terça-feira, 29 de novembro de 2016

MANIFESTAÇÃO: PM usa gás de pimenta e bomba de efeito moral em protesto contra PEC

OGLOBO.COM.BR
POR BÁRBARA NASCIMENTO, EVANDRO EBOLI, LETÍCIA FERNANDES E RENAN XAVIER*

No plenário do Senado, uma mulher teve que ser retirada à força

Manifestação contra PEC termina em confronto entre manifestantes e policiais em Brasília - ANDRE COELHO / Agência O Globo

BRASÍLIA - A possibilidade de aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que fixa um teto para os gastos públicos na tarde desta terça-feira mobilizou milhares de manifestantes que se reúnem no gramado do Congresso Nacional em protesto contra o texto. Segundo o último boletim divulgado pela Secretaria de Segurança do Distrito Federal, 10 mil pessoas participam do protesto. E, de acordo com a Polícia Militar (PM), seis pessoas já foram presas.
No fim da tarde, um tumulto começou a se formar, e a multidão chegou a virar um carro de uma emissora de TV. Eles foram dispersados pela polícia militar com gás de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borracha e recuaram no gramado da Esplanada, se concentrando na alameda dos Estados. Mais tarde, um segundo carro foi virado por manifestantes mascarados.
O capitão Michelo, da PM, disse que os manifestantes pretendiam incendiar um dos veículos virados. Ele relatou também que participantes do ato jogaram coquetel molotov e chegaram a disparar uma flecha contra a equipe de segurança.
— Por isso que tivemos que atuar — justificou o policial.
No início da noite, um grupo empurrou cabines de banheiros químicos para a pista da Esplanada.

Grupo virou um carro de uma emissora de televisãoFoto: ANDRE COELHO / Agência O Globo
Manifestante lança rojão na EsplanadaFoto: ANDRE COELHO / Agência O Globo
PM diz que reagiu após ser atacada com coquetel molotov e flechaFoto: ANDRE COELHO / Agência O Globo
Mais tarde, um segundo veículo foi virado por manifestantesFoto: ANDRE COELHO / Agência O Globo
PM reagiu com bombas de efeito moral e balas de borrachaFoto: ANDRE COELHO / Agência O Globo
De acordo com a Secretaria de Segurança do DF, 10 mil participam do atoFoto: ANDRE COELHO / Agência O Globo
Ato é contra a PEC do teto de gastosFoto: ANDRE COELHO / Agência O Globo
Votação do projeto que limita crescimento das despesas do governo estava marcada para esta terça-feiraFoto: ANDRE COELHO / Agência O Globo
Vidros foram quebrados, e paredes e caixas eletrônicos foram danificados no prédio do MECFoto: Divulgação/MEC
Destruição causada por manifestantes na sede do MEC, em BrasíliaFoto: Divulgação/MEC

Os manifestantes também quebraram vidros da entrada do Ministério da Educação, que ficou destruída. Houve danos, ainda, nas paredes, e até os caixas eletrônicos que ficam na recepção do prédio foram atingidos.
No MEC, imagens do circuito interno estão sendo avaliadas para tentar identificar os manifestantes. Muitos que invadiram o local com barras de ferro estavam encapuzados, segundo funcionários da pasta. Além de tocar fogo em pneus e no lixo, o grupo é acusado de usar coquetel molotov. De acordo com pessoas que presenciaram o quebra-quebra, de 50 a 100 pessoas participaram dos atos de vandalismo.
OPOSIÇÃO APONTA TRUCULÊNCIA
Dentro do plenário, os senadores mal escutavam o tumulto do lado de fora. Após a confusão no gramado do Congresso, vários parlamentares da oposição, como as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PC do B-SC) e o senador Lindbergh Farias (PT-PB), acusaram a polícia de truculência e pediram para que Calheiros liberasse a entrada das pessoas para assistirem a sessão dentro do plenário.
— O pleito que fazemos a Vossa Excelência é para que abra as galerias, e terá nossa solidariedade e apoio total e irrestrito, para que, na hora em que for descumprido o Regimento, as medidas cabíveis sejam adotadas. Então, não é possível votar uma emenda constitucional de 20 anos, que interfere na vida das pessoas, no cotidiano de todos os brasileiros e brasileiras com as galerias vazias — disse a senadora Vanessa.
O presidente Renan Calheiros afirmou que as galerias estão abertas mas não para que as pessoas tumultuem a sessão e não deixe os senadores deliberarem.
INTERRUPÇÃO NO SENADO
No plenário do Senado Federal, uma mulher que se identificou como Gláucia Morelli, presidente da Confederação Nacional das Mulheres do Brasil, foi retirada à força e encaminhada, junto a outras duas pessoas, para a Delegacia de Polícia Legislativa após interromper o presidente da casa, Renan Calheiros, com gritos contrários à proposta.
A PEC que fixa um teto para a despesa pública por 20 anos tem forte resistência social sobretudo pelas mudanças no cálculo do mínimo constitucional para as áreas de saúde e educação. Hoje, o piso de recursos para essas áreas é calculado como um percentual da receita.
A proposta quer mudar essa metodologia a partir de 2018. Ela determina que o piso de recursos para essas áreas deverá ser correspondente ao gasto no ano anterior mais a inflação do período. O texto encontra forte resistência entre estudantes, que estão mobilizados há várias semanas.
A entrada de pessoas no Congresso Nacional está sendo controlada para qualquer pessoa sem o crachá do local por conta das manifestações. Após a invasão no plenário, Calheiros proibiu a circulação também nas galerias.
A mulher que invadiu a sessão não disse como entrou no prédio. Ela interrompeu Calheiros no início da sessão plenária e afirmou que a PEC é “contra o povo” e vai prejudicar a área da saúde. O presidente interrompeu a sessão para escutá-la por alguns minutos, até que a polícia legislativa retirasse a mulher e dois companheiros à força. Senadores petistas acompanharam os manifestantes até a delegacia, onde devem prestar depoimento.

*Estagiário, sob supervisão de Eliane Oliveira


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