quarta-feira, 20 de novembro de 2013

COMENTARIO: Caindo as máscaras

Do blog do NOBLAT
Por  Zuenir Ventura
Zuenir Ventura, O Globo
Aos poucos vão surgindo indícios de que o que antes eram vagas suspeitas existia de fato. Ao que tudo indica, as infiltrações de desordeiros mascarados nas manifestações que começaram em junho eram orquestradas por uma mistura de interesses partidários e marginais, que contratavam ativistas profissionais, remunerando-os pela agitação.
O objetivo seria desestabilizar os governos do Rio e de SP. A PM paulista, por exemplo, descobriu que a principal facção criminosa, o PCC, tinha um plano de introduzir integrantes nas passeatas, embora os manifestantes tivessem considerado a denúncia como uma manobra da polícia para criminalizar os movimentos de protesto.
No Rio, as máscaras caíram mais claramente. Algumas condutas estranhas, depois de investigadas, foram reveladoras, como a do militante Baiano, que atuou com destaque nos atos Ocupa Cabral e o Ocupa Câmara. Recolhido a uma penitenciária, acusado de depredar patrimônio público, essa é sua sétima prisão desde junho.
Nas outras vezes, foi acusado de desacato, agressão, desobediência e de atear fogo a um coletivo e a uma patrulha. Sem ocupação formal, ele se apresenta como membro não remunerado da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (Fist), constituindo assim um mistério os recursos de que dispõe para pagar fianças e viagens ao exterior.
Segundo a Seção de Fiscalização do Tráfego Internacional da PF, em 15 meses, ele viajou três vezes aos EUA. Seu advogado alega que o cliente não está ligado a partidos e que as viagens foram financiadas pela “mulher norueguesa”. Não se sabe se movida apenas por amor.
Mais contundente ainda foi a denúncia de Gordinho, 35 anos, ex-gerente do tráfico de drogas no Complexo do Alemão. Através de delação premiada, ele confessou que um dos comandos criminosos infiltrou bandidos nas manifestações para fazer quebra-quebra com a finalidade de enfraquecer o governo estadual e seu projeto de ocupação das favelas. A ideia seria parar a cidade. “Botamos o nosso povo pra se enturmar junto com eles, os playboys viciados, pra quebrar”.

Ao analisar o fenômeno, a antropóloga Alba Zaluar já tinha registrado que “jovens usuários de drogas e pequenos repassadores estão sendo pagos para participar quebrando tudo”. Como a tática dos Black Blocs e Anonimous é destruir o capitalismo estilhaçando vitrines e incendiando ônibus, nada mais oportuno do que essa aliança de ocasião com os traficantes, que, por sua vez, estão dispostos a qualquer desatino para acabar com as UPPs e sua política de pacificação.



Zuenir Ventura é jornalista.

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