terça-feira, 13 de setembro de 2016

ECONOMIA: Dolar sobe 2% e fecha a R$ 3,317, maior valor em dois meses

OGLOBO.COM.BR
POR ANA PAULA RIBEIRO

Receio com juros nos EUA e queda no petróleo elevam aversão ao risco; Bolsa cai 3,01%
- Scott Eells / Bloomberg News

SÃO PAULO - A indefinição sobre quando virá uma nova alta de juros nos Estados Unidos e a forte queda do preço do petróleo nesta impulsiona as cotações do dólar no mundo todo. A moeda americana fechou com alta de 2,09%, cotada a R$ 3,317. Essa é a maior cotação em mais de dois meses e também a maior valorização em um único pregão desde o início de maio. Já o Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo, recuou 3,01%, aos 56.820 pontos.
Na avaliação de Rogério Freitas, sócio-diretor da Teórica Investimentos, esse movimento é um ajuste em um cenário em que os investidores, em escala global, estão reduzindo um pouco suas aplicações em ativos mais arriscados, como moedas e ações, à espera da normalização da política nos Estados Unidos, ou seja, em um ambiente com taxas mais elevadas.
— Os mercados estão reagindo de uma forma mais cautelosa. É uma readequação do nível de risco e o gatilho é a tentativa de entender como será o movimento de alta de juros nos Estados Unidos. Os investidores estão mais reticentes quanto à tomada de risco nesse momento de inflexão da política monetária — disse.
O mercado de câmbio tem enfrentado forte volatilidade nos últimos pregões. Na segunda-feira, a divisa abriu em alta, mas a moeda perdeu força no decorrer do pregão com as declarações de integrantes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) sobre as expectativas para a alta de juros. Apesar dessa maior aversão ao risco nesta terça-feira, é baixa a probabilidade de um aumento de juros nos Estados Unidos em setembro. Analistas acreditam que a chance é de 22%. Para dezembro a probabilidade é maior, 57,40%.
Essa preocupação com os rumos da política dos juros nos EUA também se refletiu no mercado acionário. Nos Estados Unidos, o Dow Jones caiu 1,41% e o S&P 500 apresentou desvalorização de 1,48%. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, caiu 0,43%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, recuou 1,19%. Em Londres, o FTSE 100 fechou em queda de 0,53%. No mercado asiático, o Nikkei, de Tóquio, subiu 0,34%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, teve variação negativa de 0,32%.
PETRÓLEO DERRUBA BOLSA
Já a queda do petróleo - o Brent recuava 1,92%, a US$ 47,39 próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil - foi consequência da divulgação do relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que prevê excedente do óleo até ao menos o primeiro semestre de 2017.
— Isso trouxe para baixo o preço das ações da Petrobras e de outras empresas atreladas a commodities. Ao mesmo tempo, há esse temor de um aperto monetário, que pode ocorrer não só nos Estados Unidos. Na Alemanha, os juros já estão positivos novamente e os bancos centrais do Japão e da Europa não sinalizaram novos estímulos — explicou Paulo Eduardo Nogueira Gomes, economista-chefe Azimut Brasil.
Nesse ambiente, as principais ações do Ibovespa operaram em forte queda. No caso da Petrobras, as preferenciais recuaram 6,73% e as ordinárias caíram 7,61%, seguindo o petróleo no exterior. No caso da Vale, a queda foi de 6,93% nas preferenciais e de 6,97% nas ordinárias, refletindo o temor de uma desaceleração da economia global - o minério de ferro registrou a sexta queda seguida nesta terça-feira.
Já as ações da JBS subiram 1,46%, apesar das mudanças na administração da empresa. Neste terça-feira, a companhia anunciou uma troca provisória em sua presidência porque Wesley Batista e Joesley Batista são alvo em investigação por fraudes em fundos de pensão. A presidência interina está sob responsabilidade de José Batista Júnior e a presidência será assumida por José Batista Sobrinho, fundador do grupo.
— Foi uma mudança positiva para a empresa. Os envolvidos foram afastados temporariamente e quem assume conhece o negócio — disse Gomes, da Azimut.
No mercado interno, os investidores repercutirem a cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha na noite de segunda-feira. O mercado monitora notícias sobre uma possível delação do ex-parlamentar e seus respingos sobre o governo de Michel Temer. Em entrevista após a cassação, na segunda-feira, Cunha negou que vá fazer delação premiada, mas culpou o governo pela perda de seu mandato.

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