sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

ECONOMIA: Consumidor terá de pagar para sistema elétrico ser mais seguro, diz Lobão

Da FOLHA.COM
JULIA BORBA, DE BRASÍLIA

O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) afirmou que se o Brasil quiser aumentar a segurança elétrica, terá de investir mais. Esses custos, segundo ele, terão de ser pagos pelo consumidor.
"Se tivermos que ter uma sobra de energia elétrica para garantir uma segurança ainda maior do que temos hoje –e a que temos é grande e sólida - teremos de pagar por isso", disse nesta sexta-feira (14).
"Se 126 mil MW nos bastam hoje, segurança maior seria termos 130 mil MW, 150 mil MW, 200 mil MW. Quanto custaria isso? E a quem? Ao consumidor", afirmou.
Para Lobão, o Brasil possui a quantidade necessária de energia para atender seu consumo. Mas à medida que se deseje investir mais no setor, será preciso "gastar muito mais".
"O que fazemos hoje está dentro das melhores práticas internacionais. Ninguém faz melhor que o Brasil. Isso é reconhecido até pela agência internacional de energia. O Brasil é um dos modelos", reforçou.
O discurso do ministro ocorreu durante evento de posse do novo diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Reive Barros.
"Estamos sujeitos a pequenos incidentes como os outros também estão. O que não podemos admitir é o descompasso. A desordem. Isso não temos. Temos o compasso e a ordem", concluiu Lobão.
RISCO ZERO
Mais cedo, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse que nenhum sistema elétrico trabalha com "risco zero" de desabastecimento.
"Não existe [risco] zero quando você trata de probabilidade. Ninguém nunca projetou um sistema para ser [risco] zero", disse a jornalistas, questionado sobre nota de ontem do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico.
Na quinta-feira (13), o comitê, que reúne as principais autoridades do setor dentro do governo, divulgou nota dizendo, pela primeira vez, que existem riscos –mesmo que baixíssimos– de desabastecimento elétrico no país.
AVIÃO
Lobão também disse que qualquer sistema elétrico no mundo está sujeito a dificuldades.
"Um avião não é feito para cair, mas ele sazonalmente cai. O que não se pode dizer é que ele todo ano tem que cair. Assim é o sistema elétrico brasileiro", afirmou.
"Estou querendo dizer, com isso, que o nosso sistema é firme, forte e é sólido. É robusto, mas diante de circunstâncias excepcionais ele pode sofrer abalos", concluiu.
Para o ministro, o caso do apagão que atingiu cerca de seis milhões de consumidores nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste está sendo "estigmatizado". O correto, para ele, seria chamar o caso de "interrupção temporária de energia".
"Para mim aquilo [apagão] é um neologismo com intenção de estigmatizar o episódio", disse. "Eu chamo [o caso] de interrupção temporária de energia."
Segundo ele, a palavra "apagão" sequer consta nos dicionários.
"Esses acidentes, que são meros incidentes, ocorrem aqui e alhures. Aqui e no mundo todo. Não é uma deficiência do sistema elétrico brasileiro", defendeu.
De acordo com Lobão, o governo trabalha para que esses acontecimentos sejam cada vez mais escassos.
Lobão também defendeu que casos de apagão, ou de interrupção de energia, como chama, são diferentes dos casos de desabastecimento, que em sua visão, são casos de maior gravidade e duração.
SEGUNDA TENTATIVA
A informação de Zimmermann sobre o risco foi anunciada à imprensa durante a segunda tentativa da pasta, nesta semana, em reforçar publicamente que o sistema "dispõe das condições de equilíbrio estrutural necessárias para o abastecimento".
A nota do ministério, lida ontem pelo secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia Ildo Grüdtner, diz que "a não ser que ocorra uma série de vazões pior do que as já registradas, evento de baixíssima probabilidade, não são visualizadas dificuldades no suprimento de energia no país em 2014".
Segundo a nota, para todo o ano de 2014 o Ministério de Minas e Energia diz que o sistema "apresenta-se estruturalmente equilibrado" e "com sobras".
O cálculo usado para reforçar esse raciocínio considera um risco de déficit de energia de 5%, que é o valor estabelecido pelo Conselho Nacional de Política Energética. Além desse limite, portanto, haveria uma sobra de 6.200 MW médios, o equivalente a 9% da carga prevista.
Por último, considerando as previsões de chuva, o governo diz que, ao final do período úmido, em abril, os níveis de armazenamento nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste serão suficientes para garantir o suprimento energético do sistema.

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