quinta-feira, 15 de maio de 2014

COMENTÁRIO: Pânico na Câmara

Por Samuel Celestino - A Tarde

A “Operação 13 de maio”, deflagrada pela Polícia Federal na última terça feira, além de prender prefeitos, ex-prefeitos e secretários municipais no interior baiano por desvios de recursos públicos, estimados em R$80 milhões, alcançou, não por acaso, o deputado Luiz Argolo, do SDD. Este parlamentar está no noticiário de há muito, envolvido com o doleiro Alberto Youssef, que se encontra preso. Ligações constantes entre eles, inclusive “declarações de amor”, marcam o relacionamento. O mandato de Argolo está por um fio, e dificilmente deixará de ser cassado pela Comissão de Ética da Câmara, cujo processo já foi aberto. A Polícia Federal, para aprofundar as investigações, irá depender do Supremo Tribunal Federal, em razão do fórum privilegiado do parlamentar.
O deputado baiano, no início das denúncias, negou o seu envolvimento, mas tantas foram as denúncias da sua participação com o doleiro que cansou na negativa, desapareceu, reapareceu e silenciou. Sabe que não lhe cabem alternativas a não ser a cassação e, possivelmente, condenação pelos crimes cometidos. Na “Operação 13 de Maio”, o nome de Luiz Argolo foi encontrado na empresa “União Brasil de Transportes e Serviços.” Uma empresa que, pelo registro do nome, serve para qualquer negócio.
Recebeu dinheiro do doleiro amigo; também da Câmara dos Deputados –R$41.600 – para cobrir “vantagens indenizatórias”; descobriu-se que tinha registrado na tal empresa 56 veículos e seus sócios são possivelmente “laranjas”. Um deles, João Batista, é seu “assessor” na Câmara. A PF descobriu que se trata de um homem simples, que mora no interior da Bahia em casa também simples, e se sustenta vendendo cervejas, refrigerantes e salgadinhos. 
Este deputado que se diz batizado pelo grande sanfoneiro Luiz Gonzaga, daí o seu primeiro nome, tem uma história surpreendente. Filho de família rica, nas proximidades do município de Esplanada, está na Câmara já no terceiro mandato. Era muito jovem quando se elegeu e não se sabe de um único projeto por ele apresentado, a não ser os seus próprios, para usufruir vantagens como parlamentar. Passou a conviver com o que havia de pior na política e em torno dela. Ao perder o mandato, dado como certo na Comissão de Ética, ficará impossibilitado de retornar à política por oito anos, se seu destino não for mesmo a Papuda ou outro sistema prisional.
Como o envolvimento com o doleiro Youssef e provavelmente também com o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, que teria desviado muitos milhões com a superfaturação de contratos da petroleira, há uma expectativa em Brasília e, principalmente, na área política, que tanto um como outro, na medida em que estão encurralados, possam optar como última alternativa pela delação premiada. Com isso, desconfia-se que envolverão muitos parlamentares e até ministros, de modo a obterem uma pena menor. É claro que Argolo não escaparia, mas, de certo modo, até seria desnecessário diante das informações que já se tem sobre as estripulias praticadas pelo parlamentar batizado pelo velho e extraordinário rei do baião. 
Os diálogos que a Polícia Federal gravou entre o doleiro e o deputado alimentam um processo apreciável. Eram abertos, sempre com ele pedindo, inclusive pagamentos de bezerros para a sua fazenda. Por ser um político apagado, estranhou-se por essas bandas do seu envolvimento, embora sendo um político apático que se destacou não na Câmara, mas sim como agente intermediário de corrupções. Como provavelmente será cassado, outras denúncias surgirão e sua situação em muito ficará pior. Espera-se um posicionamento do STF que provavelmente não demorará, assim como o pedido de delação premiada do ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Youssef, se, de fato, eles resolverem falar, para pânico de deputados corruptos que tenham também ligações com eles. Fala-se em mais de 100.

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