sexta-feira, 16 de setembro de 2016

MUNDO: Opositores saem às ruas em Caracas, e órgão eleitoral adia anúncio sobre referendo

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Presidente da Assembleia Nacional acusa governo de bloquear vias deliberadamente

Policiais bloqueiam passagem de manifestação em Caracas - STRINGER / REUTERS

CARACAS — Com ruas bloqueadas e estações de metrô fechadas, a oposição venezuelana se mobilizou nesta sexta-feira em uma nova marcha para exigir a autorização da coleta de assinaturas visando um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro. Responsável pelo processo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), no entanto, suspendeu as atividades no país, gerando críticas.
Alegando ameaças, a autoridade eleitoral decidiu adiar o anúncio que deveria realizar nesta sexta-feira sobre a data e as condições para a coleta das quatro milhões de assinaturas (20% do total de eleitores) necessárias para a convocação às urnas.
O CNE argumentou que os protestos da oposição colocam em risco seus funcionários e disse que retomará a análise do tema na próxima segunda-feira, embora não tenha especificado se neste dia fará um pronunciamento definitivo.
O CNE “decidiu isto (...) diante da convocação de protestos para os arredores das sedes em todo o país, que têm sido atacadas em diversas oportunidades, desde abril deste ano”.
Segundo o Conselho Eleitoral, na quarta-feira foi iniciada “a revisão do processo de recolhimento das assinaturas de 20% do total de eleitores para a possível ativação do referendo revogatório presidencial, que deveria terminar nesta sexta-feira”, mas diante do anúncio da mobilização opositora, o tema só será retomado na segunda-feira.
— Temos conhecimento de que os anúncios preparados são inaceitáveis (...). Isso é inaceitável, uma armadilha. O povo venezuelano não vai aceitar. Qual é o medo? Se insistem com o silêncio vão ter que encontrar o povo nas ruas — atacou Jesús Torrealba, secretário da coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD).
O presidente da Assembleia Nacional, o opositor Henry Ramos Allup, denunciou o governo por dificultar a circulação das pessoas que participariam da marcha. Ele culpou o Executivo por fechar estradas de acesso a Caracas e causar um atraso intencional no metrô para evitar a manifestação. Pelo menos 13 estações foram fechadas.
— A marcha de hoje foi marcada quase de um dia para outro — disse, lamentando os bloqueios. — Em uma democracia não se deveria negociar a paz. As pessoas não deveriam passar por esse calvário, já que se manifestar é um direito.
‘CÚPULA DO POVO’
Os adversários de Maduro planejam iniciar o dia de mobilizações com um “panelaço“, no que chamaram de “cúpula do povo contra a fome e pelo revogatório”, em alusão à Cúpula de Países Não Alinhados (NOAL), realizada na Isla de Margarita (Norte da Venezuela).
— Será a anticúpula, a cúpula do povo em resposta a este esbanjamento (do NOAL) e exigindo o estabelecimento com clareza das condições para a coleta de assinaturas — disse Torrealba.
Antes da divulgação da decisão do CNE, Torrrealba havia antecipado que a falta de definições em torno da ativação do referendo motivaria ainda mais os protestos.
— Se não houver resposta (do CNE) também será um motivo para protestar (...) porque o silêncio é um desrespeito com o direito do povo venezuelano de construir uma solução pacífica, eleitoral, constitucional e democrática a este drama que estamos vivendo — acrescentou Torrealba em uma entrevista coletiva.
Estação de metrô é fechada em Caracas em dia de marcha da oposição - Reprodução Twitter

Afetada pela queda das receitas do petróleo, a Venezuela sofre uma crise econômica refletida em uma escassez de 80% dos alimentos e remédios, segundo estudos privados, e a inflação mais alta do mundo, que o FMI projeta em 720% para 2016.
As mobilizações serão realizadas após dois dias de protesto, em 1 e 7 de setembro, para exigir o revogatório. O primeiro reuniu um milhão de pessoas em Caracas, segundo a MUD, embora o governo afirme que compareceram apenas dezenas de milhares, e que neste mesmo dia mobilizou meio milhão de chavistas.
De qualquer forma, foram as maiores manifestações desde as de 2014 contra Maduro, que deixaram 43 mortos.
A de semana passada reuniu algumas milhares, seguindo a linha das convocações anteriores.

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