sexta-feira, 12 de setembro de 2014

ECONOMIA: Eleições fazem dólar subir para R$ 2,3360, maior patamar em mais de 5 meses

OGLOBO.COM.BR
POR ANA PAULA RIBEIRO

Ações da Petrobras caem mais de 5% e Ibovespa fecha abaixo dos 57 mil pontos
Foto - / Bloomberg News
SÃO PAULO - O dólar comercial registrou forte avanço nesta sexta-feira em meio ao fortalecimento das intenções de voto para a presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa eleitoral. A moeda americana registrou alta de 1,56%, chegando a R$ 2,3340 na compra e a R$ 2,3360 na venda, maior valor de fechamento desde 19 de março. Essa também é a maior alta em um só dia desde 17 de julho. Na máxima do pregão, a divisa chegou a R$ 2,3450, a maior cotação desde o dia 20 de março, quando a cotação atingiu R$ 2,3580. Na semana, a divisa acumula uma alta de 4,3%. O mercado acionário também foi pressionado pelo cenário político, o que fez o Ibovespa, principal índice do mercado local, cair 2,42%, aos 56.927 pontos. No acumulado da semana o indicador despencou 6,2%.
Na avaliação do gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, a escalada da moeda americana está atrelada ao fortalecimento das intenções de voto para a presidente Dilma na pesquisa CNI/Ibope, divulgada na manhã dessa sexta-feira.
— Há um empate técnico no segundo turno. O mercado está se protegendo em relação a essa possibilidade — afirmou, lembrando que os operadores dos mercados financeiros têm sido favoráveis a uma mudança de governo.
Galhardo, no entanto, não acredita em uma intervenção do Banco Central (BC) para tentar conter a moeda. Para ele, isso só aconteceria se de uma forma muita rápida a cotação ultrapassar os R$ 2,35. No máximo, ele acredita em um aumento na rolagem dos contratos de swap (que equivalem a uma venda de moeda) que vencem em 1º de outubro. O BC anunciou a rolagem de 6 mil contratos ao dia, o que equivale a cerca de 70% do total a vencer.
Além do cenário eleitoral, o economista Ricardo Gomes da Silva Filho, da Correparti Corretora de Câmbio, lembra que as moedas de países emergentes estão pressionadas com a possibilidade de uma antecipação do aumento de juros nos Estados Unidos. O comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) se reúne na próxima semana, com um pano de fundo geopolítico. “Em um momento de recrudescimento das tensões entre os Estados Unidos e o Estado Islâmico, os agentes aguardam ansiosos as próximas sinalizações na política monetária americana”, afirmou, em relatório.
O gestor da FCL Capital, Fernando Araújo, lembrou ainda que o real está muito apreciado, o que justificou parte dessa alta. Para ele, apesar do impacto de curto prazo no mercado de câmbio tenha influência das pesquisas eleitorais, a cotação irá subir, independente de quem ganhe as eleições de outubro.
— O real é um dos ativos brasileiros com preço mais errado. Esse câmbio ainda vai subir muito, não importando quem ganhe as eleições — afirmou, reforçando a possibilidade de redução do diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos.
BOLSA EM QUEDA
O mercado acionário também sentiu a nova pesquisa eleitoral. Em sua parte críticos da política econômica do governo atual, os investidores em geral reagem com mau humor a notícias favoráveis à reeleição da presidente, castigando mais os papéis de estatais. Outro fator que pesa é o vencimento das opções sobre ações que ocorre na próxima segunda-feira. Os investidores têm até o final do pregão para acertar as suas posições de compra e venda a preços previamente estabelecidos, o que gera pressão sobre as negociações dessa sexta-feira, principalmente nas ações de maior liquidez, como Vale e Petrobras.
As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras eram negociadas com queda de 5,46% e as ordinárias (com direito a voto) recuavam 5,16%. Já os papéis do Banco do Brasil recuam 3,08%. Já as ações da Vale, exportadora de minério de ferro, foram beneficiadas pelo aumento da cotação do dólar. Os papéis sem direito a voto da mineradora terminaram o pregão em alta de 0,68% e os com avançaram 0,59%. Usiminas, também exportadora, teve alta de 2,16%, a maior do pregão.
O cenário político colocou os indicadores econômicos em segundo plano. Nessa sexta-feira, o Banco Central divulgou que a economia brasileira registrou um crescimento de 1,5% ante o mês anterior, o melhor resultado em seis anos e uma expansão acima do esperado.
Araújo, da FLC, lembra que apenas dois fatores externos podem afetar de forma significativa a Bolsa brasileira, superando o efeito eleitoral. O primeiro seria algum tipo de ruptura na China, com uma desaceleração da economia asiática mais forte do que o esperado. A outra seria o Fed começar a elevar os juros de forma imediata.
PRESSÕES GEOPOLÍTICAS
Já no cenário internacional, os mercados estão com tendência de queda devido a fatores geopolíticos. Um novo pacote de sanções entrou em vigor nessa sexta-feira contra a Rússia, que limitou financiamentos a petrolíferas do país e empresas do setor de defesa. "Foram ainda incluídas mais empresas que não podem exportar para a União Europeia e mais 24 russos foram incluídos na lista de pessoas sancionadas", explicaram, em relatório, os analistas da Yield Capital.
Na Europa, os principais indicadores do mercado acionário operam em direções distintas. O DAX, de Frankfurt, fechou em queda de 0,41% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, fechou praticamente estável, com pequena variação positiva de 0,02%. Já o FTSE, de Londres, tem alta de 0,11%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones fechou em queda de 0,36% e o Nasdaq recuou 0,53%.

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