A preocupação de uma ala do governo é que a indefinição sobre a delação da Odebrecht estava retraindo investidores que já estavam planejando aplicar recursos no Brasil, mas decidiram fazer uma "parada estratégica" até que o acordo venha a público.
Em conversa com a Folha, um investidor confirmou esta posição e disse que, revelada a delação da Odebrecht, agora será possível saber com quem será possível conversar dentro do governo e no Congresso Nacional.
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ACORDO DE PESO
Quem está na delação da Odebrecht
Michel Temer, presidente da República
Delação deve dizer que o presidente pediu apoio financeiro à empresa, que teria repassado R$ 10 milhões em dinheiro vivo a peemedebistas em 2014. Temer diz que doações foram declaradas

José Serra, ministro das Relações Exteriores
De acordo com a delação da empreiteira, a campanha de José Serra à Presidência em 2010 recebeu R$ 23 milhões por meio de caixa dois. O ministro nega as informações

Moreira Franco, secretário do Programa de Parcerias de Investimentos
Executivo da Odebrecht disse que Franco, então ministro da Aviação Civil de Dilma Rousseff, pediu, em 2014, contribuição de R$ 3 milhões. Dinheiro seria para abortar a construção de um aeroporto em Caieiras (SP). Franco disse que acusação é "uma mentira"

Geddel Viera Lima, ministro da Secretaria de Governo
Executivo da Odebrecht afirmou que a empreiteira financiou campanhas do secretário do Governo, que tem negado que cometeu irregularidades

Romero Jucá, senador (PMDB-RR)
Ainda segundo executivo da empreiteira, houve pagamento de R$ 10 milhões em propina para Jucá em troca de ele trabalhar pelos interesses da Odebrecht no Congresso. O senador nega

Lula, ex-presidente da República
Emílio Odebrecht afirmou em depoimento da delação que a Arena do Corinthians foi construído pela empreiteira como uma espécie de presente ao ex-presidente Lula, torcedor do time

João Santana, marqueteiro do PT Odebrecht teria pago a João Santana, que fez as campanhas de Dilma Rousseff, por fora na Suíça. A mulher de Santana, Mônica Moura, confessou que recebeu US$ 3 milhões no exterior

Guido Mantega, ex-ministros da FazendaExecutivos devem afirmar que os ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci receberam R$ 50 milhões e R$ 6 milhões em propina, respectivamente. Ambos negam irregularidades

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O CAMINHO ATÉ A COLABORAÇÃO
19.jun.15 Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo homônimo, é preso na Operação Lava Jato
8.mar.16 Marcelo Odebrecht é condenado a 19 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e integrar organização criminosa
22.mar.16 Após a prisão e delação de secretária responsável por pagamento de propinas, grupo Odebrecht anuncia que decidiu negociar um acordo de colaboração
25.mai.16 Odebrecht e Ministério Público Federal assinam documento que formaliza a negociação de delação premiada e leniência; Marcelo Odebrecht é um dos delatores
3.out.16 Procuradoria-Geral da República propõe a advogados da Odebrecht que Marcelo cumpra pena de quatro anos em regime fechado por atuação no esquema da Petrobras. Após negociação, punição foi fechada em 10 anos, sendo dois e meio deles em regime fechado

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