sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

CIDADANIA: Itamaraty tentou tirar senador boliviano de embaixada em ação secreta

Do ESTADAO.COM.BR
Andreza Matais

Plano era levar Roger Pinto para Venezuela ou Nicarágua, com anuência do governo boliviano
BRASÍLIA - Numa operação secreta, o Ministério das Relações Exteriores tentou retirar o senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz, onde ficou por 450 dias aguardando o direito de se refugiar no Brasil. O plano era enviá-lo para a Venezuela ou Nicarágua, em ação acordada com o governo da Bolívia.
Reprodução
Senador conseguiu fugir de embaixada e está no Brasil
Um grupo de quatro diplomatas brasileiros discutiu o plano com os principais assessores do presidente Evo Morales num pacote que incluiria tirar o senador da embaixada brasileira em La Paz num avião da Venezuela, sem que ele soubesse qual seria seu destino, sem o salvo-conduto (autorização para deixar o país sem que isso fosse considerado uma fuga) e desde que aceitasse receber uma junta de juízes para que fosse citado em processos judiciais que responde. 
Os detalhes da operação, que livraria o governo brasileiro de se indispor com Evo Morales ao ter que abrigar o político opositor, foram confirmados ao Estado por quatro fontes e constam da sindicância administrativa aberta para investigar a conduta do diplomata Fernando Sabóia, que ajudou Pinto a fugir da Bolívia numa ação que contrariou o governo brasileiro.
O Estado apurou que diplomatas que participaram da operação secreta sob o comando do então ministro das Relações Exteriores já confirmaram a ação. O plano para tirar o senador de La Paz não deu certo porque ele não aceitou a proposta para viajar sem saber seu destino. Além disso, o presidente venezuelano Hugo Chávez morreu durante as negociações.
Processo. A sindicância que apura a participação do diplomata Fernando Sabóia na fuga do senador está na reta final. No próximo dia 18, Sabóia será ouvido. Depois de dez dias, o colegiado decidirá se instaura processo administrativo contra ele - o que pode resultar em sua demissão do serviço público - ou se encerra o caso sem punição mais severa.
Sabóia planejou e acompanhou a fuga do senador para o Brasil após completarem 15 meses de refúgio do senador na embaixada do Brasil em La Paz sem sinais de que haveria deliberação a respeito do caso pelo governo brasileiro.
Refúgio. O governo brasileiro ainda não sabe se irá conceder refúgio ao senador. O prazo vence no dia 28 de fevereiro, mas o pedido ainda está sendo analisado. O Secretário Nacional de Justiça afirmou ao Estado que Pinto pode pedir à Polícia Federal a renovação da permissão para ficar no Brasil até a decisão final do Conare, órgão do Ministério da Justiça para refugiados.
O advogado de Pinto criticou a demora, que diz causar instabilidade ao seu cliente, e acusou a politização do caso. O Estado apurou que a decisão só sai após as eleições presidenciais no Brasil.

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