sexta-feira, 25 de novembro de 2016

POLÍTICA: Planalto admite que Geddel errou e reconhece que não anteviu dimensão da crise

OGLOBO.COM.BR
POR CATARINA ALENCASTRO E SIMONE IGLESIAS

No início da semana, Temer chegou a sugerir que o ex-ministro se licenciasse do cargo

O presidente Michel Temer e o ex-ministro Geddel Vieira Lima - Ailton de Freitas / Agência O Globo 17/11/2010

BRASÍLIA - Foi só na manhã desta sexta que Geddel Vieira Lima decidiu pedir demissão da Secretaria de Governo. Segundo interlocutores do presidente Michel Temer, ele resistia até a noite de ontem, mas diante do intenso recrudescimento da crise em torno do suposto tráfico de influência de Geddel sobre o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que passou a envolver o nome de Temer, Geddel resolveu sair. O Palácio do Planalto também passou a admitir nesta sexta que o ex-ministro da Secretaria de Governo cometeu um erro, mas admite que não conseguiu prever a dimensão que o caso tomaria. Mesmo fora do governo, Geddel continuará a ser julgado pela Comissão de Ética Pública da Presidência (CEP).
No início da semana, Temer chegou a sugerir a Geddel que ele se licenciasse do cargo enquanto a Comissão de Ética Pública da Presidência examinava se sua conduta foi irregular, o que poderia ensejar uma advertência e uma recomendação de demissão, por parte do colegiado. Mas Geddel recusou a sugestão do agora ex-chefe.
— O presidente pagou o preço de ter dado o benefício da dúvida a Geddel. A dúvida acabou recaindo sobre ele próprio. O governo não conseguiu enxergar que um pequeno desvio ético seria insustentável, insuportável — disse um interlocutor de Temer.
O Planalto considera que Temer foi traído por Calero e que o ex-ministro da Cultura foi “ardiloso” ao resolver espontaneamente ir à Polícia Federal, transformando o episódio que até então se mantinha no nível declaratório para o nível criminal.
— O Calero tomou a iniciativa de criminalizar. Ele estava enxergando uma situação que o governo não via dessa forma. Porque para o governo, se Geddel fez uma advocacia em causa própria, ele falhou — disse outro auxiliar presidencial.
Enquanto tentava administrar a crise, mantendo a normalidade governamental, Temer e Geddel foram surpreendidos pelos fatos novos. A suposta pressão que Geddel teria feito sobre Calero para que liberasse a obra embargada pelo Instituto do Patrimônico Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do prédio “La Vue Ladeira da Barra”, onde Geddel tem um imóvel, saiu do âmbito da avaliação ética e passou a ser alvo de uma potencial investigação do Ministério Público, da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal.
— Houve uma mudança radical nos fatos. Geddel achava que as coisas iriam melhorar. Mas o que aconteceu foi o contrário, virou uma bola de neve — avaliou outro assessor do Planalto.

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