terça-feira, 6 de novembro de 2012

MUNDO: Gregos entram em greve geral pela terceira vez em dois meses contra nova rodada de cortes

De OGLOBO.COM.BR
REUTERS

Transporte foi afetado, hospitais estão trabalhando com equipes de emergência e escolas e órgãos do governo amanheceram fechados nesta terça
Manifestantes iniciam greve de dois dias para tentar evitar mais cortes nos gastos sociaisSAKIS MITROLIDIS / AFP


ATENAS — Milhares de gregos começaram uma greve de 48 horas nesta terça-feira para protestar contra uma nova rodada de medidas de austeridade, que os sindicatos dizem que vai prejudicar os pobres ainda mais e levar a economia do país ao colapso.
As greves foram convocadas pelos dois principais sindicatos gregos, e é a terceira em dois meses contra os cortes de gastos e reformas que o primeiro-ministro Antonis Samaras leva ao Parlamento nesta quarta-feira, a fim de desbloquear a aprovação da ajuda internacional.
Trens, ônibus e metrô foram afetados e muitos voos foram cancelados. As escolas e os escritórios do governo permaneceram fechados. Hospitais estavam operando com equipes de emergência. Os barcos não saíram dos portos e os taxistas também não estão trabalhando.
O Governo pediu aos gregos que suportem os novos cortes para evitar a falência nacional, mas um terço do país está desempregado, os níveis de pobreza e suicídios estão aumentando e muitos estão revoltados com os políticos do país
— Eles devem ir para o inferno — disse Anais Metaxopoulou, um aposentado de 65 anos. — Deveriam me perguntar como eu me sinto quando tenho que ir à igreja para pedir comida. Não faria mal a uma mosca, mas decapitaria alguns deles — acrescentou.
Atenas precisa de aprovação parlamentar para um pacote que inclui a redução das pensões em quase um terço e descartar subsídios de férias, tudo para garantir que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional disponibilizem mais de 31 bilhões de euros (40 bilhões de dólares) em ajuda, muito do que será usado para sustentar os bancos.
A greve coincide com a votação parlamentar, que acontecerá nesta quarta-feira, quando o governo deverá obter respaldo a cortes e reformas trabalhistas que o menor partido da coalizão Samaras se recusou a apoiar.
— Nós faremos greve na terça e na quarta-feira para enviar uma mensagem para o governo: essas medidas não devem ser aprovadas — disse Nikos Kioutsoukis, secretário-geral do sindicato do setor privado GSEE, que convocou a greve junto com o sindicato setor público, ADEDY.
— É inaceitável que as pessoas têm que pagar para os fundos que os banqueiros estão recebendo do Estado —acrescentou.
A Grécia sofreu várias rodadas de austeridade, o que contribuiu para que a economia recuasse em um quinto desde o surgimento da crise da dívida, mas ainda assim não conseguiu resolver as suas finanças. A dívida pública pode chegar a cerca de 189% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano e Atenas não deve cumprir os objetivos do último resgate acordado com a troika, formada pelo FMI, Comissão Europeia e do Banco Central Europeu.
Alguns gregos dizem que os últimos cortes poderiam destruir a sociedade. — Alguém tem que dizer a eles que não há mais nada para cortar — disse Vassilis Dimosthenous, um trabalhador da construção civil de 50 anos que passou dez meses sem trabalho. — Eles fazem que o nosso dia a dia seja insuportável. Se eu fosse dez anos mais jovem, eu deixaria este lugar — acrescentou.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |