quarta-feira, 14 de setembro de 2016

POLÍTICA: SEM CUNHA, CENTRÃO TENTA MANTER RELEVÂNCIA NA CÂMARA

OGLOBO.COM.BR
POR LETICIA FERNANDES / ISABEL BRAGA

Grupo pretende garantir maior participação na base de apoio a Michel Temer

BRASÍLIA — O clima na Câmara, local onde durante os primeiros meses do ano passado Eduardo Cunha reinou absoluto, foi marcado nesta terça-feira por uma tentativa de esquecer o passado. Uma frase dita por um integrante do centrão, bloco que reúne cerca de 200 deputados e era regido pela batuta do peemedebista, resumia o tom reinante:
— Vamos cuidar dos vivos? — reagiu um ex-aliado de Cunha ao ser indagado sobre o impacto do afastamento.
Com a queda do deputado cassado, porém, o bloco, formado por deputados da base do governo, perde o seu principal líder. O futuro, preveem integrantes, será que um ou mais deputados assumam o lugar que Cunha exercia com pulso forte. Um líder afirmou que, a rigor, "o governo não mudou", a cadeira de presidente apenas trocou de mãos. Ele e outros deputados rechaçam a alcunha pejorativa do nome centrão, que virou sinônimo de barganhas e pressões. Dizem que vão prezar pela governabilidade e usarão a “simbiose” do bloco a favor do governo de Michel Temer.
— Esse grupo tem uma simbiose natural, é o centro de sustentação da base de qualquer governo, como foi no de Fernando Henrique, no de Lula e de Dilma. Só mudou quem passou a conduzir, mas o governo ainda é o mesmo, todo mundo votou na mesma chapa — afirmou um parlamentar do centrão.
O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), minimizou os possíveis problemas de relacionamento entre os partidos da base de Temer. Ele disse que o centrão se formou em outro momento e que agora, a base do governo é uma só. 
— Vocês (jornalistas) insistem na figura do centrão. Afinidade entre os partidos têm, assim como tem o PSDB com o DEM, mas nada que vá gerar enfrentamento dentro da base.
Para o líder, a falta de votos da maioria do centrão em apoio a Cunha foi motivada pelo momento:
— A situação chegou em um ponto que ficou insustentável.
Entre os que votaram contra Cunha estão os líderes do PP, Aguinaldo Ribeiro, e do PSD, Rogério Rosso, o que irritou aliados do ex-presidente. Segundo relatos, Cunha, antes de deixar a Câmara, anteontem, chamou Rosso de "rapazinho hipócrita". Aliados dos líderes rebateram as críticas, ressaltando que o próprio PMDB, partido de Cunha, votou em peso por sua cassação, inclusive o líder da bancada, Baleia Rossi.
— E o Baleia? Muito mais grave o partido dele não votar com ele. O PMDB teve pouquíssimo apoio a Cunha — acusou um deputado.
— É muito estranho ver pessoas que comiam todo dia na casa do Cunha votando contra ele, como o Rosso e o Aguinaldo — criticou um aliado de Cunha.

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