quinta-feira, 11 de setembro de 2014

MUNDO: Oscar Pistorius é absolvido da acusação de homicídio doloso da namorada

OGLOBO.COM.BR


Atleta paralímpico ainda pode ser considerado culpado de homicídio culposo, sem intenção de matar, o que lhe daria pena bem menor
PRETÓRIA, África do Sul - A Juíza Thokozile Masipa inocentou o atleta olímpico e paralímpico sul-africano Oscar Pistorius, de 27 anos, da acusação de assassinato doloso (intencional), dizendo que não foram reunidas provas suficientes de que ele teria previsto que poderia matar alguém na noite em que atirou em sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp. Livre da acusação de homicídio doloso, Pistorius não corre risco de ser condenado à prisão perpétua. Mas ainda pode ser enquadrado em homicídio culposo, o que lhe imputaria pena bem menor do que se esperava no início do processo.
"É evidente que ele subjetivamente não previu isso como uma possibilidade de que iria matar a pessoa por trás da porta, e muito menos a falecida, já que ele pensou que ela estava no quarto", afirmou a juíza Masipa a um tribunal lotado. Enquanto a juíza proferia sua decisão em relação à acusação de homicídio doloso, Pistorius chorava. As lágrimas escorriam pelo rosto do atleta.
A conclusão do julgamento ficou para sexta-feira. Depois de ler a sentença relativa à acusação de homicídio doloso, a juíza determinou intervalo para almoço. Na volta, decidiu deixar para o dia seguinte o restante do procedimento. A tendência, segundo a imprensa sul-africana, é de que Masipa considere Pistorius culpado por homicídio culposo, sem intenção para matar. Ela teria dado sinais de que vai considerar o atleta negligente no caso.
RELEMBRE O CASO
Pistorius é réu confesso. Ele admite ter disparado dois tiros contra Reeva, mas sustenta que se confundiu e pensou que se tratasse de um ladrão que tivesse invadido a casa. A então namorada de Pistorius, também sul-africana, foi morta quando estava no banheiro, de madrugada. Os tiros foram disparados do corredor, do lado de fora, e as balas atravessaram a porta, que estava fechada. Pistorius mantém sua versão de que imaginou que ela estivesse na cama. O crime aconteceu na casa do atleta, num condomínio de luxo em Pretória, na África do Sul.
O assassinato de Reeva, ocorrido na madrugada do Dia dos Namorados (o Valentine's Day, 14 de fevereiro), chocou a opinião pública sul-africana e teve repercussão mundial. Segundo a acusação, Pistorius teve uma briga com a então namorada e o crime teria sido cometido por ciúmes, já que Reeva teria voltado a falar com um antigo namorado. Ainda de acordo com a promotoria, Pistorius tinha o hábito de treinar tiros e guardava armas de fogo em casa.
O atleta considerou na ocasião a morte de Reeva como "um acidente devastador". Ele dizia que amava a namorada e lamentou que tenha tirado a vida dela.
Pistorius chegou a ser preso, mas oito dias depois do crime ganhou direito a aguardar o julgamento em liberdade. Ele pagou fiança de US$ 113 mil (cerca de R$ 220 mil, em valor da época).
'BLADE RUNNER'
Amputado das duas pernas, Pistorius quebrou recordes e era o principal nome do atletismo paralímpico internacional na época do crime. Por causa das próteses de fibra de carbono que usava para correr, que pareciam lâminas, ganhou o apelido de "Blade Runner". Ídolo na África do Sul, ele fez história em 2012, quando se tornou o primeiro amputado a competir nos Jogos Olímpicos, e chegou às semifinais dos 400 metros em Londres.
É dono de oito medalhas em Paralimpíadas, sendo seis de ouro. Entre suas maiores conquistas, como símbolo de reconhecimento a tudo que representava, recebeu o Prêmio Laureus dedicado a Atletas Paralímpicos, na edição de 2012. Nos Jogos Paralímpicos daquele ano, conquistou o ouro nos 400 metros. Mas sofreu, na mesma edição, em Londres, sua primeira derrota, em nove anos, em provas de mais de 200 metros. Na ocasião, o vencedor foi o brasileiro Alan Fonteles, cujo legitimidade do triunfo Pistorius questionou após a corrida. A alegação foi de que Fonteles teria usado próteses maiores e por isso teria levado vantagem. Mais tarde o sul-africano pediu desculpas ao rival.
Reeva Steenkamp era uma modelo muito conhecida na África do Sul. Ela começou a namorar Pistorius três meses antes de morrer. Sua fama aumentou depois de participar de um reality show de TV chamado Ilha do Tesouro Tropical. Em entrevista na semana anterior ao crime, Reeva tinha descrito Pistorius como um "homem impecável, que sempre tem os melhores interesses no coração". Nas 24 horas anteriores à sua morte, tinha escrito em sua conta no Twitter que estava empolgada com a chegada do Dia dos Namorados. Reeva morreu aos 29 anos.
Reeva Steenkamp, namorada morta por Oscar Pistorius, posa para foto no reality show Tropika Island of Treasure, que a fez famosa na África do Sul - / AP

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