quarta-feira, 31 de agosto de 2016

ANÁLISE: Vigor da recuperação da economia e futuro político de Temer dependem de reformas

FOLHA.COM
RICARDO BALTHAZAR, EDITOR DE "MERCADO"

Alan Marques/ Folhapress

A enorme boa vontade que os donos do dinheiro demonstraram com Michel Temer até agora foi sustentada por dois fatores: a competência da equipe econômica que ele escolheu e a confiança na capacidade de articulação política do peemedebista.
Encerrada a batalha do impeachment de Dilma Rousseff, que teve o mandato cassado pelo Senado nesta quarta-feira (31), a paciência de empresários e investidores dependerá da rapidez com que o presidente se movimentará para justificar a confiança depositada nele, e dos resultados que ele conseguirá no Congresso.
O primeiro teste de Temer será a discussão da proposta de emenda constitucional que impõe um teto para os gastos públicos a partir do próximo ano, limitando seu crescimento à inflação do ano anterior.
Peça central do plano de arrumação das contas públicas apresentado pelo governo interino, o projeto enfrentará resistências, principalmente porque extingue dispositivos constitucionais que vinculam receitas do governo a gastos com saúde e educação.
O segundo teste será a discussão da reforma da Previdência. Sem mudança nas aposentadorias, que consomem a maior fatia das receitas do governo, os efeitos positivos que poderão ser obtidos com o teto dos gastos serão efêmeros.
É possível que o Congresso aprove o teto dos gastos ainda neste ano, mas é provável que produzirá uma versão diluída da proposta do governo. Temer promete apresentar seu projeto para a Previdência em setembro. O debate tende a se prolongar durante meses.
A demora na aprovação das reformas e o enxugamento das propostas do governo terão duas consequências: o ajuste das contas públicas tende a ficar mais difícil, e a recuperação da economia, menos vigorosa.
Como mostraram as estatísticas divulgadas pelo IBGE duas horas antes de o Senado iniciar a sessão final do processo de impeachment, o país está saindo lentamente da profunda recessão em que mergulhou há dois anos.
A aprovação das reformas com as quais Temer se comprometeu pode dar à retomada da economia o empurrão que ela precisa. A procrastinação terá efeito contrário, lançando dúvidas sobre o futuro político de Temer e dos grupos que se uniram para levá-lo ao poder.

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