quinta-feira, 5 de março de 2015

ANÁLISE: Marta: menos um para o governo no Senado

Por LEONARDO SOUZA - FOLHA.COM


Na quarta-feira da semana passada (25/02), o governo escalou cinco ministros para convencer a bancada do PT no Senado da importância da aprovação do pacote fiscal para tampar o rombo das contas públicas. Dos 14 congressistas do partido na Casa, dois não compareceram à reunião: Lindbergh Farias (RJ) e Marta Suplicy (SP).
Lindbergh não foi por questões pessoais. Precisou ir ao Rio resolver um problema familiar. O senador é contra uma série de pontos do pacote, mas entende que, feitas certas concessões, sua aprovação é importante para o país e, sobretudo, para o governo da presidente Dilma Rousseff, acossado por uma crise econômica e política talvez sem precedentes na história do país.
Nesta semana, mesmo contrariado com alguns aspectos do ajuste fiscal, Lindbergh enfrentou no Plenário o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quando este devolveu para o Palácio do Planalto a medida provisória que estabelece a revisão da desoneração da folha de pagamentos. Lindbergh acusou Renan de pôr em risco a saúde econômica do país "por causa de uma insatisfação partidária". Lindbergh faltou à reunião da bancada na semana passada, mas deixou claro que está com o governo.
Já Marta não foi ao Planalto por questões políticas. A ex-prefeita de São Paulo já manifestou publicamente, em situações diversas, sua insatisfação com o PT e com o governo de Dilma. Não esconde de ninguém o ressentimento por ter sido preterida na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes no ano passado. Por decisão de Lula, o PT saiu com Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, como candidato ao governo de São Paulo.
Marta protocolou nove emendas às duas medidas provisórias que compõem a primeira parte do pacote fiscal, que tratam do endurecimento das regras de concessão de benefícios trabalhistas como o seguro-desemprego e o abono salarial.
"Os desafios a serem enfrentados pelo governo são gigantescos, resultado do fracasso da política econômica, da falta de ações necessárias durante o agravamento da crise e, sobretudo, da falta de transparência na condução da economia", disse Marta na justificativa às suas emendas.
Marta também não esconde que está de malas prontas para deixar o PT. Só não se sabe ainda para qual legenda migraria, e em que circunstâncias.
A ausência de Marta na reunião no Planalto, com cinco ministros, tem uma leitura simples e direta: o governo não pode contar com seu voto para a aprovação do pacote fiscal. Neste momento cataclísmico no Congresso, um voto que seja pode fazer toda a diferença.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |