quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ELEIÇÕES: Marina eleva tom contra adversários e critica ‘campanha de medo’

De OGLOBO.COM.BR
POR FLÁVIO ILHA

Ex-senadora acusou os adversários de estarem espalhando ‘algumas mentiras’ sobre seu possível governo
Marina Silva entre Beto Albuquerque e Pedro Simon - / Divulgação
ESTEIO (RS) – A candidata à Presidência pelo PSB, Marina Silva, elevou o tom das críticas a seus adversários nesta quinta-feira durante visita a uma feira agropecuária na região metropolitana de Porto Alegre. Marina acusou os adversários de estarem espalhando “algumas mentiras” sobre seu governo caso vença a disputa, entre elas a de que vai acabar com o Bolsa-Família.
Marina também criticou a “campanha de medo” que, segundo ela, está sendo associada a seu nome nesta reta final da campanha eleitoral. As declarações ocorreram um dia depois de duas pesquisas de intenção de voto detectarem uma freada no movimento ascendente da candidata em relação a seus adversários.
— Acho que um movimento tão bonito como esse que está sendo feito pelos brasileiros nos deve encher de coragem e de esperança. Essa história de medo, durante 30 anos eu vi as pessoas fazendo contra o Lula. E eu acreditava e continuo acreditando que a esperança já venceu o medo. E não adianta querer ressuscitá-lo — disse.
Marina voltou a usar expressões religiosas durante a entrevista ao dizer que não vai atacar pessoalmente seus adversários e que “dará a outra face”.
— Eu tenho repetido que eu quero oferecer a outra face. Para a face da incompreensão, a compreensão. Para a face de algumas mentiras que estão sendo ditas contra mim, a verdade. Para a face do medo, a esperança — rebateu.
Sobre o Bolsa-Família, afirmou que os boatos visam desestabilizá-la diante de eleitores mais pobres e de regiões mais distantes dos grandes centros.
— Está sendo espalhado no Brasil inteiro de que se nós ganharmos vamos acabar com o Bolsa Família. Imagine se uma pessoa que foi analfabeta até os 16 anos, que passou as agruras que eu passei no meio daquela floresta, que teve cinco malárias e três hepatites, que viu a fome assolando a vida da minha família, se eu iria prejudicar as pessoas que fazem parte da minha origem. Essa é uma das inverdades – acusou.
A candidata também criticou as especulações de que poderia não terminar seu mandato devido à eventual falta de apoio no Congresso, chamando a estratégia de “pequena”.
— É preciso colocar o olhar naquilo que nos faz maiores do que já somos, e não ficar nos apequenando. Por exemplo, essa história de que se ganha (a eleição) alguém que vem de um movimento da sociedade, alguém que não é em função das estruturas do dinheiro, do tempo de televisão, dos partidos poderosos, de que (essa pessoa) poderá ser cassada. Eu acredito na democracia brasileira, eu acredito que a esperança já venceu o medo — afirmou.
E mencionou diretamente a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição:
— Se a Dilma ganhar, ela vai achar que ganhou pela ação dos partidos que tem, das lideranças políticas, do Collor ao Sarney, do Sarney ao Maluf, dos 11 minutos de televisão que conseguiu, uma parte em troca de ministérios, entregando um pedaço do Estado por alguns minutos de televisão. A mesma coisa é o PSDB, com suas estruturas. Nós vamos creditar nossa vitória ao cidadão brasileiro, que teve uma nova postura — disse.
A visita de Marina serviu para aplainar o terreno da candidata junto ao agronegócio gaúcho. Organizada pelo candidato a vice, Beto Albuquerque, a agenda incluiu uma reunião de mais de uma hora com a diretoria da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), onde foram discutidas as posições da candidata em relação a temas sensíveis, como demarcação de terras indígenas, código florestal e transgênicos.
Marina garantiu “segurança jurídica” aos produtores e disse que os investimentos requerem “confiança”. Segundo ela, os investidores estão retraídos devido à má gestão econômica do governo, especialmente em relação à política de “preços administrados artificialmente controlados” que tem servido para “mascarar a inflação”. A candidata disse que não tem preconceito com parcerias público-privadas e criticou a qualidade dos investimentos públicos que, segundo ela, são destinados “a meia dúzia de escolhidos”.
— Fazendo as escolhas certas o Brasil vai sim voltar a crescer. E já dá sinais dessa vitalidade porque o maior investimento que se pode fazer hoje é recuperar a credibilidade — ironizou.
Marina também criticou Dilma e Aécio duas vezes por ainda não terem apresentados seus programas de governo à Nação, mas apenas “pontos genéricos”.
A candidata foi bastante assediada pelo público da feira durante uma caminhada rápida entre a sede da Farsul e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag). Mas também foi hostilizada por um pequeno grupo de sindicalistas que a chamou de “homofóbica” e “fundamentalista”. O grupo, vinculado ao Sindicato dos Bancários, ostentava uma faixa em defesa dos direitos dos homossexuais.

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