quarta-feira, 30 de novembro de 2016

ECONOMIA: Em queda há sete trimestres, PIB encolhe 0,8% de julho a setembro

OGLOBO.COM.BR
POR LUCIANNE CARNEIRO / DAIANE COSTA / DANIEL GULLINO*

Frente a 2015, recuo da economia é de 2,8%; em 12 meses, tombo chega a 4,4%
- Custódio Coimbra / Agência O Globo

RIO - A economia brasileira encolheu 0,8% no terceiro trimestre na comparação com os três meses anteriores. Este é o sétimo trimestre seguido de queda na atividade econômica. Em relação ao terceiro trimestre de 2015, a redução do Produto Interno Bruto (conjunto de bens e serviços produzidos no país) foi mais intensa, de 2,9% — décima taxa negativa seguida. No resultado acumulado em 12 meses, a retração é de 4,4%. No ano, o tombo chega a 4%. Em valores correntes, o PIB atingiu o total de R$ 1,58 trilhão.
A expectativa do mercado financeiro era de recuo de 0,9% em relação aos três meses anteriores. Frente ao terceiro trimestre de 2015, a projeção era de queda 3,2%. No acumulado em 12 meses, os analistas previam -4,6%, segundo a Bloomberg.
— Faz sete trimestres que têm todas as taxas de comparação do PIB negativas (frente ao trimestre anterior, em relação a igual trimestre do ano anterior, acumulado no ano e em doze meses). Nunca houve na série histórica, que é de 1996, um período como esse — afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
O investimento voltou a cair no segundo trimestre, após uma reação no segundo trimestre. Antes disso, ele vinha caindo desde 2013.
— A Formação Bruta de Capital Fixo (indicador de investimento), depois de longo período de queda, desde 2013, tinha tido crescimento, e agora voltou a ter queda. Essa redução é muito explicada pela importação de bens de capitais, até pela atividade da economia — disse Rebeca.
Pela ótica da produção, a indústria caiu 1,3% frente ao segundo trimestre, enquanto na agropecuária a queda foi de 1,4%. O setor de serviços, por sua vez, teve perda de 0,6%.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2015, a queda no consumo das famílias foi de 3,4%, ou seja, ritmo superior à queda do PIB, de 2,9%. O investimento caiu 8,4% e o consumo do governo, 0,8%. No setor externo, as exportações subiram 0,2% enquanto as importações recuaram 6,8%.
Sob a ótica da produção, a indústria caiu 2,9%, ao lado de perda de 6% da agropecuária e 2,2% dos serviços.
Já a ótica da despesa apontou uma redução de 0,6% do consumo das famílias na comparação com o trimestre anterior, acompanhado por recuo de 0,3% do consumo do governo. O investimento, medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), caiu 3,1%. No setor externo, as exportações recuaram 2,8% e as importações, 3,1%.
TAXA DE INVESTIMENTOS CAI COM FORÇA
A taxa dos investimentos caiu para 16,5% no terceiro trimestre de 2016, ante 18,2% no terceiro trimestre de 2015. É a menor taxa de investimentos desde o terceiro trimestre de 2003, quando atingiu 16,3%. O indicador é a relação entre o volume de investimentos e o PIB.
Já a taxa de poupança ficou em 15,1% no terceiro trimestre, ante 15,3% no terceiro trimestre de 2015. É a menor taxa para o indicador desde o início da série histórica, em 2010.
A queda de 2,9% da indústria no terceiro trimestre foi puxada por uma perda de 4,9% da construção e 3,5% da transformação — com destaque negativo para máquinas e equipamentos, indústria automotiva, produtos de metal, móveis e vestuário. Ao mesmo tempo, a indústria extrativa mineral caiu 1,3%, enquanto a produção e distribuição de eletricidade, gás e água subiu 4,3%.
Pela ótica da produção, apenas três das 12 atividades não tiveram taxas negativas. Produção e distribuição de eletricidade (4,3%), atividades imobiliárias (0,1%) e administração, saúde e educação públicas (0,1%).
SE O ANO ACABASSE EM SETEMBRO, QUEDA DE 4,4%
Se o ano acabasse em setembro, o PIB brasileiro teria recuado 4,4%, em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. De acordo com o IBGE, essa taxa resultou da contração de 3,8% do valor adicionado a preços básicos e do recuo de 8,3% nos impostos sobre produtos líquidos de subsídios. O resultado do valor adicionado neste tipo de comparação decorreu das quedas na agropecuária (5,6%), indústria (5,4%) e serviços (3,2%).
Sob a ótica da despesa, todos os componentes da demanda interna apresentaram resultado negativo pelo sexto trimestre consecutivo. A formação bruta de capital fixo encolheu 13,5%. A despesa de consumo das famílias (-5,2%) e a despesa de consumo do governo (-0,9%) também apresentaram queda. No setor externo, as exportações cresceram 6,8%, enquanto que as importações recuaram 14,8%.
Na divulgação do PIB do 3º trimestre, o IBGE também informou que alguns resultados anteriores da atividade econômica foram revisados. No segundo trimestre de 2016, a economia brasileira encolheu 0,4%. Quando da divulgação desse resultado, em agosto, o instituto havia informado que o recuo tinha sido de 0,6%. O resultado em relação ao mesmo trimestre do ano anterior também foi revisado para cima, de -3,8% para -3,6%. O mesmo ocorreu com os resultados do acumulado em quatro trimestres (em vez de queda de 4,9% foi de 4,8%) e no acumulado do ano até o segundo tri (de -4,6% para -4,5%).
Já o resultado do primeiro trimestre foi revisado para baixo, de -0,4% para -0,5%. Dois resultados do PIB do quarto trimestre de 2015 também foram revisados para cima.
Com a inclusão de novas pesquisas para o cálculo do PIB e a revisão para as taxas de 2015, a recessão no ano passado se manteve em 3,8%. Ainda assim, houve melhora do desempenho da agropecuária, de alta de 1,8% para 3,6%. Como a agropecuária tem participação pequena, de 5%, não houve mudança no dado geral.
Pelo último boletim Focus, em que o Banco Central reúne semanalmente as principais projeções de analistas do mercado, a economia deve encerrar o ano com uma recessão de 3,49%. Este será o segundo ano seguido de perda do PIB, já que em 2015 o tombo foi de 3,8%.
Na terça-feira, o IBGE divulgou os dados sobre o mercado de trabalho, que mostram o impacto da recessão no dia a dia das pessoas. A taxa de desemprego ficou em 11,8% no trimestre encerrado em outubro, maior nível da série histórica, iniciada em 2012, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Um ano antes, o resultado havia ficado em 8,9%.

*Estagiário sob supervisão de Luciana Rodrigues

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