terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

ECONOMIA: Em dia de discurso da nova presidente do Fed, dólar recua e fecha a R$ 2,40; Bolsa subiu 1,58%

De OGLOBO.COM.BR
JOÃO SORIMA NETO (EMAIL)
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Janet Yellen sinalizou que os juros devem continuar baixos nos EUA, o que agradou aos investidores
No exterior, Bolsas também tiveram dia de ganhos
SÃO PAULO - Num dia em que o mercado manteve sua atenção voltada para o primeiro discurso de Janet Yellen, a nova presidente do Federal Reserve (o banco central americano), o dólar comercial se desvalorizou frente ao real. A moeda americana fechou em queda de 0,16%, sendo negociada a R$ 2,400 na compra e R$ 2,402 na venda, mantendo o patamar de R$ 2,40. Na mínima, a divisa foi negociada a R$ 2,398 (queda de 0,33%) e, na máxima, subiu a R$ 2,419 (alta de 0,54%). Janet Yellen discursou no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes e foi sabatinada. Segundo analistas, seu discurso não trouxe sinais de mudanças na condução da política monetária nos EUA, o que na prática significa que os juros devem continuar baixos por um período mais longo. Isso agradou o mercado.
De acordo com Janet Yellen, o compromisso do Fed continua sendo de manter os juros baixos para impulsionar a economia, mesmo com taxa de desemprego abaixo de 6,5%. O ritmo de redução dos estímulos dever ser mantido em US$ 10 bilhões a cada reunião, desde que inflação e emprego evoluam de acordo com o esperado pelo banco central americano. Ou seja, a retirada dos estímulos continuará sendo feita de forma gradual. O Fed já reduziu a compra em US$ 20 bilhões: de US$ 85 bilhões para US$ 65 bilhões.
- O discurso de Yellen não trouxe novidades, e isso animou o mercado. Chamou a atenção o fato de o Fed sinalizar que os juros vão continuar baixos por um período longo, e não devem subir este ano. Ou seja, não haverá mudança radical na condução da política monetária, o que agradou aos investidores. Os juros nos EUA estão entre zero e 0,25% ao ano - diz o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos.
Nos Estados Unidos, os principais índices acionários apresentavam alta expressiva, no fim da tarde, diante das palavras de Yellen. O S&P500 subia 0,99%; o Dow Jones se valorizava 1,15% e o Nasdaq tinha alta de 0,94%.
Para o economista Rodolfo Oliveira, analista de economia internacional da consultoria Tendências, o discurso de Yellen não trouxe mudanças - e portanto, incertezas - em relação à postura que o Fed vinha tendo na retirada dos estímulos. A presidente do Fed confirmou que a economia americana cresce, mas ainda há problemas.
- O mercado de trabalho ainda não atingiu o pleno emprego, a inflação está abaixo da meta (2%), e a demanda poderia estar mais forte. Vale destacar, que a nova presidente do Fed defendeu a postura da instituição até agora (estimulando a economia através da compra de títulos) e mantendo os juros baixos. Ela atribuiu a recuperação do país a esses fatores, e o mercado reagiu positivamente - afirma Oliveira, da Tendências.
BC fez duas intervenções no câmbio
Por aqui, os leilões de contratos de swap cambial tradicional que o Banco Central fez pela manhã, ajudaram na desvalorização do dólar. O leilão equivale a uma operação de venda de dólares no mercado futuro. Foram ofertados 4 mil contratos, o equivalente a US$ 196,9 milhões. Também foram rolados mais 10,5 mil contratos que vencem em março, e somaram US$ 515,6 milhões. Após os leilões, o dólar mudou de direção e passou a subir. Só na reta final do pregão voltou a se desvalorizar.
- O discurso da nova presidente do Fed não teve impacto no comportamento do dólar por aqui. Pela manhã, além dos leilões do BC, houve fluxo de entrada de dólares, e a moeda americana se desvalorizou. No exterior, as moedas de emergentes também se desvalorizaram pela manhã e o real seguiu este movimento - afirmou Ítalo Abucater, especialista em câmbio, da Icap Brasil.
No mercado de juros futuros, as taxas subiram acompanhando a alta dos Treasuries, títulos de dez anos do Tesouro americano. O contrato com vencimento em janeiro de 2015 subiu de 11,25% para 11,31%, enquanto a taxa do contrato com vencimento em janeiro de 2017 avançou de 12,68% para 12,76%.
Bovespa acompanha mercados externos
A Bovespa acompanhou o otimismo dos mercados externos e retomou o patamar dos 48 mil pontos nesta terça. O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, abriu em alta, inverteu o sinal logo após a divulgação do discurso de Janet Yellen, mas voltou a subir acompanhando os mercados americanos. O índice se valorizou 1,58% aos 48.462 pontos e volume negociado de R$ 6,4 bilhões.
A maior alta do pregão foi apresentada pelos papéis ordinários (com direito a voto) da Sabesp, com ganho de 8,20% a R$ 24,01, com a expectativa do mercado de que o reajuste tarifário seja divulgado em breve.
Entre os destaques de alta, também ficaram os papéis ordinários da BB Seguridade. A valorização foi de 4,26% a R$ 24,50. A companhia informou que obteve lucro líquido ajustado - sem efeitos de valores considerados extraordinários - de R$ 707,4 milhões no quarto trimestre de 2013, o que representa crescimento de 49,8% na comparação anual. Com isso, a BB Seguridade fechou seu primeiro ano de atuação com um lucro líquido total de R$ 2,3 bilhões, aumento de 28,9% na mesma base de comparação.
Em relatório, os analistas do banco Credit Suisse destacaram que o resultado veio 2% abaixo do que eles esperavam, mas 12% acima do consenso. "Pouca gente acreditava em um resultado tão forte e esperamos uma reação forte das ações", diz o relatório do banco.
Segundo o Credit Suisse, o resultado foi impactado por um efeito não recorrente, no caso, o Refis (Programa de Recuperação Fiscal, refinanciamentode débitos tributários com a União).
O Credit Suisse estima um lucro líquido de R$ 3 bilhões para a BB Seguridade em 2014.
"No final, além dos números fortes, o guidance para 2014 ajuda a sustentar nossa visão construtiva de estimativas de lucro", afirmou o relatório.
A maior queda foi dos papéis ordinários das Lojas Renner, com desvalorização de 1,28% a R$ 54,05.
As ações PNA da Vale subiram 1,08% a R$ 30,78, enquanto as ações preferenciais da Petrobras se valorizaram 2,39% a R$ 14,96. Os dois papéis ajudaram o Ibovespa a se manter em alta, avalia o analista João Pedro Brugger, da Leme.
No exterior, Bolsas em alta
Na Ásia, as principais Bolsas encerraram o dia em alta, na expectativa do discurso da nova presidente do Fed. O destaque ficou para a Bolsa de Hong Kong que teve valorização de 1,78%. Na Europa, o viés também é positivo com o índice Dax, principal da Bolsa de Frankfurt, subindo 1,90%, enquanto o índice Cac, da Bolsa de Paris, avança 1,03%.
Na contramão do discurso de Janet Yellen, o presidente do Federal Reserve da Filadélfia, Charles Plosser, disse hoje que o Fed deveria imprimir um ritmo mais intenso no corte dos estímulos. Plosser disse que os dados mais fracos de emprego em dezembro e janeiro não mudaram o panorama para a economia americana, que continua se recuperando. Também foram divulgados mais dados sobre a economia americana. A Federação Nacional das Empresas Independentes informou que a confiança das pequenas empresas americanas aumentou em janeiro, na terceira alta mensal do indicador. Já o Departamento do Comércio divulgou que os estoques no atacado avançaram em 0,3% em dezembro nos EUA. A previsão dos analistas era de uma alta maior, de 0,5%.

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