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POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Steven Mnuchin não tem experiência de governo; multimilionário chefiará Comércio

Steven Mnuchin, the Trump campaign's finance director, arrives at U.S. President-elect Donald Trump's Trump Tower in New York, U.S., November 29, 2016. REUTERS/Mike Segar - MIKE SEGAR / REUTERS
WASHINGTON — O presidente-eleito dos EUA, Donald Trump, escolheu o empresário Steven Mnuchin para chefiar o Departamento de Tesouro no seu futuro mandato. O próximo chefe da pasta tem profundas raízes em Wall Street e Hollywood, e nenhuma experiência em cargos de governo. O republicano, que também nunca ocupou um cargo público, escolheu ainda o multimilionário Wilbur Ross para secretário de Comércio. As indicações ja haviam sido antecipadas por fontes anônimas à imprensa americana nos últimos dias, mas apenas foram confirmadas pelos empresários nesta quarta-feira.
Com 53 anos, Mnuchin foi o diretor financeiro da campanha de Trump e é um forte aliado do republicano. Começou sua carreira na Goldman Sachs e posteriormente se tornou um dos maiores financiadores de obras cinematograficas do pais, incluindo a franquia X-Men" e "Avatar". A expectativa é que o empresário seja responsável pelas mudanças econômicas prometidas por Trump durante a sua campanha, que incluem um amplo pacto de cortes de impostos, alterações em acordos de comércio exterior e um novo programa de gastos do governo.
Nesta quarta-feira, ele prometeu priorizar uma reforma tributária e revisões de pactos comerciais, buscando alcançar crescimento econômico entre 3 e 4 por cento. E disse que faria a maior revisão tributária desde o governo de Ronald Reagan.
— Cortando impostos corporativos, criaremos um grande crescimento econômico e teremos uma grande renda pessoal — disse Mnuchin em entrevista à CBCS. — Os impostos são muito complicados e as pessoas passam muito tempo se preocupando com maneiras de torná-los menores.
E, com relação à política de câmbio da China, disse:
— Se determinarmos que precisamos classificá-los como manipuladores de moeda, isso é algo que o Tesouro faria.
Mnuchin também poderia reforçar iniciativas para recuar em medidas do governo de Barack Obama, incluindo o acordo nuclear com o Irã e a retomada de relações com Cuba, com a imposição de sanções a Teerã e Havana.
Além disso, a escolha do empresário para o importante cargo do seu gabinete vai contra o seu discurso de campanha. Na corrida presidencial, ele fez duras críticas ao diretor executivo da Goldman Sachs, a quem acusou de ser a personificação de uma elite global que rouba a classe trabalhadora.
MULTIMILIONÁRIO NO COMÉRCIO
Já Ross — que, segundo a revista Forbes, tem uma fortuna de quase US$ 3 milhões — representaria os interesses dos negócios americanos dentro e fora do país no Departamento de Comércio. Desde 2000, o empresário investe em fábricas com problemas financeiros na região industrial do Centro-Norte do país. A sua pasta estaria entre as encarregadas de executar o objetivo de Trump de proteger os trabalhadores e desafiar décadas de globalização que, em grande medida, beneficiaram corporações multinacionais.

Donald Trump fica ao lado do multimilionário Wilbur Ross após reunião em seu clube de golfe de Nova Jersey - Carolyn Kaster / AP
Com uma propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, quase vizinha à de Trump, Ross, de 78 anos, participou dos planos do presidente eleito para recortes fiscais e de infraestrutura. O empresário já insinuou que muitos americanos estão insatisfeitos porque a economia abandonou os trabalhadores de classe média. E diz ainda que Trump representa uma mudança em uma direção menos cautelosa no que diz respeito a ofender alguém.
— Parte da razão por que estou apoiando Trump é que penso que necessitamos de um enfoque de governo novo, mais radical, pelo menos nos EUA, do que tivemos antes — disse Ross, em junho, à rede CNBC.
Embora apoie uma retórica populista, Ross desfruta de um estilo de vida aristrocrático. Viaja frequentemente entre seus escritórios de Nova York e sua casa em Palm Beach, na Flórida, segundo a revista "Haute Living". Ele tem uma coleção de arte avaliada em mais de US$ 100 milhões de dólares, que inclui obras do surrealista belga René Magritte. Formado pela Universidade Yale, prometeu doar US$ 10 milhões à instituição.
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