quarta-feira, 14 de maio de 2014

MUNDO: Turquia corre contra o tempo para salvar operários presos em mina

De OGLOBO.COM.BR
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Estima-se que mais de 120 trabalhadores continuam desaparecidos nas galerias; número de mortos sobe para 245
Multidão protesta contra acidente; sindicatos convocam greve-geral para quinta-feira
Premier anuncia luto nacional de três dias
Equipes de emergência resgatam trabalhador preso na mina em Soma, Oeste da Turquia Emrah Gurel / AP
ISTAMBUL — Equipes de resgate continuam nesta quarta-feira uma busca desesperada por sobreviventes da explosão em uma mina de carvão na Turquia, que deixou pelo menos 245 mortos, entre eles um menino de 15 anos, provocando revolta da população turca. O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan anunciou três dias de luto nacional no que deve ser o pior desastre de mineração na História do país.
Dos 787 operários que estavam na mina, na cidade de Soma, 363 foram resgatados com vida depois da tragédia. Estima-se que mais de 120 trabalhadores continuam presos nos escombros das galerias, a centenas de metros de profundidade.
O drama comoveu o país e desencadeou críticas ao governo, acusado de não monitorar a segurança na indústria da mineração. Manifestações de estudantes foram organizadas em Ancara e Istambul, causando confrontos entre os manifestantes e a polícia.
Em Istambul, manifestantes mobilizaram-se perto dos escritórios da Soma Holdings, proprietária da mina, aos gritos de “assassinos”. Em Soma, em frente à sede do partido governista Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), uma multidão chamou o premier de assassino e ladrão. Pedras foram lançadas pelos manifestantes, e a polícia respondeu com jatos de água e gás lacrimogênio. Sindicatos turcos convocaram uma greve-geral para esta quinta-feira em protesto pelo acidente.
Incêndio continua
As quatro equipes de emergência enfrentam dificuldades nos trabalhos de resgate por causa das chamas que ainda atingem a mina. Muitos trabalhadores conseguiram escapar, mas outros ficaram retidos em uma área isolada, segundo um mineiro que pediu anonimato. Entre os 80 resgatados feridos, quatro em estado grave.
— A esperança de encontrar sobreviventes na mina diminui, mas vamos continuar até o fim — afirmou em Soma, distrito de Manisa, o ministro da Energia e dos Recursos Naturais, Taner Yildiz. — O incêndio continua na mina, o que dificulta as tarefas de resgate.
De acordo com informações da imprensa local, seis mineiros foram retirados com vida nesta quarta-feira, mas não se sabe o estado de saúde das vítimas.
— O balanço de mortos, que já é muito alto, está se aproximando de um nível muito inquietante. Se aconteceu alguma negligência, não vamos fazer vista grossa. Faremos todo o necessário, incluindo medidas administrativas e legais — disse Yildiz.
A explosão aconteceu na terça-feira por volta das 3h30m (9h30 de Brasília), aparentemente provocada por uma falha elétrica em um transformador. O primeiro-ministro, que cancelou uma visita de trabalho a Albânia, pretende visitar o local da tragédia nesta quarta-feira.
Durante a noite, centenas de trabalhadores das equipes de resgate retiraram aos poucos os feridos, muitos deles com problemas respiratórios. Parentes e amigos esperavam, angustiados, notícias das vítimas.
Vedat Didari, especialista em indústria mineradora, explicou que o principal risco é a falta de oxigênio.
— Se os ventiladores não funcionarem, os mineiros podem morrer em uma hora — disse Didari, da Universidade Bulent Ecevit, em Zonguldak.
Trabalhadores criticam falta de segurança
O ministério turco do Trabalho e Previdência Social informou que a mina passou por uma inspeção em 17 de março e respeitava as normas de segurança. Mas a informação foi rebatida por trabalhadores.
— Não existe nenhuma segurança nesta mina. Os sindicatos são marionetes e a direção pensa apenas no dinheiro —disse o mineiro Oktay Berrin.
— As pessoas estão morrendo ali dentro, outras estão feridas, e tudo por uma questão de dinheiro — criticou, irritado, Turgut Sidal.
As explosões em minas de carvão são comuns na Turquia, principalmente no setor privado, que, em muitos casos, não respeita as regras de segurança. O acidente mais grave aconteceu em 1992, quando 236 mineiros perderam a vida em uma explosão de gás na mina de Zonguldak.
O distrito de Soma, que tem cerca de 100 mil habitantes, é um dos principais centros de extração de lignito (carvão fóssil), a principal atividade da região.

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