terça-feira, 13 de setembro de 2016

POLÍTICA: ‘O PT fez um grande desserviço à esquerda’, diz Cyro Garcia

OGLOBO.COM.BR
POR MARCELO REMÍGIO

Candidato a prefeito do Rio pelo PSTU criticou novas regras eleitorais


RIO - Candidato a prefeito do Rio e velho conhecido nas eleições, Cyro Garcia (PSTU) prega a estatização de serviços e diz que as regras eleitorais prejudicaram a democracia.
Qual sua opinião sobre as novas regras eleitorais?
Só aprofundou a falta de democracia. Essas regras inviabilizam a nossa aparição e o nosso crescimento. Seis segundos de tempo de TV (para o PSTU) é o tamanho da democracia do processo eleitoral. E a grande questão, que foi a proibição de financiamento de empresas, não mudou nada. É só ver quem está financiando a campanha do Pedro Paulo (PMDB). São pessoas físicas de empreiteiras que se privilegiaram dos megaeventos.
Como o sr. avalia a esquerda hoje?
Lamentavelmente, o PT fez um grande desserviço à esquerda. É um partido identificado como de esquerda e, ao assumir o poder, aliou-se aos partidos tradicionais para governar para a burguesia, como fizeram os governos que o antecederam. O PT seguiu o mesmo ideário do Fernando Henrique, levou a uma decepção, a uma desesperança muito grande para os eleitores que tinham a esperança de que sua chegada ao governo poderia significar alguma mudança, e que não aconteceu. As mudanças foram pontuais, como a ampliação do Bolsa Família e de outros programas assistenciais. Na verdade, foi um aprofundamento do Comunidade Solidária que já vinha desde FH.
O sr. conseguiria governar sem lotear seu governo?
Queremos transformar o Rio para os trabalhadores. Isso significa municipalizar serviços essenciais, Educação, Saúde, Transportes e criar uma empresa municipal de obras públicas para fazer as obras necessárias. Nós não conseguiremos isso nos apoiando na Câmara. Teremos de deslocar o centro do poder para implementarmos o nosso plano de governo. O apoio não será na Câmara, e, sim, nos conselhos populares, que vão respaldar e discutir prioridades. A Câmara terá papel homologatório. Teremos de fazer a correlação de forças da sociedade prevalecer.
Caso eleito, o sr. manterá ações do atual governo?
Na Educação, o prefeito inaugura escolas sem professor e sem alunos. As Escolas do Amanhã têm capacidade para 20 turmas e estão funcionando com quatro no máximo. Na Saúde, temos falta de leitos, demora no atendimento e na marcação de consultas, deficiências nas Clínicas da Família e UPAs. No Transporte, dupla função do motorista, fim de linhas de ônibus. É muito difícil dar continuidade.
Quais os principais desafios para o novo prefeito?
Ser radical na estatização dos serviços essenciais, acabar com a farra das OSs (organizações sociais), garantir Educação pública de qualidade, construir transporte de massa sobre trilhos. Também é essencial a Segurança, embora não seja específica do prefeito, mas ele não pode se omitir.
Como o senhor pretende reduzir o desemprego e gerar renda?
Além da empresa de obras públicas, criar uma empresa de reciclagem, ampliar os concursos públicos e reduzir a jornada de trabalho sem mexer no salário dos servidores. Eu não posso ter ingerência na iniciativa privada, mas posso estimular a redução nas empresas que fazem negócios com o município. Aquelas que cumprirem com essa questão vão estar contempladas, de alguma forma, nas licitações.
O sr. está na 4ª eleição a prefeito.
Eleição não muda a vida de ninguém, é jogo de cartas marcadas. Nosso objetivo não é participar da eleição na ilusão de que com ela vamos alterar o quadro que está aí. Mas é exatamente aproveitar esse espaço para denunciar o sistema eleitoral e dizer que existe uma esquerda que não se vendeu.

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